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Cadernos de Lanzarote - Diário IV

de José Saramago

Livro eBook
editor: Porto Editora, outubro de 2017
Mais uma vez Saramago a contar os dias pelos dedos, e a meditar sobre os eventos, as pessoas, as paisagens, as políticas. Um ano inteiro dentro de um livro — o Diário IV — escrito na aspereza de Lanzarote, mas onde cabe o mundo que Saramago visita em cada dia, nem que seja através das notícias que lhe enviam de milhentos lugares.

Caligrafia da capa por NÉLIDA PIÑON
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Por terras de José Saramago: Azinhaga

Viver José Saramago é também viver os espaços que o escritor habitou e aqueles onde habitámos nós, também, quando lemos a sua obra. Entre o espaço ficcional e o espaço real, por vezes as fronteiras esbatem-se.
É praticamente impossível não pensarmos em Azinhaga como um lugar algures entre a imaginação do autor e a realidade das ruas. Viaje connosco por este universo que Saramago criou e de que tanto nos fala.

Este artigo foi originalmente publicado na revista Wookacontece nº8.


AZINHAGA, ENTRE SONHOS


Comecemos com uma road trip ao Ribatejo. Daqui, deste lado, partimos do Porto. Como tal, a viagem demora o suficiente para se tornar digna do nome, mas dar-nos também aquela ideia de afastamento de que precisamos, muitas vezes, para perceber que deixamos um espaço para trás e nos dirigimos a um destino. Curiosa a ideia de Azinhaga ser um destino, pois sempre nos lembramos dela como partida. Observamos a paisagem do país quais fotogramas, a mudar constantemente na janela do carro, lembrando-nos uma tecelagem com que vamos construindo, assim velozmente, um Portugal inventado. É uma viagem tranquila, curta na distância, o que nos faz suster pela medida certa o tempo em que ansiamos ver o berço do escritor. José Saramago, ilustração de Aurora Sant’Ana Moram em Azinhaga, acredita-se, pouco mais de mil e seiscentas pessoas, mais de um quarto já bem entradas na idade, espalhadas à vontade numa densidade populacional que permite abrir os braços à vontade, para depois os fechar num abraço. Quando paramos o carro em frente à delegação da Fundação José Saramago, antiga escola primária, é, contudo, um grupo grande de crianças quem nos recebe, em brincadeiras, na praça principal, trazendo à memória dos mais velhos um tempo em que na Azinhaga se confundiam as gargalhadas das crianças com o chilrear dos pássaros. Crianças pássaro, aquelas, braços a inventar aviões, sorrisos rasgados, partidas pregadas uns aos outros, quebrando o silêncio.

É aqui mesmo a nossa primeira paragem na terra onde Saramago nasceu, a 16 de novembro de 1922. No percurso deste espaço vemos primeiro uma grande imagem do escritor, à esquerda, recebem-nos sabendo ao que vamos e assim a visita se inicia. Num dos quartos, a cama dos avós de Saramago, onde lemos que se aqueciam usando o que tinham à mão, mesmo que isso fosse os leitões que criavam. Nesse quarto, pelas paredes, está presente, mais do que em qualquer espaço, o avô do escritor: «Quem imaginaria, se não existisse eu para contá-lo, que aquele Jerónimo Melrinho, analfabeto, tosco guardador de porcos, homem de silêncios, tinha um tão grande coração? Também é para o dizer que vivo». (Cadernos de Lanzarote, Vol. IV)

Em destaque encontramos as nossas lembranças de As Pequenas Memórias, quando o lemos numa única tarde, lembrando-nos de nós próprios e ficámos, após a leitura, alguns momentos a contemplar a ideia de que, como escreveu Saramago, «nós somos muito mais da terra onde nascemos do que imaginamos». Quem diria que, em Azinhaga, pensaríamos no Porto, em São Paulo, nas serras do Douro, nos nossos lugares. Saramago e a sua universalidade, que encontra uma linha imaginária entre uma aldeia do Ribatejo e a maior metrópole da América do Sul. Olhamo-nos, e não deixamos de sorrir ao pensar nisso.

