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O Homem Fatal

de Nelson Rodrigues

editor: Tinta da China, setembro de 2016
Selecção das 90 melhores crónicas de Nelson Rodrigues, a partir das colectâneas O Óbvio Ululante (1968), A Cabra Vadia (1970) e O Reacionário (1977). Textos que expressam opiniões políticas, que reflectem sobre a esquerda e a direita, sobre o estado caótico do Brasil à época, sobre a identidade dos brasileiros e os abismos sociais, mas também sobre cultura, livros, espectáculos, filmes, viagens, sobre a guerra no Vietname e a política na Rússia, sobre fait-divers, inevitavelmente, sobre amor, ódio, amizade, lealdade, respeito, e ainda sobre os muitos «tipos»: intelectuais, grã-finos, pés-de-chinelo, velhos e novos, e mulheres, sempre as mulheres.
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Crónicas engraçadas

Não é preciso meter a cabeça em Proust para dar um mergulho em condições. Nem é preciso levar uma semana a ler um livro para se chegar ao impacto. Textos pequenos também têm muita coisa dentro. Aqui vão umas sugestões. Elefante na sala Joana Marques é o meu ídolo e o meu pavor. Sempre que dou uma entrevista com gravação áudio, tremo perante a possibilidade de ir parar ao seu Extremamente Desagradável. Defendê-la aqui – hoje, em público –, sugerindo-a e elogiando-a, pode proteger-me dessa desgraça absoluta que me arruinaria perante família, amigos, público, desconhecidos que vivem na outra ponta do país. Além disso, admitamo-lo, pouca gente tem tanta graça em Portugal. Em Elefante na Sala, Joana Marques pega em temas que, há que dizê-lo, não interessam ao menino Jesus, e o seu interesse é mesmo esse. É que, para comentar o Orçamento do Estado todos os dias, já temos todos os outros. Em vez disso, a autora resgata a crónica como o que nunca devia ter deixado de ser: uma narrativa curta num tom familiar que nos vai mostrando a matéria da vida. Ler o livro de enfiada é ter um apanhado do que entusiasmou Portugal nos últimos dois anos – incluindo o que nem tinha motivos para isso. QUERO LER!





Idiotas úteis e inúteis Peguei no livro achando que era sobre mim, mas não. É pena, porque sempre quis ser musa. Longe de me cumprir os sonhos, a Tinta da China publicou este conjunto de crónicas originalmente escritas para aFolha de S. Paulo. Há uma coisa que ninguém faz como Ricardo Araújo Pereira: pegar em pó e construir uma pedra. Lê-lo não interessa pelos temas. Não é que uma crónica sua nos vá dar respostas sobre o défice orçamentar de Nárnia. Mas faz coisa melhor: ao usar um olhar aguçado, que procura o ridículo, o cronista põe a vida a nu em vez de lhe inventar roupa. Com isto, sempre que o leio vejo a vida despida por aí, num atentado ao pudor que é um escândalo. QUERO LER! O homem fatal É talento puro, e também muito trabalho. Ler Nelson Rodrigues é sempre desconcertante. É o Messi dos textos – nunca se sabe por onde vai a bola, que é como quem diz que a prosa parece ziguezaguear sem rumo, à maluca, encantando, driblando, e acabando com um tiro levezinho que vai direto ao alvo. Talvez seja difícil olhar para a crónica de Rodrigues sem um misto de admiração e inveja. Melhores pessoas poderão ter apenas a primeira, eu faço sempre um meio-meio. Enfim, não sou anjo nenhum, e Nelson Rodrigues muito menos. Está aqui um escritor que eu não gostaria de levar a tomar um café, mas isso não me impede de levar os livros dele para o café e de o ler como quem dá a volta ao mundo, parando invariavelmente num boteco qualquer do Rio de Janeiro. A sua sinceridade é desconcertante, e a forma como insulta – puro enfeite – não dá para o comum mortal. Fecha-se o livro, que inclui noventa das suas crónicas, partindo de três livros (O Óbvio Ululante, 1968, A Cabra Vadia, 1970, e O Reacionário, 1977), e, citando um título seu, temos A vida como ela é...: são a esquerda e a direita ao murro (e o cronista ao murro à esquerda), é o Brasil como caos, é a cultura, são as relações entre humanos, tudo tão cheio de uma ironia fina que nem se percebe como raio não escorre das páginas. QUERO LER! As mentiras que as mulheres contam Tem tanta graça que parece que o lemos de pé e nos puxam a carpete. Há magia na forma como Luis Fernando Veríssimo parece encontrar a universalidade nas coisas de nada que fazem o dia-a-dia. Note-se a mentira inaugural: o momento em que as mães, agitando as colheres de sopa, a dão a comer aos putos. Dali, segue-se um fio de mentiras, umas que servem para não rejeitar de caras, outras que são apenas não-verdades (maneira fofa de dizer mentira), outras que dizem com calma para não estilhaçar o outro lado – e assim se mantém a paz social. Não é coisa pouca, e tudo com truque de palavras. O humor de Veríssimo é irresistível. Depois de o ter lido, quem raio não fica com vontade de o ter escrito? Eu vou logo ao crime: deu-me vontade de o ter raptado para lhe roubar manuscritos e os publicar em meu nome. Até podia acrescentar a história ao livro, como mais uma mentira contada: «Olhem para mim a escrever tão bem.» E, por favor, que eu sei que estamos em 2024, não acusem o homem de nada, que ele também tem um livro sobre as mentiras contadas por quem produz mais testosterona que estrogénio. QUERO LER!

O Homem Fatal

de Nelson Rodrigues

Propriedade Descrição
ISBN: 9789896713331
Editor: Tinta da China
Data de Lançamento: setembro de 2016
Idioma: Português
Dimensões: 139 x 211 x 20 mm
Encadernação: Capa mole
Páginas: 384
Tipo de produto: Livro
Classificação temática: Livros em Português > Literatura > Crónicas
EAN: 9789896713331
Nelson Rodrigues

Nelson Rodrigues é um mito do século xx brasileiro, e um dos escritores mais prolíferos e aclamados. Nasceu no Recife em 1912, mudando-se em 1916 para o Rio de Janeiro, cidade que seria o cenário privilegiado de toda a sua obra. Começou a trabalhar como jornalista aos 13 anos, logo na secção policial, num jornal fundado pelo pai, e nunca mais parou. Fez da crónica e da escrita um hábito diário e destacou-se em todos os géneros literários, pela qualidade e pela quantidade: escreveu 17 peças de teatro, nove romances e milhares de páginas de contos e crónicas, que mais tarde deram origem a várias edições de textos reunidos, assim como a adaptações para teatro, cinema e televisão. Idolatrado e odiado, politicamente conservador, Nelson Rodrigues tanto apoiou a ditadura militar brasileira como foi, mais tarde, defensor acérrimo das suas vítimas. Reacionário assumido, desencadeou sempre sentimentos fortes, não só devido à sua obra como também à sua vida pública e privada. Morreu no Rio de Janeiro em 1980.

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