Um Clarão de Luz

Não sei se pelo momento em que escolhi lê-lo, ou se mesmo por culpa da história, este é um livro que me tem custado ler. O que nem é hábito, tendo em conta a autora. No início, lia 2 ou 3 páginas, e tinha que parar, porque ficava cheia de sono. Só quando cheguei quase a meio do livro, é que percebi que a história se estava a desenrolar do fim para o início, o que ainda torna tudo mais confuso. Para além de haver várias situações e conversas paralelas misturadas e, às tantas, eu já nem sabia se aquela passagem era de uma personagem, ou de outra, e como é que tudo aquilo se ligava e fazia sentido. Tinha tudo para ser cativante, pela temática, e foi por isso que foi um dos felizes contemplados a ir lá para casa.  Mas não é um livro que entusiasme. Atrevo-me a dizer que chega a ser penoso insistir na sua leitura, e tentar chegar ao fim. Grande deceção.

Os livros da Jodi são sempre objeto de uma forte introspeção. Muito depois de os terminar, as histórias ficam e deixam marcas e voltaremos a pensar nelas uma e outra vez. Este não foi exceção. Absolutamente irrepreensível, profundo e totalmente autêntico. Jodi escreve habitualmente sobre temas fraturantes, temas que, regra geral, suscitam reações diferentes e contraditórias entre os comuns mortais. Neste caso, o tema é centrado na questão do aborto. Há uma variedade imensa e oposta de opiniões, sobre qual é efetivamente a posição correta, se o feto é uma vida e se sim, desde quando ou se não, e nesse caso, o aborto deve ser apenas e só uma escolha da mãe. Sobre isto devo referir que sou a favor da escolha. A última palavra deve ser sempre da mãe e as razões que o podem justificar, podem ser as mais variadas e mais ou menos válidas, mas são as da mãe. Uma vez mais Jodi fez um brilhante trabalho de pesquisa e apresentou-nos a questão tal como ela é, antagónica e capaz de dividir as massas. Jodi não defende a sua posição, mas mostra-nos todos os lados da questão e a conclusão é nossa. A decisão também. Nesta história, um homem armado invade uma clínica de saúde reprodutiva e dispara sobre várias pessoas, espalhando o caos e o pânico. Deixa um rasto de feridos e mortos e numa primeira análise não sabemos bem o que está por detrás desse massacre. Depois a autora fez algo que, creio eu, nunca havia feito. Começou a recuar no tempo em horas e a voltar ao início, ou seja, começamos a história ao fim do dia e vamos andando hora a hora para trás, para chegar ao ponto de partida, onde e como tudo começou. Em cada capítulo vamos sabendo um pouco de cada um dos intervenientes e no final, voltamos á atualidade e ao derradeiro desfecho. Continuo a dizer que cada livro é um poço de conhecimento e ficamos inquestionavelmente mais ricos no final, desde os ínfimos detalhes até ás questões de fundo. Naturalmente e como sempre, recomendo sem sombra de dúvida! Jodi sempre e para sempre, assim saiam mais livros!

Livro muito inteligente, que nos leva a questionar o que tinhamos como certo e a colocar o assunto sobre diferentes perspectivas. Muito interessante!

Pese embora o começo do livro seja de muita acção, o desenvolver do enredo vai-se tornando algo difícil de acompanhar com o esquema escolhido para contar a história - cada capítulo conta a perspectiva de diversas personagens, retrocedendo (e não avançando) nas várias horas do dia. Por essa razão, não correspondeu às altas expectativas a que os livros antecessores me habituaram. Em todo o caso, versa um tema pertinentemente abordado pela pena de Jodi Picoult, que, conforme é apanágio, agrega diverso conhecimento - o aborto.

Esta autora tem por norma abordar temas polémicos e este livro não lhe fica atrás. Faz-nos repensar certos conceitos e a reaprender a respeitar e aceitar os pontos de vista das outras pessoas. As personagens são envolventes e como sempre acontece com as obras de Jodi Picoult, a leitura é viciante.

Livro contagiante e impossível parar de ler. Para os fãs de Josi ela continua a manter a fáscia bem alta levantando dilemas que expõe a fragilidade humana.