Pedro Mexia sai de casa

«Lá Fora» é o novo livro de Pedro Mexia
Diz-se estruturalmente nórdico, mas é Londres o seu porto seguro, o bálsamo que escolhe quando a está cansado da vida, «porque a vida às vezes cansa». Pedro Mexia lançou um novo livro de crónicas. Crónicas «feitas para pensar», prefacia António Mega Ferreira, de lugares por onde o autor passou, perto ou longe, sempre que saiu porta fora e quis juntar letras dentro.
Aqui encontramos Havana, a discoteca Lux, o Chiado, mas também Hydra – a ilha grega de Leonard Cohen ou a Festa Internacional Literária de Paraty.
Transcrevemos um excerto de «Teoria do Hotel»:
TEORIA DE HOTEL
«Quando atravesso os longos corredores de um grande hotel penso sempre em The Shinning, de Kubrick. Um grande hotel, e se não for grande nem é bem um hotel, é um hotel vazio, ou antes, potencialmente vazio, assustadoramente vazio e, no entanto, cheio de gente que aparece nos quartos, que atravessa os corredores, cheio de encontros, fatalidades, fantasmas. Em certas alturas, como agora, passo várias noites quase seguidas em hotéis, em cidades diferentes, e por mais que goste de hotéis, e gosto, experimento uma espécie de inquietação. Investiguei um pouco essa inquietação trazendo comigo para um hotel um ensaio chamado Hotel Theory (2007), de Wayne Koestenbaum, onde se diz, a certo ponto, que um hotel é uma ideia de casa e uma ideia de futuro.
Uma ideia de casa por ser o contrário de uma casa? Talvez. Um hotel é passageiro, inautêntico, hostil, alienado, nesse sentido diferente de uma casa; mas, lembra Koestenbaum, um hotel pode ser mais confortável do que uma casa, mais seguro e mais privado do que uma casa.
(…)
O horizonte num hotel, diz o autor de Hotel Theory, é a data de saída. O check out é o nosso futuro. Faz sentido. Que poderemos nós ver além disso, naqueles sítios hospitaleiros e inóspitos, imaculados e anónimos, automáticos, previsíveis, luxuosos, efémeros? (…)»

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