Ensino - Formação - Profissão Arte

de Teresa Carreira e Alice Tomé

editor: Editorial Minerva de Lisboa, março de 2006
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As Ciências da Educação e da Formação são, por natureza, multidisciplinares. No contexto das sociedades do conhecimento, cada vez mais complexas, procuram-se modelos transdisciplinares para melhor interpretar e compreender as próprias evoluções e contradições dos sistemas de ensino, de organização e gestão. Assim, nesta perspectiva, encontramos aqui reunidas as contribuições de vários estudiosos, o que reforça a ideia de que os campos científicos devem procurar estabelecer pontes de interacção, sem, no entanto, se pretender que percam a identidade específica.

A multidisciplinaridade faz emergir a mudança dos sistemas de pensamento, de aprendizagem e da construção do conhecimento novo.

PREFÁCIO

Desenhar os traços largos de uma obra deste andamento, visionando os motivos, os processos e os conteúdos que a larga abrangência dos temas encerra, é tarefa empolgante e grande honra.
Aceitei fazê-lo por razões várias, mas, particularmente, por já conhecer o prestígio que a alta qualidade, da vasta obra publicada pelas autoras coordenadoras Alice Tomé e Teresa Carreira alcançou, aquém e além fronteiras, sobre questões do ensino, da educação, da instrução, da formação e da profissão.
Habituado ao seu rigor técnico/científico, metodológico e literário, logo me invadiu a onda da curiosidade de saber quais as novidades de que, os artigos em particular, e o livro em geral são portadores.
Sobre o livro, dado o seu conteúdo, podia escrever outro livro, que motivos e boas razões não me faltam. Mas, não é esse o objectivo, e, por agora não o farei. Limito-me às impressões colhidas, às novidades sentidas, aos passos em frente dados pelos autores, sobre os assuntos, as coisas e os factos em análise.

Os debates e as reflexões destas questões são, frequentemente, sufocantes. Por isso, e além do mais, é motivo de muita satisfação termos nas mãos literatura leve, sobre temas de conteúdo pesado, como são os aqui tratados. As autoras (org.), e, a quase totalidade dos artigos, expressam--se em escrita leve, quase como que acompanhando a leveza dos sonhos que, o ensino, a profissão, a formação e a arte sempre carregam.

Há novidades assinaláveis, que indiciam novas posturas de olhar estes temas nos seus conteúdos, nas formas e nos métodos, dando ao livro um cunho actualista e virado para as realidades sociais concretas, e, utilizando uma escrita alisada, simples, clara, concisa e respeitadora dos cânones académicos, mas, por vezes mais acutilante e significativa, abrindo caminho a novas formas de expressar as realidades das coisas, da formação, do ensino e do dia a dia sócio-profissional, sem abrandamento do rigor.
Este posicionamento literário da reflexão e análise, introduz-nos, de imediato, no meio das coisas e dos caminhos formativo/profissionais e, isso, é tanto mais importante, quanto é certo que, na actualidade, a validade das resposta a dar às questões que se colocam, depende, em grande parte, das hipóteses simples, coerentes e aptas para reflexão e análise, em tempo útil e oportuno, sobre os factos, os acontecimentos, as acções e omissões, que determinam as vivência individuais e sociais, quer das sociedades específicas, quer da sociedade humana em geral. A formação (educação e saber fazer profissional, com arte e cultura) são, actualmente, case-stude permanente, o que, é, um bom indício para conteúdos de qualidade. E, a qualidade é ainda acrescida, quando, no sentido que vem referido no livro, se respeitam igualmente os diferentes saberes (saberes plurais), atribuindo a todos idêntico valor de respeito, e levando-nos a valorizar e respeitar toda a pessoa humana, individualmente considerada, porque todas elas têm saberes diferentes que nos podem ensinar. E, neste sentido, não haverá um bom profissional se não for bem formado (um artista na execução, polivalente, educado e culto).
Esta ideia constatada, coloca-nos, de imediato, na interdisciplinaridade, e, esta, conduz-nos às questões da sustentabilidade humana e da natureza e, aos conceitos de bem-estar e de vida feliz. Julgo poder tirar também estoutra conclusão; longe vão os tempos em que se associava, ipso facto, melhor bem-estar com Ter-mais (desenvolvimento industrial). Hoje o Ter-mais pode significar o adverso, já que, atingidos certos níveis de bens de consumo (saturação do necessário), o excesso pode ser, e é, com frequência, sinónimo de menor bem-estar, menor qualidade de vida, vivências sem tempo, sem descanso, insatisfação física e psíquica, sem lazer, sem paz, sem tranquilidade, sem convívios felizes (...).

