Memórias do Presente, Passagem de Isabel e Rodrigo Cabral na Arte Portuguesa Livro
de Bernardo Pinto de Almeida
Sobre
o LivroOs anos 60 em Portugal têm sido considerados,
por vários sectores da crítica,
como uma década de ruptura. Por outro
lado deveremos ter presente que no seu
levantamento exaustivo sobre a arte portuguesa
no século XX, José Augusto França
— longamente autor da única obra historiográfica
sobre esse período - interrompeu
o seu estudo no final dos anos cinquenta,
deixando em suspenso a problematização
do que representaram os ditos
anos 60 no contexto da arte nacional.
Quem, conscienciosamente, abordar a
arte portuguesa realizada no período de
forte transformação vivido no início da
década de setenta, deve começar por
entender a profunda mudança de contexto
e de significações culturais que ocorreu
nesses anos: mudança substancial que se
prendia, desde logo, com as transformações
ocorridas na década anterior, em que
toda uma nova paisagem no plano das práticas
e conceitos próprios do campo artístico
tomara lugar, na arte e cultura portuguesas,
reflectindo debates mais alargados,
num momento em que secretamente
se iniciara um novo surto de globalização.