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As Mentiras que as Mulheres Contam

de Luis Fernando Verissimo

Livro eBook
editor: Dom Quixote, setembro de 2016
Tudo começa com a mãe, com o «Olha o aviãozinho!» à mesa do almoço. É a mentira inaugural, que se vai desdobrando noutras ao longo da vida. Mas calma lá. Nem sempre a ideia é disfarçar um caso ou ocultar um segredo. Por vezes são apenas eufemismos, ambiguidades, desculpas educadas — tudo com o objetivo um pouco mais nobre de preservar a harmonia social.

Nas histórias de As Mentiras Que os Mulheres Contam aparecem, por exemplo, a senhora que se tenta enganar a si mesma fazendo uma plástica atrás da outra e a moça que mente na idade — para mais! — apenas para ouvir que ainda está nova. Há dramas, comédias, tragicomédias — e até histórias que terminam em tragédia. Mas tudo permeado pelo humor irresistível de Verissimo.
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Crónicas engraçadas

Não é preciso meter a cabeça em Proust para dar um mergulho em condições. Nem é preciso levar uma semana a ler um livro para se chegar ao impacto. Textos pequenos também têm muita coisa dentro. Aqui vão umas sugestões. Elefante na sala Joana Marques é o meu ídolo e o meu pavor. Sempre que dou uma entrevista com gravação áudio, tremo perante a possibilidade de ir parar ao seu Extremamente Desagradável. Defendê-la aqui – hoje, em público –, sugerindo-a e elogiando-a, pode proteger-me dessa desgraça absoluta que me arruinaria perante família, amigos, público, desconhecidos que vivem na outra ponta do país. Além disso, admitamo-lo, pouca gente tem tanta graça em Portugal. Em Elefante na Sala, Joana Marques pega em temas que, há que dizê-lo, não interessam ao menino Jesus, e o seu interesse é mesmo esse. É que, para comentar o Orçamento do Estado todos os dias, já temos todos os outros. Em vez disso, a autora resgata a crónica como o que nunca devia ter deixado de ser: uma narrativa curta num tom familiar que nos vai mostrando a matéria da vida. Ler o livro de enfiada é ter um apanhado do que entusiasmou Portugal nos últimos dois anos – incluindo o que nem tinha motivos para isso. QUERO LER!





Idiotas úteis e inúteis Peguei no livro achando que era sobre mim, mas não. É pena, porque sempre quis ser musa. Longe de me cumprir os sonhos, a Tinta da China publicou este conjunto de crónicas originalmente escritas para aFolha de S. Paulo. Há uma coisa que ninguém faz como Ricardo Araújo Pereira: pegar em pó e construir uma pedra. Lê-lo não interessa pelos temas. Não é que uma crónica sua nos vá dar respostas sobre o défice orçamentar de Nárnia. Mas faz coisa melhor: ao usar um olhar aguçado, que procura o ridículo, o cronista põe a vida a nu em vez de lhe inventar roupa. Com isto, sempre que o leio vejo a vida despida por aí, num atentado ao pudor que é um escândalo. QUERO LER! O homem fatal É talento puro, e também muito trabalho. Ler Nelson Rodrigues é sempre desconcertante. É o Messi dos textos – nunca se sabe por onde vai a bola, que é como quem diz que a prosa parece ziguezaguear sem rumo, à maluca, encantando, driblando, e acabando com um tiro levezinho que vai direto ao alvo. Talvez seja difícil olhar para a crónica de Rodrigues sem um misto de admiração e inveja. Melhores pessoas poderão ter apenas a primeira, eu faço sempre um meio-meio. Enfim, não sou anjo nenhum, e Nelson Rodrigues muito menos. Está aqui um escritor que eu não gostaria de levar a tomar um café, mas isso não me impede de levar os livros dele para o café e de o ler como quem dá a volta ao mundo, parando invariavelmente num boteco qualquer do Rio de Janeiro. A sua sinceridade é desconcertante, e a forma como insulta – puro enfeite – não dá para o comum mortal. Fecha-se o livro, que inclui noventa das suas crónicas, partindo de três livros (O Óbvio Ululante, 1968, A Cabra Vadia, 1970, e O Reacionário, 1977), e, citando um título seu, temos A vida como ela é...: são a esquerda e a direita ao murro (e o cronista ao murro à esquerda), é o Brasil como caos, é a cultura, são as relações entre humanos, tudo tão cheio de uma ironia fina que nem se percebe como raio não escorre das páginas. QUERO LER! As mentiras que as mulheres contam Tem tanta graça que parece que o lemos de pé e nos puxam a carpete. Há magia na forma como Luis Fernando Veríssimo parece encontrar a universalidade nas coisas de nada que fazem o dia-a-dia. Note-se a mentira inaugural: o momento em que as mães, agitando as colheres de sopa, a dão a comer aos putos. Dali, segue-se um fio de mentiras, umas que servem para não rejeitar de caras, outras que são apenas não-verdades (maneira fofa de dizer mentira), outras que dizem com calma para não estilhaçar o outro lado – e assim se mantém a paz social. Não é coisa pouca, e tudo com truque de palavras. O humor de Veríssimo é irresistível. Depois de o ter lido, quem raio não fica com vontade de o ter escrito? Eu vou logo ao crime: deu-me vontade de o ter raptado para lhe roubar manuscritos e os publicar em meu nome. Até podia acrescentar a história ao livro, como mais uma mentira contada: «Olhem para mim a escrever tão bem.» E, por favor, que eu sei que estamos em 2024, não acusem o homem de nada, que ele também tem um livro sobre as mentiras contadas por quem produz mais testosterona que estrogénio. QUERO LER!

As Mentiras que as Mulheres Contam

de Luis Fernando Verissimo

Propriedade Descrição
ISBN: 9789722061032
Editor: Dom Quixote
Data de Lançamento: setembro de 2016
Idioma: Português
Dimensões: 157 x 236 x 14 mm
Encadernação: Capa mole
Páginas: 200
Tipo de produto: Livro
Classificação temática: Livros em Português > Literatura > Crónicas Livros em Português > Literatura > Humor
EAN: 9789722061032
Luis Fernando Verissimo

Escritor e jornalista, Luis Fernando Verissimo é um dos mais populares e prestigiados cronistas brasileiros. Filho de Erico Verissimo, um dos maiores nomes da literatura em língua portuguesa, Luis Fernando Verissimo nasceu em Porto Alegre, em 1936. Aos 16 anos, foi morar para os EUA, onde aprendeu a tocar saxofone, hábito que cultiva até hoje. Escreve regularmente nos mais importantes jornais e revistas do Brasil e assina uma crónica semanal no Expresso. Entre as distinções e prémios recebidos, estão a Medalha de Resistência Chico Mendes, o Prémio de Isenção Jornalística, o de Intelectual do Ano em 1997 e o Prix Deux Oceans, Biarritz, 2004. É autor de mais de 60 livros, entre os quais livros inesquecíveis como "O Clube dos Anjos", "As Mentiras que os Homens Contam", "Comédias para se Ler na Escola", "A Mesa Voadora", "Sexo na Cabeça" e "O Melhor das Comédias da Vida Privada", que a Dom Quixote muito se orgulha de publicar em Portugal.

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