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Todos os Poemas

de Ruy Belo
editor: Assírio & Alvim, abril de 2009
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Plano Nacional de Leitura
Livro recomendado para o Ensino Secundário como sugestão de leitura.

Esta edição segue o estabelecimento de texto efectuado por Gastão Cruz e Teresa Belo, passando o presente volume a constituir a edição de referência da poesia de Ruy Belo. Respeitou-se o critério de iniciais maiúsculas e minúsculas usado nas últimas edições de cada livro publicadas em vida do autor.

EPÍGRAFE PARA A NOSSA SOLIDÃO

Cruzámos os nossos olhos em alguma esquina
Demos civicamente os bons dias:
Chamar-nos-ão vais ver contemporâneos

«O poeta, sensível e até mais sensível porventura que os outros homens, imolou o coração à palavra, fugiu da autobiografia, tentou evitar a todo o custo a vida privada. Ai dele se não desceu à rua, se não sujou as mãos nos problemas do seu tempo, mas ai dele também se, sem esperar por uma imortalidade rotundamente incompatível com a sua condição mortal, não teve sempre os olhos postos no futuro, no dia de amanhã, quando houver mais justiça, mais beleza sobre esta terra sob a qual jazerá, finalmente tranquilo, finalmente pacífico, finalmente adormecido, finalmente senhor e súbdito do silêncio que em vão tentou apreender com palavras, finalmente disponível não já tanto para o som dos sinos como para o som dos guizos e chocalhos dos animais que comem a erva que afinal pôde crescer no solo que ele, apodrecendo, adubou com o seu corpo merecidamente morto e sepultado.»
Ruy Belo

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Um rosto no Natal, poema de Ruy Belo

UM ROSTO NO NATAL

Caiu sobre o país uma cortina de silêncio
a voz distingue o homem mas há homens que
não querem que os demais se elevem sobre os animais
e o que aos outros falta têm eles a mais
No dia de natal eu caminhava
e vi que em certo rosto havia a paz que não havia
era na multidão o rosto da justiça
um rosto que chegava até junto de mim da nicarágua
um rosto que me vinha de qualquer das indochinas
num mundo onde o homem é um lobo para o homem
e o brilho dos olhos o embacia a água
Caminhava no dia de natal
e entre muitos ombros eu pensava
em quanto homem morreu por um deus que nasceu
A minha oração fora a leitura do jornal
e por ele soubera que o deus que cria
consentia em seu dia o terramoto de manágua
e que sobre os escombros inda havia
as ornamentações da quadra de natal
Olhava aquele rosto e nesse rosto via
a gente do dinheiro que fugia em aviões fretados
e os pés gretados de homens humilhados
de pé sobre os seus pés se ainda tinham pés
ao longo de desertos descampados
Morrera nesse rosto toda uma cidade
talvez pra que às mulheres de ministros e banqueiros
se permita exercitar melhor a caridade
A aparente paz que nesse rosto havia
como que prometia a paz na indochina a paz na alma
Eu caminhava e como que dizia
àquele homem de guerra oculta pela calma:
se cais pela justiça alguém pela justiça
há-de erguer-se no sítio exacto onde caíste
e há-de levar mais longe o incontido lume
visível nesse teu olhar molhado e triste
Não temas nem sequer o não poder falar
porque fala por ti o teu olhar
Olhei mais uma vez aquele rosto era natal
é certo que o silêncio entristecia
mas não fazia mal pensei pois me bastara olhar
tal rosto para ver que alguém nascia

Ruy Belo, Todos os Poemas, Assírio & Alvim, abril de 2009, pp. 476-477

Todos os Poemas

de Ruy Belo

Propriedade Descrição
ISBN: 978-972-37-1417-3
Editor: Assírio & Alvim
Data de Lançamento: abril de 2009
Idioma: Português
Dimensões: 170 x 228 x 49 mm
Encadernação: Capa dura
Páginas: 896
Tipo de produto: Livro
Coleção: Obras de Ruy Belo
Classificação temática: Livros em Português > Literatura > Poesia
EAN: 978972371417312
Idade Mínima Recomendada: Não aplicável
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Ancorar na Poesia de Ruy Belo

LTC

Um livro obrigatório a constar na estante de qualquer ser que não consegue viver sem Poesia. Nele moram poemas que Ruy Belo, um dos poetas portugueses mais representativos e importantes, nos deixou e que com toda a certeza deixarão marcas indeléveis a quem neles ancorar.

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O melhor Ruy Belo

MA

Este livro é uma viagem cronológica pelo trabalho de Ruy Belo, contém muitos dos seus poemas mais icónicos como " Contigo aprendi coisas tão simples" e "Ácidos e óxidos". Um livro que vale definitivamente o preço tendo em conta a quantidade e qualidade do conteúdo. Contêm ma grande parte da obra do poeta , pois a sua obra é muito extensa. Um autor obrigatório da lingua portuguesa.

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UM DOS MAIORES POETAS DO SÉCULO XX

José Maria Alves

Sem esquecer Pessoa, Pascoaes e Torga, Ruy Belo foi um dos maiores poetas do século XX. Um poeta "escondido" e desconhecido da maioria dos portugueses. Ele, afinal como tantos outros, preterido por escritores de "ocasião" e "vendedores de palavras" sem substância, num país onde ser-se culto é saber falar de futebol e conhecer a vida das "estrelas" dos jornais dos borra-botas e das revistas cor-de-rosa. Ler Ruy Belo é sair do coração terceiro-mundista desta sociedade, onde se pensa que Agostinho da Silva, só porque se chama Silva, deve ter uma mercearia lá para os lados da Amadora e Cesário Verde deverá ser um arbusto, porque é verde, e Cesariny porque tem nome de futebolista poderá ser defesa central no Bayern, (Provavelmente este comentário não será aprovado, mas hoje, porque não, senti um intenso ânimo provocatório). Em síntese: Obrigatório ler Ruy Belo

SOBRE O AUTOR

Ruy Belo

Ruy Belo nasceu em Rio Maior a 27 de fevereiro de 1933. Licenciou-se em Filologia Românica e Direito pela Universidade de Lisboa, mais tarde doutorando-se em Direito Canónico pela Universidade de S. Tomás de Aquino, em Roma. Lecionou no ensino secundário e foi leitor de português na Universidade de Madrid. Abarcando a crítica irónica da realidade social e a denúncia das diversas problemáticas que equacionam o ser humano, desde a sua vivência espiritual e religiosa até ao envolvimento concreto e existencial, a sua poesia é um dos maiores marcos na literatura portuguesa. Destacam-se os livros Aquele Grande Rio Eufrates (1961), País Possível (1973) ou Toda a Terra (1976). Morreu precocemente, vítima de um edema pulmonar, a 8 de agosto de 1978.

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