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Princípio de Karenina

de Afonso Cruz

Livro eBook
editor: Companhia das Letras, novembro de 2018
Uma carta de amor de um pai a uma filha que não conhece
RECOMENDADO PELO PLANO NACIONAL DE LEITURA i
Um pai que se dirige à filha e lhe conta a sua história, que é a história de ambos, revelando distâncias e aproximando-se por causa disso, numa entrega sincera e emocional.

Uma viagem até aos confins do mundo, até ao Vietname e Camboja, até ao território que antigamente se designava como Cochinchina, para encontrar e perceber aquilo que está mais perto de nós, aquilo que nos habita. Um pai que ergue muros de silêncio, uma mãe que faz arco-íris de música, uma criada quase tão velha como o Mundo, um amigo que veste roupas de mulher, uma amante que carrega sabores e perfumes proibidos. São estas algumas das inesquecíveis personagens que rodeiam este homem que se dirige à filha, que testemunham - ou dificultam - essa procura do amor mais incondicional.

Uma busca que nos leva a todos a chegar tão longe, para lá de longe, para nos depararmos connosco, com as nossas relações mais próximas, com os nossos erros, com as nossas paixões, com as nossas dores e, ao somar tudo isto, entre sofrimento e júbilo, encontrar talvez felicidade.
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Entrevista a Afonso Cruz

Em abril passado, Afonso Cruz lançou O Vício dos Livros, uma deliciosa diversão com ilustrações (belíssimas!) do próprio autor, que mistura peripécias relacionadas com escritores, livros, personagens, bibliotecas e outras curiosidades literárias, irresistíveis para todos aqueles que, como o próprio Afonso Cruz e nós, livreiros da Wook, não podem viver sem livros.
Se este é o seu caso, espreite a conversa que tivemos com o autor!




Afonso Cruz Quando é que começou o teu vício dos livros?
Não existe uma época que possa apontar com precisão. Foi algo progressivo, foi-se entranhando. Comecei por ser um leitor normal e, aos poucos, à medida que lia mais e mais, fui-me apercebendo que precisava dos livros, que necessitava deles para viver. E que se calhar precisava deles em quantidades que transcendem e superam a minha capacidade de leitura. Ou seja, tenho mais livros do que aqueles que algum dia conseguirei ler, o que de certa forma configura um padrão de vício.

Ainda te lembras qual foi o primeiro livro que amaste realmente quando eras criança e qual era o teu livro preferido durante a adolescência?
Em criança, não. Tenho vários livros de quando era criança, mas não me recordo da relação que tinha com eles nessa época. Só mais tarde é que isso se tornou mais claro.
Há alguns livros de banda desenhada que me marcaram, até na forma como desenho hoje em dia, porque quando era criança tinha intenções de vir a ser um autor de banda desenhada.
Depois, mais tarde, já por volta dos doze, treze anos, houve também uma mudança nos meus hábitos de leitura, quando passei a ler os livros do meu pai. Isso alterou por completo a minha forma de ler, de maneira que esse foi um período também muito importante no meu percurso enquanto leitor.


  O Vício dos livros é o mais recente livro do autor. E que livros eram esses, os do teu pai? Clássicos?
Sim. O primeiro foi um livro de Dostoiévski chamado «O Sonho de um Homem Ridículo», que é um conto. Depois de o reler, passados muitos anos, lembro-me de me parecer uma síntese muito bem conseguida de todo o pensamento de Dostoiévski. A ideia de redenção e de castigo, que está muito presente num dos seus romances mais conhecidos, o Crime e Castigo, é um dos temas desse conto.
Por essa altura, li também outros autores russos, precisamente motivado por este conto, de que gostei muito. Li um livro do Gorki, vários do Gógol, um do Tolstoi e li também, nesse ano, Angústia para o Jantar, de Luís de Sttau Monteiro, e O Triunfo dos Porcos, que era como tinha sido traduzida na altura a obra de Orwell Animal Farm. Agora creio que é Quinta dos Animais, que é uma tradução mais literal do título original.

