Cântico Negro

Antologia Poética

de José Régio

editor: Quasi Edições, dezembro de 2005
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"Cântico Negro", poema de José Régio, contido em Poemas de Deus e do Diabo, aborda a problemática do indivíduo que anseia por sua afirmação a partir da contestação da norma e do afastamento da vivência colectiva despersonalizadora. O processo evidenciado em todo o poema resulta da incompatibilidade entre vivência coletiva e consciência individual, e seus valores respectivos, como atitudes existenciais que coexistem, mas que se excluem... Nesta antologia, superiormente organizada por Luís Adriano Carlos e valter hugo mãe, tem não só este como uma compilação dos poe¬mas mais significativos de José Régio, de en¬tre os quais se destacam: "Poemas de Deus e do Diabo", "Biografia", "As Encruzilhadas de Deus", "Fado", "Cântico Suspenso" e "Colheita da Tarde".
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CÂNTICO NEGRO

“Vem por aqui”- dizem-me alguns com olhos doces,
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: “vem por aqui”!
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos meus olhos, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali…

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
—Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre a minha Mãe.

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos…

Se ao que busco saber nenhum de vós responde,
Por que me repetis: “vem por aqui”?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
a ir por aí…

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas, e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?…
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos…

Ide! tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátrias, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios.
Eu tenho a minha Loucura!
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios…

Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: “vem por aqui”!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou…
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
—Sei que não vou por aí!

José Régio

Cântico Negro

Antologia Poética

de José Régio

Propriedade Descrição
ISBN: 9789895521258
Editor: Quasi Edições
Data de Lançamento: dezembro de 2005
Idioma: Português
Dimensões: 147 x 222 x 25 mm
Encadernação: Capa mole
Páginas: 248
Tipo de produto: Livro
Coleção: Finita Melancolia
Classificação temática: Livros em Português > Literatura > Poesia
EAN: 9789895521258
Idade Mínima Recomendada: Não aplicável
José Régio

José Régio (1901-1969) é um escritor fundamental da história da literatura portuguesa. Impondo-se como o principal mentor do movimento presencista, Régio criou uma nova postura estética e ética que dominou o panorama nacional durante longos anos. Estreando-se com o livro Poemas de Deus e do Diabo, desde logo se afirmou como uma voz única, que tem na irreverente independência criadora do poema «Cântico Negro» um sinal da sua actualidade, ao ponto de o seu «... não vou por aí!» ter entrado na linguagem comum, no que será um dos casos raros na nossa história literária.
«Diverso e uno», deixou-nos uma obra que se estende pelos vários meios da expressão literária, indo da poesia, do romance, da novela e do conto, ao teatro, ao ensaio e à crítica, passando pela obra íntima, o que faz dele o nosso mais imprescindível escritor e autor em cada género que abordou. Títulos como Poemas de Deus e do Diabo ou Biografia, na poesia; O Príncipe com Orelhas de Burro ou A Velha Casa, na ficção; Benilde ou A Virgem Mãe ou Jacob e o Anjo, no teatro; Ensaios de Interpretação Crítica, no ensaio, ou Confissão dum Homem Religioso, nos escritos íntimos, poderão ser apontados como alguns dos títulos regianos a incluir urgentemente em qualquer biblioteca.

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