Jornada de África
Romance de Amor e Morte do Alferes Sebastião
de Manuel Alegre
Sobre o livro
Sobre
o Livro«Jornada de África é um romance que foge aos esquemas habituais para entrelaçar epopeia e anti-epopeia, denúncia e crónica de uma guerra cruel, crónica minuciosa mas poética na intertextualidade a que o autor recorre para transmitir a sua vivência, voz de juventude sufocada que, apesar de tudo, consegue amar. E o amor por Bárbara, profundo e difícil, oferece-nos uma das mais belas cartas de amor que me recordo de ter lido.»
Maria Luisa Cusati, prefácio à edição italiana
E Sebastião aspira o ar carregado do cheiro da guerra de África, um cheiro que está no jipe onde se senta ao lado do Condutor, levando, sem querer, a mão ao pescoço. Vem de S. Salvador e Sanza Pombo, de Zala e Nambuangongo, está na farda amarrotada e também dentro dele e é talvez o mesmo cheiro de 4 de Agosto de 1578, quando se chegou à tenda d’el-rei o capitão Aldana, e com eficazes brados lhe dizia que se perdia se não desse logo batalha, que começou às dez da manhã, no princípio de todo o fervor de calma.
Relatos da guerra em Angola. As nossas guerras coloniais em Angola, Moçambique e Guiné, a epopeia salazarista e marcelista, são a grande marcada deixada em várias gerações compulsivamente participantes de 1962 a 1975 (?) . A grande maioria ainda vivos e a lutarem ainda por tudo o que esse "erro" histórico provocou. É um livro de quem lá esteve no começo do "desastre" quando reinou um caos que depois se organizou em todos os exércitos. É um livro para não esquecer os que lutaram, os que não quiseram lutar e os que lutaram contra "aquilo tudo". Os que enlouqueceram e estão esquecidos, os milhares de mortos com o nome escrito num muro ao lado da Torre de Belém ... Aquilo tudo foi mesmo assim. O autor esteve lá, até desertar. Esquecer tudo não apaga nada. E como nada "disto" é apresentado como "História de Portugal" nas páginas escolares... teremos de ler (mais este) o que Manuel Alegre escreveu.