Vozes de Chernobyl

"Vozes de Chernobyl" é um livro que guarda um tesouro narrativo. Num estilo muito próprio, a autora traz-nos relatos de dor, de amor, de perda... Visões de uma realidade que aconteceu há tão pouco tempo. São palavras muito sentidas. Um livro para ler devagar e assimilar tudo o que aqueles pessoas têm para contar.

Este livro fala de um evento que marcou a história do mundo e como a ganância podem prejudicar o mundo, a tentativa de esconder algo evidente. A criação de algo que nem se sabia o que podia causar!

“A cada meia hora é preciso espremer-lhe a urina com as mãos, a urina é excretada através de orifícios pontilhados na região da vagina” Este é apenas um dos muitos testemunhos de 'chernobylianos' que compõem este livro que é um verdadeiro murro no estômago. Ficar a 'conhecer' estas pessoas que sofreram com o acidente nuclear vai muito além daquilo que achamos que sabemos sobre a tragédia. Muito além mesmo.

Existem momentos na história que apesar da passagem dos anos ainda não se encontram ultrapassados, nem compreendidos e Chernobyl é um deles. Sem dúvida este livro abre-nos os olhos para a realidade da energia nuclear e os seus perigos. E tal como a radioactividade continua e continuará por muitos séculos em Chernobyl também as suas vozes continuam neste livro.

O melhor livro não-ficção que eu alguma vez li!!! Realmente bem atribuído o prémio Nobel ¿¿ uma escrita sensacional e impactante, consegue envolver-nos do início ao fim num assunto que para muitos ainda é desconhecido..... Testemunhos reais de pessoas que sofreram e ainda sofrem com este desastre nuclear ¿¿¿ o que o governo comunista fez para que este desastre não fosse descoberto a nível Mundial e como colocou em risco máximo pessoas inocentes.... Não fala do verdadeiro motivo do reactor ter explodido mas sim das vivências que aquelas crianças, mulheres, homens, bebés ainda por nascer sofreram!!!! ¿¿¿ Recomendo a sua leitura sem dúvida esta escritora conseguiu fazer um belíssimo trabalho de campo!!!! ¿¿¿

Existem várias formas de falar do desastre de Chernobyl: livros, filmes e séries. Este é um livro fora do normal porque toda a narrativa tem como base os relatos dos sobreviventes que testemunharam tudo o que aconteceu. Dos mais céticos aos mais esperançosos, este livro dá lugar a todas as pessoas que têm algo a contar sobre a suas experiências. Recomendo para todos aqueles que querem conhecer um pouco mais sobre o desastre de Chernobyl e quais as suas consequências materiais e, principalmente, humanas que ficarão marcadas para sempre.

Livro profundamente inquietante e tocante. Não pode deixar de sentir empatia e revolta em favor de todos aqueles que sofreram neste que foi o principal desastre nuclear da história mundial. Recomendo

Já todos ouvimos falar de Chernobyl, certo? Mas quantos de nós sabem o que se passou após o desastre nuclear? Desenganem-se, não sabemos nada. “Vozes de Chernobyl” é um livro de leitura obrigatória. Mostra-nos aquilo que foi a transformação de um desastre num crime comparável (se é que podemos comparar a perda de vidas inocentes) ao Holocausto. Chernobyl foi mais do que um acidente, foi sofrimento, foi a redução do valor da vida humana a zero. Inúmeras gerações sofreram e continuam a sofrer por terem sido expostas a níveis elevadíssimos de radiação. Inúmeras pessoas lutaram para divulgar informação acerca do que se estava a passar e foram castigadas. Para os responsáveis pelo governo, divulgar essa informação significava criar uma onda de pânico que só perturbaria e difamaria o poder governamental. Svetlana Alexievich encontrou a melhor forma de dar a conhecer estes factos dando voz a quem os presenciou e ainda hoje sofre com eles. Para nós, leitores, serve como um lembrete de como os nossos problemas são tão insignificantes comparados com o sofrimento destas pessoas. Nós não sabemos nada…

Para mim o livro mais pungente que li até agora da Prémio Nobel da Literatura de 2015. Um livro onde a crueza do regime comunista, do sofrimento e do amor se mistura por vezes com o humor sarcástico de quem sabe que está tudo perdido. De longe a obra da Stevlana que mais me tocou. A ler só um livro desta grande e corajosa prémio Nobel tem que ser este, sem margem para qualquer dúvida.

