Diário de Um Zé-Ninguém

Leitura interessante. Não é excitante ou deslumbrante. É tipo "Seinfeld" dos tempos vitorianos. É sobre nada: apenas um homem escrevendo um diário. Ele e a esposa vivem vidas muito comuns de classe média, ele trabalha para uma empresa financeira, enquanto que ela fica por casa. Eles vivem das aparências, são um factor muito importante para eles, não apenas pelo seu trabalho, mas também pela sua posição na sociedade. O filho, adulto, volta a morar com eles (bem comum no mundo de hoje), e o seu estilo de vida, fala e atitude são muito diferentes dos pais. Todos eles têm amigos que aparecem para visitas sem aviso prévio. Existe um ressentimento comum em todos eles pela falta de boas maneiras dos amigos, mas ainda mantêm contacto quase constante com eles. É um grande negócio quando eles são convidados para eventos sociais porque acontece com pouca frequência. As piadas que o autor utiliza com os nomes das personagens é uma situação que nos deixa um marco neste livro (se calhar no inglês puro, seriam mais perceptíveis). Este livro celebra o mundano e não o extraordinário. Boa leitura, não mais que isso...

O diário relata vários dias sem continuidade, no dia-a-dia do Sr. Pooter que trabalha numa firma 'respeitada' e que vive numa 'humilde' casa com a sua mulher Carrie e mais tarde com o seu filho Lupin. O livro foi escrito de acordo com os anos em que se viviam, e visto que a personagem era modesta, toda a linguagem contida tinha presente a hierarquia entre sociedades e as personagens falavam entre si de modo cordial, havendo sempre a parte que dava para o torto. A parte interessante é que este diário nos extrapola para os dias de hoje e dá-nos luz sobre as redes sociais onde, os aspectos mais insignificantes, do nosso quotidiano e das nossas vidas fossem o mais importante da humanidade. Hoje em dia algumas das piadas seriam consideradas banais, mas a maior parte delas baseia-se em trocadilhos, o que até acabava por ter graça. O expoente máximo abrange o nome das personagens, que são também eles trocadilhos. Das personagens as mais faladas são Cummings e Gowing (Vir e Ir) que estavam sempre a entrar e a sair de cena.