Transluz dos diferentes capítulos da obra, a consciência da necessidade da permanente adaptação e actualização, dado que, a educação, o ensino e a formação seguem um tempo real concreto, e são protagonizadas por pessoas reais no meio de vivências específicas, que as tornam permanentemente problemáticas, e, sujeitas ao tempo histórico e ao enquadramento cultural.
Do acervo lido, ficamos também com a visão de que, o objectivo essencial a perseguir pelo ensino e pela formação educativa/profissional deverá afadigar-se para que, a formação especializada/profissional, seja também, acompanhada de outros saberes com largas abrangências e vasta cultura, que, englobe sempre as questões individuais, da humanidade e da natureza, para que, prospectando o futuro e interpretando o presente, possamos ter vivências individuais e sociais mais agradáveis, bonitas e felizes.
Aponta-se para uma fonte perene educativa (lato senso) e de vida assentes, fundamentalmente, por um lado, na responsabilização familiar por uma educação formativa integral que inclua todas as vertentes da pessoa humana, cuidando da educação cívica, das boas maneiras, da afectividade, da não violência e não insolência (...). É em casa, na presença física da família, que, os valores se vivem com intensidade e se transmitem aos outros de forma natural, pelo exemplo e pelas vivências, e, por outro lado aponta-se um itinerário cognitivo formativo baseado, fundamentalmente, em duas vertentes. Uma, que deve ser imputada ao próprio cidadão trabalhador/formando, que, terá a obrigação de se auto--formar por sua iniciativa própria, seja durante os tempos livres, em sua própria casa, no seu computador, seja no próprio local onde desenvolve a sua profissão. É a auto/formação (incluindo o e-learning), e processada ao longo de toda a vida. E, outra vertente, assente na formação escolar e extra escolar formal, orientada pelas filosofias político/educativas formativas e ministradas por agentes específicos, seja em instituições indigitadas paro o efeito, ou no próprio local de trabalho, orientada pelas empresas, que devem investir na formação humana, como condição das bases lucrativas e da própria sobrevivência enquanto unidades econó-mico-sociais viáveis.

Do fluido expendido e das questões elencadas nos artigos, resultam ponderosas razões para deles extrairmos várias outras ideias e forças marcantes. Assim, nomeadamente, no artigo de Filipe Carreira encontramos e ideia vincada de que, há que responsabilizar os responsáveis pela educação, passando das palavras aos actos concretos. Avança, sem hiatos, para a responsabilização dos encarregados de educação e da gestão (pais, políticos...). E, deixa uma espécie de admoestação, ao mesmo tempo que, explana, lapidarmente, algumas balizas dos caminhos a seguir na via educativa/formativa. Sem se estender muito, deixa claro que, o educando, ao terminar e educação básica, deve estar apetrechado com os saberes teóricos e com a prática, para iniciar uma nova fase da vida societária profissional.
Na linha do dito, coloca o métier professoral e as condições de exercício profissional no centro das questões educativas, e, dando especial relevo à ligação da teoria à prática, por forma a que, os educandos formandos sejam introduzidos no centro das realidades sociais.

Por sua vez, Rafael Tomé, coloca as questões do actual status profissional professoral, dando uma visão de quase "valha-me-Deus", do difícil ambiente profissional, e, consequente, da desmotivação devido à viajante vida dos professores, sindicando mesmo, a necessidade de uma boa formação técnico/profissional e da personalidade, objectivamente aferida, daqueles que traçam as filosofias educativas, a partir das quais se desenvolve o sistema educativo. E, em derradeira análise aponta caminhos a seguir, para que, verificados os pressupostos, a educação--formação subam de qualidade.

