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Cada Vez Mais Forte o Sino

de Miguel Marques

editor: BookBuilders, janeiro de 2017
Uma reinterpretação do Rei Édipo que se cruza com uma realidade mítica portuguesa.

Inicia-se assim a trilogia do Édipo, e neste primeiro volume reproduz-se o Rei Édipo de Sófocles recorrendo à palavra, desviando-se na semelhança e na diferença, resultando algo novo. Conhecesse imitando, moldando, mas também negando. A imitação pressupõe qual o caminho a seguir, mas o caminho escolhido pouco será causal e instantâneo, no tempo e no espaço, de tão fragmentado e dado ao engano.

O título do livro, um sinal de alerta, o bater constante e de intensidade crescente, um martelo que insulta o ferro quente, incomoda, agride, persiste no interior de cada um, como o telefone que toca sem descanso e que ninguém atende. O título é um preparar para o pior, para o que se vai, anunciando as várias vozes presentes. Uma orquestra procurando afinação possível. Primeiro um narrador onde não é um prólogo o que se mostra, antes um preparar de armadilhas e caminhos tortuosos, como se de um jogo se tratasse, aos vossos lugares, começa ele, e arrasta-nos até ao dilema de Gustavo com uma Mauser na mão, decidindo se dispara ou não sobre a cabeça de Bartolomeu. Depois, os próprios personagens vão mostrando as suas versões da história, ou qual a história.

O mesmo narrador arrisca a sua voz, para logo ser calado por Alma e pela sua agonia, e só a voz de Heinrich se eleva quando morre, ou eleva-se para morrer, por vontade de Alma, talvez, não do narrador. Perdendo este o fio no seu labirinto, dedica-se, às criadas, ao seu falar incompreensível, às suas pequenas memórias, referindo Alma que as ensinou a ler, a escrever, a falar de modo que as perceba, e isto é apenas a perda do narrador, de novo, para os personagens, neste caso, Alma, dominando eles a história, permitindo-se ela a escrever invertido, para que ninguém leia, ou só sendo possível recorrendo a um espelho.

O narrador atormenta-se, tenta respirar à tona, comete erros, junta tudo e todos como se um festejo ou celebração. De quê? Pega no Gustavo com a Mauser, momento já quase esquecido, ele com onze ou doze anos, e leva-o à idade adulta, para os braços de Alma e centro da fogueira que é o sexto capítulo.

Recua ao Brasil da primeira república, dos ingénuos, dos nascidos livres apesar de pais escravos. O Brasil do massacre de Canudos, e recuando prova que o tempo não tem ordem, nem relevância, se for visto não como um fio, mas sim um emaranhado de fios distintos que se cruzam e evitam, mas sempre próximos, e por isso tantas memórias, e sonhos ou pesadelos.

Gostaria ainda de falar da revelação. Tal como Édipo, Gustavo não mata o pai, mas sim um desconhecido. Naquela Cidadela dos Cães de Tomás Polipo. A Utopia, tal como nunca pensada por Thomas Moore, ou descrita por Rafael Hitlodeu. Fornicou a mãe, sem o saber, assim como Édipo. Refugiou-se na culpa? Ou, não a sentiu, sequer? Todas as tentativas de anulação da mancha, desde o primeiro instante, quando Gustavo nasceu. Alma manda atirar o filho ao rio; Abraão manda Gustavo para o Colégio Militar em Lisboa. Tentativas de anular a criança impura, contaminada, símbolo de iniquidade. Abrindo caminho para o resto da trilogia, contamina as gerações seguintes, pois a ética está para lá da porta do medo.

Cada Vez Mais Forte o Sino

de Miguel Marques

Propriedade Descrição
ISBN: 9789899972025
Editor: BookBuilders
Data de Lançamento: janeiro de 2017
Idioma: Português
Dimensões: 129 x 198 x 19 mm
Encadernação: Capa mole
Páginas: 240
Tipo de produto: Livro
Classificação temática: Livros em Português > Literatura > Romance
EAN: 9789899972025
Miguel Marques

Miguel Marques escreveu o romance Cada Vez Mais Forte o Sino (BookBuilders 2017).
Nasceu no Porto em 1971, vive em Vila do Conde.
Continua com intensa atividade na associação cultural Cabe Cave.
Prepara o terceiro volume da trilogia do Édipo, dedicado ao derradeiro Édipo em Colono de Sófocles, invertida a ordem cronológica das fábulas (Rei Édipo, Édipo em Colono, Antígona). Conta-se a redenção possível do ser trágico no confronto interior de Isaac Lobo; a falhada passagem ao divino prevista no texto original. Agora o tempo marca-se alternativo num mesmo espaço, repete-se, quando necessário, evitando a libertação última pelo suicídio. Ao contrário de Édipo, Isaac não sai transfigurado na sua aproximação ao fim, nem tenta justificar os seus crimes pela simples razão de não os ter cometido, quando a sua mácula é herdada por contaminação. Nem esse fim está destinado a Isaac Lobo.

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