As Luzes de Leonor

Como posso eu explicar o que este livro passou a significar para mim. Um livro excecional, intenso, elegante, soberbo, brilhante. Único. Escrito por uma autora com uma sensibilidade profunda que me conquistou de forma arrebatadora. O livro que se tornou, sem dúvida, no meu favorito, eu que nem acreditava nisso dos favoritos... Um livro todo ele poesia, paixão, gratidão, admiração. Delicado e, simultaneamente, cru. As Luzes em contraste com a Sombra de quem se esconde e dissimula, da ignorância, da intriga e da inveja num país à época já de mentalidades fechadas e retrógradas, no qual as mulheres eram um quase nada, pouco mais que elementos decorativos e procriadores. Um livro onde são tantos os que têm voz e compõem a narrativa, qual peça de teatro com uma estrutura metodologicamente rigorosa que entrecruza passado e presente, durante a qual neta e avó seguem cada uma o seu caminho até ao culminar da vida de uma, e um romper abrupto na vida de outra. Ambas traídas. Encontrei muito de Maria Teresa Horta desenhado nesta Leonor de Almeida, do seu intelecto, da sua força, sensibilidade e sensualidade, da sua relação com os pais, com a avó e com o próprio país. Na sua desobediência. Tal como refere a autora sobre a marquesa e a afinidade que sente em relação à mesma "... eu não faço a tua biografia: tento recriar-te minha avó, inventando-te do grão de luz ao bago da romã. Tão perto, apesar dos dois séculos que nos separam". Ambas a encontrar na poesia a salvação. Se tiverem oportunidade, leiam-no. É um livro estupendamente bonito e bem escrito, repleto de beleza até nos mais pequenos detalhes, no qual a poesia, como não podia deixar de ser, é rainha.