Entre Mim e o Mundo

"Uma menina de sete anos vai para casa e, depois de terem gozando com ela na escola, pergunta aos pais: "Nós somos pretos? E o que é que isso quer dizer?" (...) "Aludiu a Doze Anos escravo, "Ali estava ele", disse, referindo-se a Solomon Northup, "Um homem de recursos. Tinha uma família. Vivia como um ser humano. E um acto racista obrigou-o a recuar. E o mesmo é verdade acerca de mim. Passei anos a construir uma carreira, a adquirir bens, a assumir responsabilidades. E bastou um acto racista. Não é preciso mais. "" (...) "Eles fizeram de nós uma raça. Nós fizemos de nós um povo." Vivências, fugas e realidades espelhadas na sociedade americana onde ser negro é morrer de uma bala perdida, de uma bala da policia ou de um gang. É uma permanente luta pela dignidade, pelo direito de se Ser. Excelente.

“Quando aceitei tanto o caos da história como o facto do meu fim total, vi-me livre para considerar como queria viver – em particular, como viver livremente neste corpo negro. É uma questão profunda, pois a América vê-se como obra de Deus, mas o corpo negro é a prova mais clara de que a América é a obra dos homens.” Num momento em que os tipos de violência estão a ressurgir na América e um pouco por todo o mundo, Ta-Nehisi Coates descreve num pequena uma das mais violentas de todas: a discriminação racial. "Entre Mim e o Mundo" é um testemunho pessoal, centrado nos acontecimentos de vida do autor para contar a história do povo negro perante o "Sonho Americano". Ser negro é o mesmo que "estar nu diante de todas as armas, punhos, facas, crack, violações e doenças" e é estar exposto à possibilidade de ser brutalmente morto pela polícia à mais pequena acusação. Este livro é, por isso, um toque perigoso no que há de mais violento na condição de afro-americano e, no fundo, de ser humano. Foi sem dúvida um dos grandes livros de 2017.