Ter e não Ter

Enganar. Possivelmente o verbo que melhor representa esta história: um emaranhado de enganos e das suas consequências, que levam a novos enganos. Tudo isto no contexto da Grande Depressão dos anos 30. Tenho ideia que não foi o livro ideal para começar a ler Ernest Hemingway. A escrita foi mais acessível do que poderia prever. Mas o enredo bastante menos apelativo do que a expectativa me levaria a crer. Sinto quase que "alguma coisa me escapou" desta leitura, porque não retive muito da mesma. Revelou-se uma leitura um pouco "arrastada".

Se Hemingway fosse um autor que eu desconhecesse, teria à partida, uma crítica depreciativa quanto ao enredo desta narrativa. Mistura várias histórias, introduzindo novas personagens, que por vezes faz perder um pouco o fio à meada. Contudo, este livro não foge ao seu género literário. Hemingway consegue aqui, mais uma vez, colocar o leitor como se também fosse uma das personagens da história, vivendo-a como se dela fizesse parte. Há segmentos da narrativa, que me fizeram lembrar ”O Velho e o Mar”, mas isso é outra história… que por mérito, ocupa uma das posições do meu TOP 20.

Hemingway não desilude nunca, não obstante este livro, "Ter e Não Ter", não ser a sua melhor obra. A "história" está bem construída mostrando-nos o lado menos bom da vida de um homem que se vê em apuros para levar uma vida decente e acaba por enveredar pelo pior dos caminhos. Não direi que seja um livro menor, mas Hemingway habituou os seus leitores a mais e melhor. Não obstante, é um livro que se lê com interesse, mesmo para quem nunca leu este autor. Não desilude.

A história retracta uma época de acentuada violência potenciada pela profunda recessão económica então vivida.

O livro leva-nos a Cuba e transborda a podridão da alma humana. A linguagem crua de Hemingway e o mar como o centro de tudo. Não é a sua melhor obra mas não deixem de ler.

Esta obra é bastante bruta na linguagem, algo que é característico de Hemingway. Um enredo de amores e desamores em que um homem procura aliviar o desconforto do excesso de monotonia da sua vida. Recomendo para quem já tenha lido algo do autor, anteriormente.