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Entre a Lisboa dos últimos tempos de liceu e a Figueira da Foz do veraneio, um jovem Jorge vê-se despertar para o amor, para a sexualidade, para a realidade política e social, num momento em que a guerra civil está prestes a eclodir em Espanha e em que em Portugal a ditadura dá os seus primeiros sinais inequívocos. E, simultaneamente, este jovem descobre-se poeta.
Romance de formação que é também o retrato de uma geração no centro da turbulência que marcou a história da Península Ibérica nos anos 30, Sinais de Fogo foi publicado, inacabado, um ano após a morte do autor, em 1979, e é considerado a obra-prima deste que é um dos nomes maiores das letras portuguesas.
Dois poemas de Jorge de Sena
Jorge de Sena , um dos grandes poetas da língua portuguesa, sempre lutou pela liberdade. Ter passado pela Armada em plena Guerra Civil Espanhola, e durante a fascização do Estado Novo, foi para ele uma experiência traumática da sua adolescência, que transporia para diversos poemas e ficções, como A Grã Canária e Sinas de Fogo. Em 1959, receando as perseguições políticas resultantes de uma falhada tentativa de golpe de estado, a 11 de março desse ano, em que está envolvido, exila-se no Brasil. Aí, dedica-se ao ensino da literatura, dedicando-se livremente à escrita. Os seus anos no Brasil foram os primeiros que viveu, como adulto, em liberdade, e constituem porventura o seu período mais criativo. O golpe militar de 1964, nesse país, faz o escritor temer um regresso ao passado, pelo que, em 1965, aproveita a oportunidade de se mudar para os EUA, com a esposa e os 9 filhos de ambos.
A obra de Jorge de Sena é vasta e multifacetada, com mais de vinte coletâneas de poesia, uma tragédia em verso, uma dezena de peças, mais de 30 contos, uma novela e um romance, e cerca de quarenta volumes dedicados à crítica e ao ensaio, à história e à teoria literária e cultural, ao teatro, ao cinema e às artes plásticas.
Nestes dois poemas do novo livro Fidelidade, escritos em Portugal em 1953 («Epitáfio») e em 1956 («Quem a tem…»), Jorge de Sena expressa o seu desejo de uma vida plena e livre. O que acabaria por alcançar, para bem do legado que nos deixou.
EPITÁFIO
De mim não buscareis, que em vão vivi
de outro mais alto que em mim próprio havia.
Se em meus lugares, porém, me procurardes
o nada que encontrardes
eu sou e minha vida.
Essas palavras que em meu nome passam
nem minhas nem de altura são verdade.
Verdade foi que de alto as desejei
e que de mim só maldições cobriam.
Debaixo delas a traição se esconde,
porque demais me conheci distante
de alturas que de perto não existem.
Fui livre, como as águas, que não sobem.
Pensei ser livre, como as pedras caem.
O nada contemplei sem êxtase nem pasmo,
que o dia a dia
em que me via
ele mesmo apenas era e nada mais.
Por isso fui amado em lágrimas e prantos
do muito amor que ao nada se dedica.
Nada que fui, de mim não fica nada.
E quanto não mereço é o que me fica.
Se em meus lugares, portanto, me buscardes
o nada que encontrardes
eu sou e minha vida
«QUEM A TEM…»
Não hei-de morrer sem saber
qual a cor da liberdade.
Eu não posso senão ser
desta terra em que nasci.
Embora ao mundo pertença
e sempre a verdade vença,
qual será ser livre aqui,
não hei-de morrer sem saber.
Trocaram tudo em maldade,
É quase um crime viver.
Mas, embora escondam tudo
e me queiram cego e mudo,
Não hei-de morrer sem saber
Qual a cor da liberdade.
Jorge de Sena, Fidelidade
«Ode aos Livros que Não Posso Comprar»
ODE AOS LIVROS QUE NÃO POSSO COMPRAR
Hoje, fiz uma lista de livros,
e não tenho dinheiro para os poder comprar.
É ridículo chorar falta de dinheiro
para comprar livros,
quando a tantos ele falta para não morrerem de fome.
