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O Medo

de Al Berto
editor: Assírio & Alvim, abril de 2017
44,00€
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Agora na sua 5.ª edição, com renovada capa, «O Medo» reúne toda a poesia de Al Berto.

encosta-te à parede
deixa o fluxo da dor circular
por dentro das imagens febris — agarra o feixe
de cordas de ar — vai
pelo rastro das etéreas aves — chama-as
ao jardim imaginado e dá-lhes a beber
as visões de cinza quente

chama a noite e lança dentro dela
a águia dos mares — a flor escura do sangue
transforma-a em navio rompendo
a bruma deste inverno sem memória

deixa o corpo viajar no desalento
essa fonte do inesgotável canto — melancolia
que os remédios não curam

encosta-te à parede
escuta a inesperada mudez do talento

«regressa do túmulo dos mares do sul
enterra os dedos na penumbra que separa o dia
da noite das cidades recorda o restolhar das serpentes
a seiva lívida do loureiro estremecendo ao sentir
o rosto da criança que foste contra o tronco

na tua memória já não existem paisagens de ossos
nem pássaros nem punhais de luz dentro da insónia
a criança que em ti morreu crescendo
usou sapatos com atacadores e gravata
pela primeira vez foi ao cinema sozinha
com o olhar turvo de melancolia anda por aí
à procura de quem a queira»

O Medo

de Al Berto

Propriedade Descrição
ISBN: 978-972-37-1404-3
Editor: Assírio & Alvim
Data de Lançamento: abril de 2017
Idioma: Português
Dimensões: 175 x 247 x 40 mm
Encadernação: Capa dura
Páginas: 704
Tipo de produto: Livro
Coleção: Obras de Al Berto
Classificação temática: Livros em Português > Literatura > Poesia
EAN: 978972371404312
Idade Mínima Recomendada: Não aplicável
e e e e e

O MEDO MORA COMIGO

Augusto Gonçalves

Uma palavrinha rápida de agradecimento à Assírio & Alvim por ter reunido toda a poesia deste grande génio, Al Berto, a um preço compreensível e tentador para quem gosta de poesia como é o meu caso. Com 49 anos, Al Berto, deixou-nos fisicamente em 1997 mas deixou-nos um legado, a grandiosidade dos seus poemas. É fascinante a lindeza que esta obra contém e indispensável na biblioteca de quem ama poesia.

e e e e e

Muito bom

Catarina Neto

A poesia de Al Berto tem uma voz singular, irreverente mas de uma beleza crua. Este livro é um colosso! Recomendo aos mais progressistas

e e e e e

Uma voz poética avassaladoramente sensível

ABP

“O Medo” é a mais completa montra desta teia delicada de poemas. Neste lugar, o sensível é um verbo de uma escrita sem tréguas que se consome na sua absoluta elegância.

e e e e e

A beleza feita agressividade das palavras.

José Lopes

O privilégio de poder "devorar", numa só obra, o génio da poesia de Al Berto. Livro de leitura imprescindível, para qualquer amante de poesia, é uma fonte dos sentidos e um olhar sobre o que de melhor se escreveu, no género, em portugês. Imperdível!

e e e e e

"O" Livro

João Paulo Coelho

Em termos de poesia nacional contemporânea, este é, para mim, "O" livro. Al Berto era um génio com as palavras, e não conseguia viver sem elas. Cada dia que passava sem escrever era um lugar incompleto. Um poeta deve, parece-me, achar um meio-termo entre escrever e viver. Al Berto, no entanto, vivia a escrita, vivia dentro das palavras, e morreria se lhas tirassem. Deixou-nos, assim, esta obra poética extraordinária, e que guardo com estima.

SOBRE O AUTOR

Al Berto

Poeta e editor português, de nome completo Alberto Raposo Pidwell Tavares, nasceu a 11 de janeiro de 1948, em Coimbra, e faleceu a 13 de junho de 1997, em Lisboa. Tendo vivido até à adolescência em Sines, exilou-se, entre 1967 e 1975, em Bruxelas, dedicando-se, entre outras actividades, ao estudo de Belas-Artes. Publicou o primeiro livro dois anos depois de regressar a Portugal.
Em mais de vinte anos de atividade literária, a expressão poética assumida por Al Berto, o pseudónimo do autor, distingue-se de qualquer outra experiência contemporânea pela agressividade (lexical, metafórica, da construção do discurso) com que responde à disforia que cerca todos os passos do homem num universo que lhe é hostil. Trazendo à memória as experiências poéticas de Michaux ou de Rimbaud, é no próprio sofrimento, na sua violenta exaltação, na capacidade de o tornar insuportavelmente presente (nas imagens de uma cidade putrefacta, na obsidiante recorrência da morte e do mal, sob todas as suas formas) que a palavra encontra o seu poder exorcizante, combatendo o mal com o mal. É neste sentido que Ramos Rosa fala de uma "poesia da violência do mundo e da realidade insuportável": "a opacidade do mal ou a agressividade do mundo é tão intensa que provoca um choque e um desmoronamento geral", mas "à violência desta destruição responde o poeta com uma violenta negatividade que é uma pulsão de liberdade absoluta, que procura por todos os meios o seu espaço vital.", sublinhando ainda a forma como esta espécie de "grito de fragilidade extrema e irredutível do ser humano, do seu desamparado infinito, da sua revolta absoluta e sem esperança", se consubstancia, ao nível do estilo, num ritmo "ofegante, precipitado, como um assalto contínuo feito de palavras tão violentas como instrumentos de guerra" (cf. ROSA, António Ramos - A Parede Azul. Estudos Sobre Poesia e Artes Plásticas, Lisboa, Caminho, 1991, pp. 120-121). No domínio editorial, a sua atividade pautou-se pela isenção e certa ousadia relativamente às políticas comerciais livreiras dominantes.
Inicialmente seguindo uma estética surrealizante de temática erótica, em O Anjo Mudo (1993) funde prosa e poesia, exprime intertextualidades, numa viagem marginal e purificadora. A quase totalidade da sua obra poética encontra-se coligida em O Medo.
Foi galardoado com o Prémio Pen Club de Poesia em 1987.

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