No teu livro mais recente, O Vício dos Livros , citas uma frase de Kafka, segundo a qual os livros são um machado para o mar gelado que há em nós. Há algum livro em que penses imediatamente a propósito dessa ideia?
Alguns livros marcaram-me muito, mas não de uma forma tão radical…
Conto em O Vício dos Livros algumas histórias que foram fulcrais para a vida de determinadas pessoas: seja porque as levaram ao exílio, por exemplo, ou porque as fizeram mudar completamente de vida. Nunca passei propriamente por algo desse tipo, exceto no caso de alguns livros que me levaram a viajar, a ir procurar determinadas geografias e determinadas experiências. E há também livros que, como disse antes, alteraram um pouco a minha maneira de olhar para o mundo ou a minha forma de desenhar.
Lembro-me perfeitamente da primeira vez que tive contacto com a BD do Hugo Pratt. Os desenhos que eu encontrei nas obras dele não eram os desenhos ortodoxos que esperava de um grande desenhador, eram outra coisa. O domínio que ele tinha dos silêncios em cada prancha, ou em cada página, isso perturbou-me, no bom sentido, e mudou também a minha maneira de olhar para a banda desenhada. Fez com que descobrisse outro tipo de BD e acabou por alterar os meus hábitos de leitura.



Ao longo da tua obra ficamos com a sensação de que te interessas tanto pelas histórias como pela própria literatura em si mesma: os escritores, os livros enquanto objetos, o fascínio por bibliotecas … Alguns títulos de livros teus apontam nesse sentido: Os livros que devoraram o meu pai, Vamos Comprar um Poeta, O Livro do Ano… E há os autores que vais inventando, nos diversos volumes da Enciclopédia da Estória Universal.
A esse propósito, em O Vício dos Livros referes a falta que faz Homero; dizes que, se Aquiles é celebrizado hoje, não é por ter sido o maior herói, mas porque teve um Homero para cantá-lo.
Sim, sim. Nesse caso específico de Homero, creio que é mais uma evidência de que os livros podem muitas vezes ser as nossas vozes. Em certa medida, podem ser uma descrição daquilo que somos. Nesse caso, há um Aquiles e um Homero, mas também é perfeitamente possível que um leitor se identifique com determinada personagem, que pode ser Aquiles ou outra personagem qualquer.
Aliás, esse é um dos privilégios e uma das coisas mais bonitas da literatura e da leitura: nós emergirmos na história, identificamo-nos com determinadas coisas e vivemo-las como se fossem experiências reais. E são experiências reais, ainda que de outra forma… Nesse sentido, a leitura é incrivelmente enriquecedora para a nossa alma, porque pode de facto ampliar-nos.
A literatura e a leitura ampliam-nos, permitem-nos ter determinado tipo de emoções que não experimentaríamos de outra forma, porque a vida não nos possibilita, porque eticamente não seria possível, ou seria possível, mas não recomendável e por aí fora… Mas nos livros conseguimos entrar na pele de pessoas horríveis, de pessoas lindíssimas, de grandes heróis, de grandes covardes, e assim conseguimos ter uma espécie de ginásio sentimental e emocional para treinarmos. A leitura pode tornar-nos pessoas mais capazes de lidar com outros seres humanos, de interpretar o mundo à nossa volta, etc. Creio que essa capacidade dos livros para nos ampliarem é provavelmente uma das suas maiores virtudes e se calhar é por isso que o livro é um formato vencedor; ajuda-nos a dominar uma série de possibilidades que de outro modo não teríamos.


Em O Vício dos Livros, partilhas a história de um amigo que tinha uma grande coleção de BD e que, a dada altura, decidiu desfazer-se dela porque queria ter tudo em edição de capa dura. Mas depois chegou à conclusão de que os livros em capa dura não eram todos do mesmo tamanho, por isso decidiu optar pelas edições em francês. Com isso, a sua biblioteca foi progressivamente diminuindo, diminuindo...
Tu és capaz de te desfazer dos livros da tua biblioteca? Como é que lidas com o facto de os livros serem cada vez mais e tomarem cada vez mais espaço?
Sim, sou capaz. Aqui onde vivo criámos uma associação cultural e a parte central, o eixo da associação, é uma biblioteca. Daqui de casa terão saído uns 1500 livros para a biblioteca e dessa forma pude vazar um pouco as minhas estantes e criar espaço para outros livros. Gosto muito da ideia de partilha. Não sou capaz de deitar fora um livro, mas posso sempre oferecê-lo.


