O Passado
de Alan Pauls
Sobre
o LivroDepois de treze anos de amor - de um desses amores absolutos que nascem
na adolescência, modelam o mundo à sua imagem e parecem condenados à
imortalidade -, Rímini e Sofía separam-se.
Para ele, que já ronda os trinta, tudo volta a ser novo e brilhante, como o
pavimento de uma rua após um aguaceiro. Redescobre o desejo e - com a
ajuda eficaz de algumas substâncias ilícitas - lança-se desenfreadamente a
recuperar o tempo perdido. Mas a sua relação com Sofía não morreu, ou fez
apenas o que faz o amor quando finge ter terminado: mudou de forma.
E quando volta e o surpreende, emboscando-o num recanto escuro, o amor
tem o rosto do pavor. Mulher-zumbi, espectro vingador, apaixonada insone,
Sofía reaparece repetidamente no horizonte de Rímini para o reconquistar,
martirizar ou salvar-lhe a vida, arvorando as bandeiras de uma paixão
amorosa que não recua perante nada e tudo pretende controlar. Assim,
Rímini, que com a separação tinha vislumbrado a possibilidade de um
renascimento, afunda-se pouco a pouco num abismo de pesadelo ou de
comédia, num inferno em que a chantagem sentimental, a traição e o crime
são moeda corrente. Aos poucos, vai perdendo tudo: trabalho, saúde, novas
relações e até um filho, e o seu calvário sofrerá uma viragem inesperada -
talvez por ter atingido a perfeição - quando conhecer as Mulheres que Amam Demais, uma célula de terrorismo emocional que, liderada por Sofía, se
reúne para conspirar num bar chamado Adela H.
El País