Doutrarte, a autora Alice Tomé, utiliza a mens educóloga para nos conduzir pelos imbrincados caminhos da arte, imprimindo no exposto a conexão que existe entre a vida societária, a formação, a profissão e a arte, in casu, em sentido técnico estrito, próprio do conceito de arte como execução do pensamento artístico, traduzido em algo que fica ao alcance dos sentidos, que comunica, veicula ideias, emoções, sentimentos (...).
Conduz-nos pelos caminhos artísticos humanos, e, em traços largos, faz o percurso desde a origem pré-histórica até à actualidade, principalmente no que se refere ao território português. Este aspecto, introduzido nesta obra, é tanto mais importante quanto, sendo um tema da especialidade, mostra a interligação e interpenetração entre as vivências sociais concretas nas suas plurais manifestações e a educação/formação e a arte, quer esta seja entendida no sentido da arte profissional (forma e qualidade com que, em qualquer profissão são desempenhadas as tarefas), ou de arte no sentido próprio supra referido, ou como refere Adélia Sabugal, "pensada e executada pela mão dos artistas, enquanto seres únicos, providos da inspiração criadora da arte".

Jorge C. Arroteia traça um panorama sobre a formação no ensino superior e a sua evolução recente, dos desafios enfrentados e a enfrentar, tanto na vertente mais científica (Universidade), como na vertente mais técnica.

A questão da motivação para mais e melhores aprendizagens, pelos alunos do ensino superior, é explanada, de forma muito esclarecedora, por Saul Neves de Jesus e Luís Sérgio Vieira, que, identificam problemas, referem factores e propõem medidas, que levadas à prática poderão ser catalizadoras da motivação.

Nos capítulos de Teresa Carreira com Bernardete Sequeira, João Martins e Cidália Cavaco, encontramos respostas simples a questões da formação, das aprendizagens e da organização dos saberes profissionais dos formadores na actualidade, e, da interacção dos profissionais professores, nomeadamente quando inseridos no mesmo grupo de escolas. Questões que trazem alavancagem importante para a compreensão e resolução de assuntos de tanta actualidade.

A relevância da sociologia do desporto no ensino, e, de como o desporto nos conduz ao melhor conhecimento do homem e da sociedade, com as contribuições positivas que esses contributos trazem para as vivências, são-nos assinaladas por António da Silva Costa, de forma sintética e clara.

Roberto C. Moreira, reflecte sobre aspectos culturais de sociedades concretas, com especial destaque para a especificidade da sociedade Brasileira, e, o seu relacionamento com os conceitos e questões da democracia e da cidadania vindos de outras sociedades. Questões que revestem particular interesse face ao processo de acelerada globalização a que assistimos.

Quase tudo depende do lugar e das normas estabelecidas, seja no trabalho, nos costumes, nas filosofias, nos modos de pensar, no divino, no destino, no subjectivo, nas atitudes, nos objectos, nos valores que, influenciando e formando a personalidade influenciam a vida vivida no concreto.

Por último e finalmente, anotamos que, o apontar dos caminhos formativos para o presente e para o prospeccionado futuro, com escrita simples, lisa e acutilante, que vai direita às questões, sem rodeios, conduz-nos ao sentimento positivo de que, há muito se exauriu o tempo das longas discussões sem acções concretas. Agora é o tempo dos diferentes saberes, da sempre formação, mais formação, toda a formação, com educação, arte e vasta cultura. Por isso, e tudo o mais ínsito no fluido expendido nos capítulos dos autores, manifestamos, a todos, através das autoras organizadoras Alice Tomé e Teresa Carreira, os nossos parabéns.

Tomé Belaluz
Valongo do Côa, 25 de Julho, 2005

Ensino - Formação - Profissão Arte

de Alice Tomé e Teresa Carreira

ISBN: 9789725916582
Editor: Editorial Minerva de Lisboa
Ano: 2006
Idioma: Português
Dimensões: 135 x 210 x 15 mm
Páginas: 232
Tipo de produto: Livro
Classificação temática: Livros em Português > Ensino e Educação > Teorias Educacionais e Currículo
EAN: 9789725916582
Idade Mínima Recomendada: Não aplicável