O Vício dos Livros mistura aforismos com peripécias, episódios que aconteceram contigo, histórias que se passaram com outros escritores... Já participaste em muitos festivais literários, encontros de escritores por todo o mundo, alguma vez tiveste um encontro estranho, digno de peripécia, com outro escritor?
Não. Tenho essas histórias partilhadas, algumas que conto n’ O Vício dos Livros, que sucederam a outros escritores, mas, que me lembre, nunca ocorreu nada caricato, creio…


Nunca te aconteceu, por exemplo, encontrares um escritor que admirasses muito e ficares sem palavras?
Não. Já me aconteceu conhecer escritores que admiro muito, mas penso que nunca fiquei nessa situação… Até porque, na verdade, até começar a escrever, nunca tinha pedido um autógrafo a um escritor. Comprava livros, mas não tinha muito interesse em conhecer os autores pessoalmente. Só quando comecei a escrever, por necessidades da própria profissão, é que acabei por conhecer uma série de escritores pessoalmente e, entretanto, fui pedindo uns autógrafos, claro! [Risos]


A quem é que pediste autógrafos?
A alguns autores muito próximos, de quem acabei por me tornar amigo. Há escritores de quem estou sempre à espera do próximo livro, mas isso tem também a ver com a nossa proximidade: o Sandro William Junqueira, a Patrícia Portela ou a Joana Bértholo… São pessoas de quem me sinto muito próximo e de quem gosto muito e gosto muito dos livros deles, também. E não só, há muitos mais, mas estes são alguns exemplos.


Em O Vício dos Livros contas uma peripécia com um leitor: houve um romance teu que teve uma edição especial, em que dois exemplares únicos apresentavam um final diferente. A senha, digamos, para o leitor saber se tinha um desses exemplares, era a presença no texto da palavra «Ancara». E, a certa altura, a editora recebeu uma carta muito longa de um leitor, que dizia saber onde estava a palavra «Ancara». Depois, acabaste por descobrir que o livro dele era «normal», ele nunca teve acesso aos exemplares especiais, mas encontrou uma lógica para a presença da palavra «Ancara» no texto e acertou.
Acontece-te muitas vezes os leitores surpreenderem-te dessa forma, descobrindo coisas nos teus livros em que tu, à partida, não tinhas pensado?
Acontece muitas vezes os leitores, ou outros escritores, encontrarem determinadas coisas nos meus livros em que eu não tinha pensado e, por vezes, são boas explicações ou boas interpretações.
Muito recentemente, por exemplo, eu e o Ricardo Fonseca Mota, outro escritor bastante jovem, estávamos num evento chamado «Troca Direta», em que eu falava do último livro dele e ele falava do meu livro mais recente, O Vício dos Livros, justamente. E o Ricardo interpretou a ilustração da capa de uma forma diferente da minha ideia inicial, mas que é suficientemente bonita e pertinente para que passe a ser agora a minha interpretação.
Ele viu na capa a imagem do horizonte, a ideia de contemplação do livro. Curiosamente, o João Morales, que moderou o evento, viu na ilustração da capa a profundidade ou a capacidade de encontrar profundidade naquilo que lemos. E essas ideias são quase opostas: a profundidade e o horizonte. No entanto, coabitam e achei bonito este matrimónio entre duas ideias contrárias.