Cá fora, Azinhaga seria ainda um lugar de descoberta, de paz e sossego. A poucos metros, há uma rua que nos cativa pelo número de oliveiras plantadas de um lado e do outro da estrada. Conhecemos a simbologia da oliveira, para o autor, e já iremos falar de outra, mais famosa do que estas. Por enquanto. Talvez quando o leitor ler este texto que hoje escrevemos, esteja já plantada a centésima oliveira desta rua onde Saramago brincava em criança. Por enquanto são apenas noventa e nove. Em novembro de 2022, todas ganharão nomes de personagens, exceto duas: a primeira, e a última, que terão o nome dos seus avós: Jerónimo Melrinho e Josefina Caixinha. Ou, então, não serão estes também duas personagens? Estarão Jerónimo e Josefina no mesmo fluxo da nossa consciência onde habitam Blimunda de Jesus e Tertuliano Máximo Afonso?

Em Azinhaga é possível passar pela casa onde o autor nasceu e sentarmo-nos ao lado da sua estátua de bronze, criada no largo principal da aldeia. Mas é nos passadiços do rio Almonda, lugar quase etéreo, que nos perdemos nos tempos seguintes. O passeio pedestre e ribeirinho da Azinhaga leva-nos pela margem do rio, tão mencionado no livro das grandes memórias. Por aqui, caminhamos durante um tempo impreciso, por não sabermos bem encontrá-lo entre o real e o imaginado, entre choupos, nenúfares, pequenas flores brancas e outro arvoredo que tal, encontrando, ao longo do passeio, frases de Saramago escritas em painéis de azulejos.

Em tudo nos devolve memórias que não sabíamos que tínhamos, este caminho à beira-rio. Ficamos, assim, calados em lembranças, parando para ler, sossegados, tranquilos.

Cadernos de Lanzarote - Diário IV

de José Saramago

Propriedade Descrição
ISBN: 978-972-0-04988-9
Editor: Porto Editora
Data de Lançamento: outubro de 2017
Idioma: Português
Dimensões: 142 x 210 x 21 mm
Encadernação: Capa mole
Páginas: 272
Tipo de produto: Livro
Coleção: Obras de José Saramago
Classificação temática: Livros em Português > Literatura > Memórias e Testemunhos
EAN: 978972004988910
Idade Mínima Recomendada: Não aplicável
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Único

Diogo S

Excelente para conhecer melhor os passos dados por saramago, de um ponto de vista autobiográfico

José Saramago

Prémio Nobel de Literatura, 1998

Autor de mais de 40 títulos, José Saramago nasceu em 1922, na aldeia de Azinhaga.
As noites passadas na biblioteca pública do Palácio Galveias, em Lisboa, foram fundamentais para a sua formação. «E foi aí, sem ajudas nem conselhos, apenas guiado pela curiosidade e pela vontade de aprender, que o meu gosto pela leitura se desenvolveu e apurou.»
Em 1947 publicou o seu primeiro livro que intitulou A Viúva, mas que, por razões editoriais, viria a sair com o título de Terra do Pecado. Seis anos depois, em 1953, terminaria o romance Claraboia, publicado apenas após a sua morte.
No final dos anos 50 tornou-se responsável pela produção na Editorial Estúdios Cor, função que conjugaria com a de tradutor, a partir de 1955, e de crítico literário.
Regressa à escrita em 1966 com Os Poemas Possíveis.
Em 1971 assumiu funções de editorialista no Diário de Lisboa e em abril de 1975 é nomeado diretor-adjunto do Diário de Notícias.
No princípio de 1976 instala-se no Lavre para documentar o seu projeto de escrever sobre os camponeses sem terra. Assim nasceu o romance Levantado do Chão e o modo de narrar que caracteriza a sua ficção novelesca. Até 2010, ano da sua morte, a 18 de junho, em Lanzarote, José Saramago construiu uma obra incontornável na literatura portuguesa e universal, com títulos que vão de Memorial do Convento a Caim, passando por O Ano da Morte de Ricardo Reis, O Evangelho segundo Jesus Cristo, Ensaio sobre a Cegueira, Todos os Nomes ou A Viagem do Elefante, obras traduzidas em todo o mundo.
No ano de 2007 foi criada em Lisboa uma Fundação com o seu nome, que trabalha pela difusão da literatura, pela defesa dos direitos humanos e do meio ambiente, tomando como documento orientador a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Desde 2012 a Fundação José Saramago tem a sua sede na Casa dos Bicos, em Lisboa.
José Saramago recebeu o Prémio Camões em 1995 e o Prémio Nobel de Literatura em 1998.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, condecorou postumamente, a 16 de novembro de 2021, José Saramago com o grande-colar da Ordem de Camões, pelos "serviços únicos prestados à cultura e à língua portuguesas", no arranque das comemorações do centenário do nascimento do escritor.

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