Mas também é certo que eu vivo ainda pior
do que a minha vida difícil,
para comprar alguns livros
sem eles, também eu morreria de fome,
porque o excesso de dificuldades na vida,
a conta, afinal certa, de traições e portas que se fecham,
os lamentos que ouço, os jornais que leio,
tudo isso eu tenho de ligar a mim profundamente,
através de quanto sentiram, ou sós, ou mal-acompanhados,
alguns outros que, se lhe falasse,
destruiriam sem piedade, às vezes só com o rosto,
quanta humanidade eu vou pacientemente juntando,
para que se não perca nas curvas da vida,
onde é tão fácil perdê-la de vista, se a curva é mais rápida.
Não posso nem sei esquecer-me de que se morre de fome,
nem de que, em breve, se morrerá de uma fome maior,
do tamanho das esperanças que ofereço ao apagar-me,
ao atribuir-me um sentido, uma ausência de mim,
capaz de permitir a unidade que uma presença destrói.
Por isso, preciso de comprar alguns livros,
uns que ninguém lê, outros que eu próprio mal lerei,
para, quando se me fechar uma porta, abrir um deles,
folheá-lo pensativo, arrumá-lo como inútil,
e sair de casa, contando os tostões que me restam,
a ver se chegam para o carro eléctrico,
até outra porta.
Jorge de Sena, 1944
Francisco Louçã declama Jorge de Sena a convite da WOOK, para celebrarmos o Dia Mundial da Poesia (2018)
Mécia de Sena (1920-2020): eis o que nunca se apaga
Mécia de Sena (1920-2020)
A esta nossa tormentosa Primavera, chega a mais outonal das notícias: a do falecimento de Dona Mécia de Sena.
Bati à porta de sua casa, em Santa Barbara, Califórnia, no 939 Randolph Road, em 1986. Pela voz e santa paciência de Mécia de Sena, eu, que julgava saber uma ou duas coisas sobre Jorge de Sena, descobri dele o imenso e brilhante lado escondido da lua.
Vi a sala onde, cercado de livros, ouvia música, a secretária a que trabalhava, a mesa a que comia. E descobri que Mécia de Sena, a par da feroz guardiã da obra desse homem com quem partilhou o amor e a vida, era também e sobretudo uma finíssima estudiosa e crítica de poesia e romance, senhora de uma cultura variegada e vastíssima. De tudo isso me falava, e de música, e de ópera, enquanto, diligente, fazia um jantar para 10 ou 14 pessoas, como quem passa manteiga numa torrada.
O seu ócio era a actividade.
A FEROZ GUARDIÃ DA OBRA DE SENA
Mécia revelou-me esse arquipélago de correspondência, acções e intervenções de um Sena imparável, mesmo quando as suas dores físicas o constrangiam, mas não vergavam.
De Mécia descobri a irradiante luz própria. E descobri a alegria simples e o riso: com ela, e com Maria de Lurdes Belchior, tive o picnic da minha vida, numa Missão Espanhola, na costa californiana, a bolinhos de bacalhau e uns inesquecíveis ovos verdes, delícia lusíada degustada com os olhos no imenso oceano que é o Pacífico. Desse encontro, resultou, mais do que uma amizade e um carinho mútuos, a minha admirada devoção por Mécia de Sena, pela sua inteligente persistência, pela sua cultura e rigor, pela descoberta da sua escrita cuidada, arrebatada, fluente e discursiva.
Nesse remoto 1986 organizámos juntos um livrinho, Sobre Cinema, reunindo todos os textos que sobre filmes Jorge de Sena escrevera.
Depois, quando me fiz editor, Mécia confiou-me as Dedicácias, e várias Correspondências de que destaco o belíssimo carteio de Jorge de Sena e Sophia de Mello Breyner Andresen, exemplo de partilha e amor poético e filosófico.
Já com Isabel de Sena, filha de Mécia e de Jorge, e desde que a idade tornara impossível a Mécia continuar a ser a guardiã literária de Sena, publiquei a Correspondência com Eugénio de Andrade e, há poucos dias, a Correspondência Jorge de Sena–João Sarmento Pimentel, na qual Isabel de Sena, que a organizou, incluiu também algumas cartas assinadas por Mécia de Sena. São, essas cartas, o testemunho do seu brilho intelectual, da sua escrita viva e da sua grandeza humana.