Neste livro falas de histórias que se perdem pela nossa falta de disponibilidade para ouvi-las, por exemplo. Como é que evitas que as histórias se percam? Com disponibilidade para ouvir as histórias de outras pessoas e, depois, anotá-las?
Sim. Aliás, na realidade, este livro passa muito por aí. Há aqui uma série de histórias que eu não queria que desaparecessem, que gostava de partilhar. Algumas tocaram-me com mais intensidade que outras, mas, de qualquer modo, no caso de muitas delas, senti que precisava de partilhá-las.


De todos os lugares onde já estiveste, qual foi o mais literário? É aquela rua de Bagdad que referes no livro ou há outros ainda mais literários?
A rua Al Mutanabbi será sempre um ponto muito especial no que respeita à literatura, aos livros e ao amor pelos livros, sim. Mas, mais até do que as ruas em si, fico sempre muito espantado com determinadas pessoas, especialmente com aquelas que fazem um esforço em prol dos livros que vai muito para lá do seu dever enquanto cidadãos, ou do seu dever moral. Encontro muito isso no mundo dos livros: pessoas que se esforçam muitíssimo para aumentar os hábitos de leitura, para promover os livros… e às vezes são esforços lindíssimos.
Lembro-me, por exemplo, de uma professora/bibliotecária que encontrei na Feira do Livro. Ela disse-me que todos os anos ia à Feira do Livro comprar livros para a biblioteca da escola. Juntava dinheiro durante o ano para poder comprar mais dois ou três livros para a biblioteca, aproveitando os descontos da feira, e fazia aquele trajeto, planeava a sua vida, de acordo com esse momento.
Encontro sempre alguma beleza nestes pequenos gestos e acho que fazem toda a diferença na sociedade. Aliás, muito recentemente, pediram-me um manifesto que está agora nas ruas de Arraiolos. Pediram-me a mim e a uma série de pessoas. Nesse manifesto, está aquilo a que chamo «o princípio de Musil», porque surge num dos livros dele. Musil diz, quase como se tratasse de uma lei, que os pequenos gestos bondosos, quando somados, são muito mais impressionantes do que o maior feito épico. Gosto muito dessa ideia do pequeno gesto continuado, que acabará se calhar por mudar mais a sociedade do que uma revolução. Esse «princípio de Musil» toca-me bastante, já escrevi sobre ele antes e agora criei também este pequeno manifesto, porque acredito que é importante, todos os dias, exercitarmos a bondade.
Fazer alguma coisa errada é muito fácil, é muito mais fácil do que fazer uma coisa boa. O bem exige sempre um esforço. A queda, cair, já nascemos com essa tendência. O levantarmo-nos exige um esforço, caminhar é um esforço, tudo isso é uma coisa que aprendemos. O que vem connosco é só a gravidade. Temos essa coisa já à partida, nascemos a saber cair e depois é que vamos aprendendo a levantarmo-nos, a andar, a fazer uma série de coisas. O bem exige esse esforço constante e deve ser praticado todos os dias.


Voltando a Bagdad, o que veio primeiro: as tuas viagens ao Oriente, a vontade de falares do Oriente nos teus livros ou o sucesso dos teus livros no Oriente?
O sucesso dos meus livros em árabe foi uma coincidência. Sempre tive uma paixão muito grande por alguns autores, por alguns poetas de língua árabe e por alguns poetas persas. Em especial, o Rumi, que será o que mais me tocou, mas há também o Saadi, o próprio Farid Ud-Din Attar…. Há uma série de autores do Oriente que me tocaram bastante, ainda que o Rumi seja o pináculo. É um autor de que gosto de vários ângulos, sob várias perspetivas: encontro uma beleza enorme nos seus poemas, por um lado; e depois, por outro, gosto muito das anedotas e das histórias que ele conta, às vezes intercaladas com poemas. E ainda da sua filosofia. Penso que era um filósofo e um místico muito à frente do seu tempo, muito moderno, se quisermos.


