Retrato Dum Amigo Enquanto Falo
SINOPSE
DETALHES
Propriedade | Descrição |
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ISBN: | 9789725890011 |
Editor: | Quimera |
Data de Lançamento: | junho de 1988 |
Idioma: | Português |
Dimensões: | 128 x 209 x 7 mm |
Páginas: | 124 |
Tipo de produto: | Livro |
Classificação temática: | Livros em Português > Literatura > Outras Formas Literárias |
EAN: | 9789725890011 |
OPINIÃO DOS LEITORES
Retrato Dum Amigo Enquanto Falo de Eduarda Dionísio
Pedro Quintela
Em “Retrato dum amigo enquanto fala” Eduarda Dionísio traça um fresco de uma certa juventude de classe média urbana, marcadamente de esquerda e de oposição ao Estado Novo, e todo o complexo processo de mudança que ocorre após os anos quentes da Revolução. Adotando um registo profundamente pessoal, até mesmo íntimo, num discurso estruturado sob a forma de monólogo, num diálogo imaginário com um amigo/amante que gradualmente se vai revelando, à medida que vamos ficando a conhecer mais e mais traços da sua personalidade e modo de vida, a narradora /autora vai descrevendo uma certa paisagem cultural, social económica e política do país: da chamada Primavera Marcelista até 1978, passando pelo 25 de Abril e todas as promessas de mudança contidas no momento da revolução e nas semanas, meses e anos seguintes. Finalmente, a amargura perante o que, de forma simples e direta, podemos designar de aburguesamento de muitos dos amigos e camaradas da sua geração – que, no fundo, integraram a elite intelectual e política de centro/esquerda do país –, descrevendo, de forma dura, como se dá este afastamento gradual e, na prática, a incomunicação e o desapontamento. “Muitas vezes as traições sabem-se nos jornais, porque durante muito tempo conversamos ainda com amigos como antigamente, com o mesmo vocabulário, referências e frases que eles conservam somente para nós sem nós sabermos, porque com outros amigos que têm e nos empregos falam já de outra maneira e noa artigos que escrevem para os jornais começamos a compreender primeiro que as ideias já não são as mesmas e que estão contra nós como muita outra gente afinal (…)" (págs. 93-94). Um belíssimo livro – com uma capa ótima, construída a partir de um pormenor de um desenho da designer gráfica e cenógrafa Cristina Reis – que vale muito a pena ler!
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