O Saque

de Joe Orton
editor: Campo das Letras, março de 2007
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"O Saque" não é apenas uma devastadora comédia de (muito maus) costumes, é um objecto farsesco que desliza para a quintessência da derisão social, o absurdo. Indestrutível mecânica de acção e um diálogo à altura da mais coruscante violência verbal inglesa iniciam-nos na descoberta deste Oscar Wilde da fina-flor da Segurança Social, do Estado Providência, da classe trabalhadora, do entulho! Um policial muito negro, em directo!

HAL Gostava de montar um bordel. (Põe as meias dentro dos sapatos.) Um bordel de duas estrelas. E se o negócio crescesse, avançava para um bordel de três estrelas. E punha no anúncio: "Recomendado pela Casa Real". Como vem na compota.
(Fay estende-lhe a farda das Voluntárias da Segunda Guerra. Hal dobra-a e põe-na no lençol.) Havia de lá ter uma preta. Não concordo com a barreira da cor. E uma tipa finlandesa. Punha-as a chonar juntas. Para realçar o contraste.
(Fay estende-lhe uma combinação. Hal coloca-a no monte.)
E havia de ter duas irlandesas. Uma católica decente. E uma protestante. E havia de fazer com que os protestantes escolhessem as católicas. E os católicos, as protestantes. Para lhes ensinar como vive a outra metade. Havia de ter uma tipa loira com o cabelo pintado de escuro. E uma tipa morena com o cabelo pintado de louro. E uma anã. E uma tipa alta de mamas grandes.
(Fay passa por cima do biombo, em sucessão rápida, um espartilho, um soutien e um par de cuecas. Hal põe tudo no monte.)
FAY Está mesmo decidido a tirar-lhe os dentes?
HAL Estou. (Pausa.) E havia de ter uma tipa francesa, uma tipa holandesa, uma tipa belga, uma tipa italiana... (Fay passa-lhe a dentadura postiça por cima do biombo) ... e uma tipa que falasse fluentemente espanhol e dançasse na perfeição aquelas danças nativas. (Faz estalar a dentadura como se fossem castanholas.) Havia de lhe chamar Consummatum Est. E havia de ser a casa de má-fama mais famosa de toda a Inglaterra.

"Acho que acredito no Pecado Original. As pessoas são profundamente más, mas infinitamente cómicas"
(Joe Orton)

O Saque

de Joe Orton

Propriedade Descrição
ISBN: 9789896251444
Editor: Campo das Letras
Data de Lançamento: março de 2007
Idioma: Português
Dimensões: 208 x 135 x 11 mm
Encadernação: Capa mole
Páginas: 168
Tipo de produto: Livro
Coleção: Campo do Teatro
Classificação temática: Livros em Português > Arte > Artes de Palco Livros em Português > Literatura > Teatro (Obra)
EAN: 9789896251444

SOBRE O AUTOR

Joe Orton

Joe Orton (1933-1967) Dramaturgo britânico.
John Kingsley Orton cresceu nos Saffron Lane Estates em Leicester, uma cidade industrial das Midlands. Depois de deixar a escola aos dezasseis anos, nunca manteve um emprego por muito tempo e voltou-se para os grupos de teatro amadores. Em 1950 conseguiu entrar para a RADA (The Royal Academy of Dramatic Art) com o apoio de uma bolsa da Câmara de Leicester onde conheceu Kenneth Halliwell, que viria a ter uma influência decisiva na sua vida futura.
Depois de 1957 Joe Orton produzia principalmente trabalhos seus, embora demorasse mais uma meia dúzia de anos a descobrir a sua voz autêntica.
A conjunta existência claustrofóbica teve uma crise em Maio de 1962 quando Orton e Halliwell foram acusados de danificar malevolamente 83 livros e arrancar 1653 ilustrações de livros de bibliotecas. Desde 1959 que, com a ajuda de Halliwell, Orton roubava livros de bibliotecas públicas, retirando imagens e usando-as para compor colagens bizarras, organizadas por Halliwell, que cobriam as paredes do quarto deles. A actividade era essencialmente uma prática subversiva e uma espécie de resposta pueril dirigida a um mundo literário que excluía Orton, apesar de, como Orton disse, "todo o lixo que era publicado". A prisão confirmou o ponto de vista que Orton tinha sobre a sociedade - "A puta velha da sociedade levantou as saias, e o fedor foi nauseabundo" - mas de algumas maneiras a experiência deve ter ajudado: "Estar na prisa", disse Orton, "trouxe distanciamento à minha escrita. Subitamente eu já não me envolvia, e a coisa funcionava". A BBC aceitou a versão radiofónica da peça "The Ruffian On The Stair", e ele começou a trabalhar numa peça maior, "Entertaining Mr. Sloane", o seu primeiro triunfo. As suas peças ("Loot", "The Good" e "Faithful Servant") conhecem enormes triunfos em Londres e na Europa.
Joe Orton morreu assassinado em 1967, tendo deixado inédita "Pelo Buraco da Fechadura".

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