Então foi uma coincidência feliz os teus livros fazerem sucesso na língua árabe?
Foi uma coincidência feliz, sim. Na verdade, os meus livros são publicados por uma editora tunisina e tudo começou por aí. Mas, no mundo árabe, os livros são muito bem distribuídos e a comunicação entre países faz-se com agilidade, portanto, os meus livros acabaram por aparecer um pouco por todo o lado. O primeiro foi o Vamos Comprar um Poeta. Foi esse livro que se tornou um grande sucesso no mudo árabe. Creio que agora é muito possível que Os livros que devoraram o meu pai já tenha vendido até mais do que esse, mas de qualquer forma foi o Vamos Comprar um Poeta que despoletou tudo isso.


Quais são os melhores lugares para ler e para escrever?
[Risos] Eu gosto de escrever e de ler em casa, mas a verdade é que leio e escrevo em qualquer lugar. Até porque, enquanto escritor, como passo muito tempo a viajar, escrevo durante as viagens, nos aviões, nos autocarros…. Estou sempre acompanhado de alguma coisa onde posso gravar ou tomar notas, e faço-o com grande frequência. Se estiver na fila do supermercado e surgir uma ideia qualquer, gravo, escrevo no telemóvel, anoto. Isso é uma parte fundamental do meu exercício de escrita: ter muitas notas, ir apontando tudo. Às vezes, anoto coisas que não são de todo interessantes, mas que depois de trabalhadas ou conjugadas com outra ideia qualquer poderão vir a ser algo mais. Sigo um princípio que é: para se ter uma boa ideia é preciso ter muitas ideias, isso é fundamental. Claro que a maior parte não presta, mas algumas vingarão.


Alguma vez mantiveste um diário, como a menina de O Livro do Ano? Ou essas ideias que vais anotando são o mais próximo que tens disso?
Não. Tentei fazê-lo a determinada altura, durante a adolescência, duas ou três vezes, mas acabei por desistir.


Lembras-te da primeira vez em que pensaste em ti próprio como escritor?
Foi precisamente quando comecei a publicar. A primeira coisa que escrevi foram uns textos que mais tarde deram origem à Enciclopédia da Estória Universal. Mas, na altura em que estava a escrevê-los, não pensava ainda em publicá-los, nada disso. Só depois de já ter uma quantidade razoável é que imaginei que poderiam vir a ser um livro. Nessa altura, enviei-os para uma editora, mas foram recusados pela administração, apesar de a editora ter gostado. A minha editora da altura, a Lúcia, sugeriu-me então que escrevesse um romance, porque era mais fácil começar com um romance do que com um livro que tem um formato relativamente estranho, pouco comum. E assim fiz. Escrevi um romance, com o qual não me identifico. Não tenho vergonha, mas não me identifico, é outra coisa. E quando o publiquei, enfim, senti-me um escritor. Ainda com algum pudor, tinha ainda um certo pudor em denominar-me assim, mas depois, com o tempo, isso passa-nos.


Além de livros, colecionas alguma coisa?
Acho que não.


Instrumentos musicais, não?
Sim, tenho vários instrumentos, mas não é propriamente uma coleção. Obedecem mais à necessidade do que ao vício. São instrumentos de que preciso ou que quero tocar.
Acho que não há mais nada que se aproxime de uma coleção. Estou neste momento a olhar à minha volta, em casa, para ver se me lembro de alguma coisa, mas não. Só nos livros é que gasto realmente muito dinheiro! [Risos]


O que combina melhor com livros? Chá, café, cerveja ou outra coisa? Depende do livro?
Sim, depende dos livros, da altura do dia, da companhia, se é uma leitura partilhada, se é uma leitura silenciosa… depende muito das circunstâncias.


Não há nenhuma bebida específica para a literatura?
Não, não creio. Quer dizer, se calhar muitos leitores discordarão, mas para mim, não. Depende mais do que estou a fazer, do que estou a sentir, do que propriamente do teor do livro.


