O Pão
A superfície do pão é maravilhosa primeiro por causa desta impressão quase panorâmica que dá: como se tivesse ao dispor, sob a mão, os Alpes, o Taurus ou a Cordilheira dos Andes.
Assim pois uma massa amorfa enquanto arrota foi introduzida para nós no forno estelar, onde, endurecendo, se afeiçoou em vales, cumes, ondulações, ravinas... E todos esses planos desde então tão nitidamente articulados, essas lajes finas em que a luz aplicadamente deita os seus lumes, - sem um olhar sequer para a flacidez ignóbil subjacente.
Esse lasso e frio subsolo que se chama o miolo tem o seu tecido semelhante ao das esponjas: folhas ou flores são aí como irmãs siamesas soldadas por todos os cotovelos ao mesmo tempo. Logo que o pão endurece essas flores murcham murcham e contraem-se: destacam-se então umas das outras e a massa torna-se por isso friável.
Mas quebremo-la, calemo-nos: porque o pão deve ser a nossa boca menos objecto de respeito do que de refeição.
ISBN: | 9789728028565 |
Editor: | Cotovia |
Idioma: | Português |
Dimensões: | 130 x 204 x 10 mm |
Encadernação: | Capa mole |
Páginas: | 160 |
Tipo de produto: | Livro |
Coleção: | Poesia |
Classificação temática: | Livros em Português > Literatura > Poesia |
EAN: | 9789728028565 |
Idade Mínima Recomendada: | Não aplicável |
Não há que enganar
Emanuel Silva
Como é apanágio da Cotovia, esta edição cuidada e bilingue, para que melhor se possa acompanhar a tradução, não oferece qualquer dúvida: os melhores poemas de um dos grandes poetas franceses do século XX. Imperdível.