É um pequenino orgulho poder juntar-me a essa homenagem que a filha Isabel lhe prestou.
Morreu, no dia 28 de Março de 2020, com 100 anos, Mécia de Sena. Digo-lhe adeus, e a mim junta-se a Antónia, que logo tanto gostou de si, no encontro da Cinemateca, em Lisboa. Estou certo de que sou apenas um dos que guarda de Mécia a memória de um ser humano grande e combativo, cheio dessa graça que é a vida. Eis o que nunca se apaga.
Manuel Fonseca
Escritor e administrador da editora Guerra & Paz
Propriedade | Descrição |
---|---|
ISBN: | 978-972-38-3006-4 |
Editor: | Livros do Brasil |
Data de Lançamento: | junho de 2017 |
Idioma: | Português |
Dimensões: | 120 x 182 x 35 mm |
Encadernação: | Capa mole |
Páginas: | 632 |
Tipo de produto: | Livro |
Coleção: | Miniatura |
Classificação temática: | Livros em Português > Literatura > Romance |
EAN: | 978972383006412 |
Idade Mínima Recomendada: | Não aplicável |
Um Romance Marcante
TC
Sinais de Fogo deveria ser considerado, unanimemente, um dos melhores romances em língua portuguesa. Embora incompleto, e, por esse motivo, ligeiramente desequilibrado narrativamente, Sinais de Fogo oferece ao leitor uma visão sobre os anos 30 do século XX, em Portugal. É um romance de formação, muito marcado por reflexões e descobertas.
Figueira da Foz a ferro e fogo
Vítor B.
Uma leitura que variou entre o vertiginosa e o entediada. Algumas centenas de páginas li-as em poucos dias, outras dezenas levaram semanas. Quando algo acontece é um gosto ler, Sena sabe descrever uma ação, criar interesse em gestos simples, gerar intriga a partir de situações banais. Mas quando o narrador deambula nos seus pensamentos é um tédio. Desde logo porque pouco convincente, o personagem não é nunca coerente, mas sobretudo porque em 600 páginas nunca se cria empatia alguma com alguém por sua vez tão pouco empático com os outros. Existem no entanto páginas brilhantes, provocações audazes para a época em que foram escritas e um personagem que me conseguiu arrancar algumas gargalhadas, o tio da Figueira. É também um interessante retrato de uma época, os anos 1930's e sobretudo uma obra inacabada, podendo por isso estar a exigir demais de algo que o autor nunca publicou.
Gaiola de Vidro
José Nogueira Pinto
Mas o que nos distingue não existe. Lê-se no único romance que Jorge de Sena nos presenteou. Fui guiado por Lisboa e sobretudo pela Figueira da Foz de uma maneira fantástica acompanhando as venturas e as desventuras do jovem Jorge que nos fala, entre tantas coisas belas, da vida como de uma gaiola de vidro se tratasse. Recomendável, portanto.
"Sinais de Fogo" de Jorge de Sena
Pedro Quintela
Um poderoso retrato de uma certa juventude burguesa portuguesa, de perfil claramente urbano, durante os anos 30 do século passado, passado entre Lisboa e a Figueira da Foz. Muitíssimo bem escrito e profundamente político, Jorge de Sena aborda com mestria neste romance, as dimensões mais pessoais e íntimas/sexuais que marcaram algumas mudanças na sociedade portuguesa destes anos, com um olhar particularmente atento a aspectos de transformação sociais e políticos mais globais, decorrentes o endurecimento do Estado Novo neste período, sob a ameaça latente do eclodir da Guerra Civil espanhola. Uma última nota para referir que apesar da extensão da obra (ultrapassa as 600 páginas), esta edição de bolso revela-se relativamente fácil de manejar.
Recomendo
Tiago Silva
Um romance que retrata Portugal durante o Estado Novo e a Guerra Civil Espanhola, o papel da mulher na sociedade e os anseios e paixões de jovens adultos.
Surpresa
M.DGL
Fui aconselhada a começar por esta obra deste grande mestre de poesia. Muito bom. Vou reler.