Quinzinzinzili
de Régis Messac; Tradução: Inês Dias
Sobre
o LivroO dia estava esplendoroso. Saímos de manhã cedo, depois de ouvir um jornal radiofónico de que já só recordo a última frase: «A África deixou de responder.» Era bastante trágico. Mas estávamos acostumados a notícias trágicas, muitas vezes desmentidas no dia seguinte. Não tínhamos qualquer suspeita de que o fim do mundo estava programado para aquela manhã.
Nos conturbados anos trinta, quando as potências se precipitam para uma nova guerra, a humanidade concretiza finalmente o seu íntimo desejo de se aniquilar a si própria. Tudo o que resta dela é meia dúzia de crianças e um único adulto. O mundo pós-apocalíptico de Quinzinzinzili (1935) é mais do que alerta ou premonição. É o embrião da distopia aos olhos de um sobrevivente prostrado e indiferente, desiludido com a natureza humana e a reinvenção da civilização.
O que seria da humanidade se todos desaparecerem exceto um grupo de crianças e um adulto? Tudo o que conhecemos e fazemos mudará drasticamente nesta nova humanidade.
Sagaz, brilhante, pessimista, perturbador. Mas acima de tudo, realista. O mais incrível é esta obra ter sido escrita antes da segunda guerra mundial. Uma leitura que nos questiona para onde e como caminhamos para o futuro.