Vertentes do Olhar Livro
de Eugénio de Andrade
Sobre
o LivroPlano Nacional de Leitura
Livro recomendado para o Ensino Secundário como sugestão de leitura.
Composto por poemas em prosa, «Vertentes do Olhar» é composto por poemas que abarcam mais de quarenta anos de produção poética do autor. «Entre o mais antigo poema deste livro ("Fábula", 1946) e o mais recente ("A Sereia do Báltico", 1988) passaram mais de quarenta anos. É uma vida à procura de uma voz. A melodia do homem nasce dessa busca incessante: descobre-se quando nos descobrimos. Não foi fácil: desaprender custa mais do que aprender. Estarei agora, ao menos, mais perto desse dizer que ajude outros a falar?».
COM OS OLHOS
Talvez um dia. Talvez um dia alcancemos essa voz, já sem o peso da luz sobre os ombros. Os olhos chegarão então ao fim da sua tarefa; os olhos, instrumentos felizes da realidade mais real. Porque ver sempre foi tocar. Tocar uma a uma cada coisa com os olhos, antes da mão se aproximar para recolher os últimos brilhos de setembro. Vede como se afasta com fulva lentidão de tigre.
Eugénio de Andrade é único. A sua poesia, seja ela como for, é sempre maravilhosa em todos os aspectos. Transporta-nos para onde Eugénio de Andrade nos quiser levar. E nós deixamo-nos levar por ele. Sempre. Lisboa com os seus jacarandás, uma cidade do sul, uma quinta onde canta um galo e em tudo o que ele "toca" transforma-se em poesia. "era um verão vagaroso, só lá para o fim algumas folhas caíram nos canteiros.Eram escarlates, sobre o muro."
Vertentes do Olhar é um livro de poemas em prosa cheio poesia em estado puro.Com a exactidão que lhe é habitual, Eugénio de Andrade ensina-nos a olhar o mundo, com as tonalidades exteriores e interiores. Leva-nos à infância, a sua e a nossa, revisita as memórias, os amores e o tempo passa, diante dos olhos do leitor. A luz, o brilho, o silêncio e a melancolia: a vida, portanto.