Svetlana Alexievich, Nobel da Literatura em 2015, tem um estilo muito próprio: dá voz aos outros através da sua própria voz. Pelo que sei, a técnica é visível em outros seus livros, mas neste Vozes de Chernobyl o relevo que ganha é imenso. Svetlana entrevistou várias vezes mais de 500 pessoas acerca do desastre na central nuclear ucraniana em 1986. Desses depoimentos (por ela apelidados de «monólogos»), mais de 100 estão neste livro: bombeiros que lá estiveram nos primeiros dias, médicos, pais e mães, maridos e mulheres. Pessoas que sofreram na pele os efeitos de uma radiação para a qual não estavam preparadas, pessoas que viram os seus familiares morrer devagar das formas mais horríveis, pessoas que tiveram de deixar as suas casas e toda uma vida devido ao acidente. E tudo sob o olhar comprometido das autoridades soviéticas, que enviaram para o local do acidente pessoas mal preparadas e que não agiram de forma célere na evacuação. Ainda hoje, mais de 30 anos depois, Chernobyl é uma nódoa negra no nosso planeta, nódoa na qual, por efeito das radiações, ainda ninguém pode tocar nem sabe quando o poderá fazer. Vale a pena ler este livro de testemunhos, vale muito a pena. E depois investigar um pouco mais sobre algo que aconteceu longe mas que poderia acontecer mesmo aqui ao lado.

Já conhecia o estilo da escrita da autora de outra obra mas o tema das Vozes de Chernobyl é muito específico e tocante. Destaque também para a edição, muito cuidada e agradável.

Um livro tocante que, inevitavelmente, provoca empatia com os que sofreram e continuam a sofrer com o acidente. Mais do que isso, obriga-nos a reflectir sobre as narrativas que enformam a nossa visão do mundo e em que medida são construídas/manipuladas pelas estruturas de poder. A crueza e a violência destes relatos relevam o que há de melhor e o que há de pior no homem: por um lado, a capacidade empática, a capacidade de sofrer com o relato de dor a tristeza do nosso semelhante, e também sobre a capacidade de entrega daqueles que se ofereceram para minimizar os danos; por outro lado, como sentimentos mesquinhos e a própria volatilidade do indivíduo podem levar-nos à indiferença ou à passividade perante a tragédia alheia e até à desvalorização da própria vida em nome de valores duvidosamente superiores. Leitura obrigatória para quem, como eu, nasceu depois da tragédia; mas também para quem, mesmo sendo contemporâneo do acidente, quer reflectir sobre o presente.

É um livro que nos conta não só da tragédia do desastre, mas fala-nos também do pós tragédia, da doença, da morte, dos problemas relacionados com os nascimentos após o desastre e também a forma como o desastre não foi tratado com a eficácia que devia ter sido e do heroísmo dos que o combateram. A autora reuniu testemunhos de mais de 500 vítimas de Chernobyl, entre eles bombeiros, crianças, alguns habitantes locais que não desejavam deixar as suas terras e consegue assim transmitir-nos de uma forma assombrosa as suas histórias, as emoções e as memórias. Muitas vidas perderam-se e os efeitos ainda hoje afetam milhares de pessoas. Esta obra é uma homenagem às vitima se e aos sobreviventes porque aconteceu e pode voltar a acontecer...

O subtítulo é enganador. Este não é um livro sobre uma história de um desastre nuclear, e quem procura um relato "techno" dos acontecimentos de 1986 em Chernobyl ficará desiludido. Este é um livro doloroso, incómodo e amargo sobre o colapso de uma certa forma de ver e viver o mundo, sem sofismas, sem metáforas, profundamente sentido e humano. É um conjunto de relatos em primeira mão do desprezo institucional pela vida humana; de desinformação e ocultação. Da confiança e generosidade de um povo usado e abusado. Do fim da inocência. Obrigatório.

Livro que rompe com o estado de ânimo de quem o lê, soturno, real. Julgo que nenhuma passagem traduz felicidade ou alegria, a situação retratada na série de relatos, entrevistas escritas quase como monólogos de desabafo dos intervenientes, é de uma tristeza extrema. Por isso mesmo se recomenda a leitura, o choque faz questionar e questionar faz reagir.

Tocante a coragem, a defesa de valores apesar de todas as adversidades posíveis e até inimagináveis. Heróis que salvaram a Europa da contaminação radioactiva sacrificando-se. A escrita da autora é fascinante no seu realismo afectivo. Um monumento face à nossa ignorância, porventura arrogância. Já o recomendei, emprestei.

Vivi nessa época. Soube das noticias. Depois de ler estes testemunhos na primeira pessoa, de quem lá esteve, sofreu, perdeu tudo, foi enganado atirados alguns como cobaias para a morte, sinto-me também enganada, como toda a Europa se devia sentir. Um ano após Gorbachev, conspiração? Sabotagem? Ficheiros secretos. Crime. E um povo patriotico que sem informação e profundamente ludibriado defendia o seu País e o resto do mundo de um desastre pior. Herois à força talvez, talvez a falta de informação e a irresponsabilidade de um Governo Vergonhoso uma guerra invisivel contra o seu proprio povo. Svetlana teve a coragem de os ouvir de recolher e nos transparecer a raiva que persiste, o arrependimento,a impotência, a desesperança, a revolta pelo abandono e hoje pelo aproveitamento dessa desgraça. Testemunhos inesquecíveis que a autora com mestria nos impregna a alma. Todos temos que saber. Perturbador

Muito bem escrito, dá-nos uma perspectiva e um relato cru de um dos maiores desastres do tempo moderno.

A história daqueles que ficaram lá, sob o manto do desconhecido e que nem o governo soube apoiar nem proteger, mas mantiveram-se fiéis às suas raízes. Histórias emocionantes.