Também és ilustrador e disseste há pouco que, quando eras mais novo, querias ser autor de BD. Ainda podemos esperar um livro de BD do Afonso Cruz?
Só como escritor. Um livro de banda desenhada exigiria um certo fôlego no que respeita ao desenho e à continuidade. Teria de me dedicar a isso a tempo inteiro e é mais difícil fazê-lo, por isso, muito provavelmente, continuarei a publicar livros ilustrados e não banda desenhada. Poderia ou poderei trabalhar em conjunto com alguém, escrevendo eu o texto e ficando a outra pessoa responsável pelos desenhos.
Mas é claro que agora digo que não, que não o irei fazer, e depois se calhar para o ano sai um livro de banda desenhada… [Risos] Pode sempre acontecer, quando digo que não faço algo fico sempre um passo mais perto de o fazer.


Qual foi o último livro que leste e de que gostaste muito?
Há vários, mas, ultimamente, por motivos que têm que ver com o que estou a escrever, praticamente não tenho lido ficção. Tenho lido sobretudo não ficção, mas, aqui em cima da mesa, tenho, por exemplo, um livro do Juan Pablo Villalobos que li há pouco tempo e que é uma pequena delícia. Chama-se No Estilo de Jalisco.
Juan Pablo Villalobos é um escritor mexicano que viveu algum tempo no Brasil, não sei se ainda vive, e escreveu este livro diretamente em português, o que é muito curioso. Normalmente as pessoas, mesmo que aprendam outra língua, não a dominam a ponto de se atreverem a escrever literatura, a menos que já tenham alguns anos de prática. Não sei qual era o caso dele, mas, seja como for, achei curioso ele ter escrito um livro em português.


É o autor de Festa no Covil?
Sim, é esse.
Também tenho aqui na mesa o Kurt Vonnegut. Enfim, leio vários livros ao mesmo tempo, por isso estou sempre rodeado deles. Mas, como dizia, ultimamente tenho lido sobretudo não ficção, ensaio, divulgação científica e filosofia.

Princípio de Karenina

de Afonso Cruz

Propriedade Descrição
ISBN: 9789896656928
Editor: Companhia das Letras
Data de Lançamento: novembro de 2018
Idioma: Português
Dimensões: 146 x 228 x 14 mm
Encadernação: Capa mole
Páginas: 168
Tipo de produto: Livro
Classificação temática: Livros em Português > Literatura > Romance
EAN: 9789896656928
e e e e E

"O meu primeiro Afonso"

Raquel Rodrigues

Foi o meu primeiro livro do Afonso Cruz e confesso que foi uma agradável surpresa ¿ Senti-me um bocadinho perdida no início e isso fez com que tivesse algumas dúvidas mas ainda bem que não desisti dele porque achei a história maravilhosa ¿ acho que vai ser uma das coisas boas do meu 2021 ¿ "Eu seria muito infeliz num mundo feliz. Ela seria feliz em qualquer mundo." ¿¿

e e e e E

Bem escrito e desafiador de certezas e conceções

Ana Isabel Vieira

A conhecida frase de Tolstoi, "Todas as famílias felizes se parecem; todas as infelizes são infelizes à sua maneira", dá o mote a Afonso Cruz que nos apresenta a história de um homem que edificou em torno de si "muros" que o protegem do desconhecido e do "estrangeiro", uma rotina controlada e uma aparente felicidade. Até ao dia em que encontra alguém que ataca o seu edifício construído "com blocos de pedra". Dá-se um ponto de viragem e o seu conceito de felicidade vai-se alterando ao longo do tempo, ainda que em constante luta com as suas ideias pré-estabelecidas e medo de arriscar. Culmina num encontro e na conclusão de uma carta a quem o verdadeiramente salva e mata ao mesmo tempo, sugerindo que a imperfeição, o desequilíbrio, a diferença, o encontro com o desconhecido e até mesmo a dor e as feridas são ingredientes da "fórmula da felicidade." Afinal, talvez as famílias felizes sejam diferentes e as infelizes mais ou menos parecidas

e e e e e

Magnifico!

JBC

Estou apaixonada pela escrita de Afonso Cruz e esta é mais uma obra incrível... Adorei!

e e e e E

muito bom

Beatriz Rito

Sou fã incondicional de Afonso Cruz e, ainda que pessoalmente goste mais de outras obras do autor (Nem todas as Baleias Voam é o meu favorito), este livro é maravilhoso, um hino às famílias imperfeitas. Aconselho vivamente.

e e e e E

Mais uma fantástica obra

Filipa

Sou fã das obras de Afonso Cruz e, sinceramente, quando comecei a ver tanta gente a falar deste livro, fiquei com receio que ficar desiludida, porque as expectativas estavam muito elevadas. Mas é mesmo verdade que Afonso Cruz nunca desilude. Uma história tão tão bela, que nos faz relectir sobre tantos aspectos importantes da vida que tantas vezes descuramos... Não sendo das minhas obras favoritas do autor, é uma obra belíssima!

e e e e E

Um bom "princípio"...

Ilda Azinhais Velez

Este novo romance de Afonso Cruz merece, sem dúvida, ser lido, embora o final seja uma desilusão... Uma análise muito interessante do medo e das suas consequências ; uma reflexão sobre as emoções que se transformam em memórias. Um romance muito bom, apesar de um desenlace demasiado banal.

e e e e e

Afonso Cruz é sempre garantia de qualidade!

Ana

Soube bem mergulhar nas páginas tranquilas e melancólicas desta narrativa, a leitura é fluida e agradável. Um livro que fala do surgir do isolamento e do medo do que é diferente, do receio do desconhecido. Uma história da procura de si mesmo, uma história de arrependimento, desilusão e obsessão, uma história que demonstra que o que vale a pena são os fugazes momentos de fuga ao conhecido. Apesar do final duro e realista, passa uma mensagem muito bonita, de forma simples como só Afonso Cruz consegue :)

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Intemporalidade paternal

Paulo Renato

Ser pai transcendende o tempo e o espaço e esta estória do Afonso Cruz é um exemplo disso mesmo, o testemunho de um pai ao encontro da sua filha provando o seu amor incondicional até ao sacrifício da sua vida pela da sua filha. Todos os pais são iguais cada um amando os filhos de um modo unicamente perfeito.

e e e e E

«escrever-te é a minha transubstanciação»

Emanuel Guerreiro

O romance é uma longa carta do pai à sua filha, que ignora a sua paternidade e que se cruzam brevemente durante um voo. O pai não revela a sua identidade e sacrifica-se pela filha, salvando-a e, simultaneamente, alcança a própria salvação.

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Muito bom

Sandra Fernandes

Mais um excelente romance de Afonso Cruz, que nunca desilude e surpreende sempre pelos temas e pela forma como os conta: Um pai que não o foi e a angústia de não o ter sido sob a forma de carta. Muito bom!

e e e e e

Marta Amaral

Não entrei logo na história como de costume, mas quando entrei foi a fundo. Um relato tocante de como todas as famílias têm as suas disfunções. Sempre na bela prosa poética a que já me tão bem habituei!

e e e e e

Janelas para abrir!

Luís Nuno Barbosa

Mais uma vez, Afonso Cruz surpreende pela positiva. Um livro sobre a forma como somos condicionados, sobre as janelas que mantemos fechadas por medo do que descobriríamos sobre nós próprios se as abríssemos. Um livro para ler de janelas abertas.

e e e e e

Mais uma pérola

Mário Silva

Mais um livro fantástico de Afonso Cruz, para se ler calmamente, refletir…..e reler. Vamos abrir as janelas e viajar até à Cochinchina

Afonso Cruz

Afonso Cruz é escritor, ilustrador, cineasta e músico da banda The Soaked Lamb.
Em julho de 1971, na Figueira da Foz, era completamente recém-nascido, e haveria, anos mais tarde, de frequentar lugares como a António Arroio, as Belas-Artes de Lisboa, o Instituto Superior de Artes Plásticas da Madeira e mais de meia centena de países. Assina, desde fevereiro de 2013, uma crónica mensal no Jornal de Letras, Artes e Ideias sob o título «Paralaxe». Recebeu vários prémios e distinções nas diversas áreas em que trabalha, vive no campo e gosta de cerveja.
Os seus livros estão publicados em vários países.
www.afonsocruz.booktailors

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