Vínculos Quebrantáveis. O Morgadio de Boassas e suas relações. Séculos XVI-XVII
de Nuno Resende
Sobre
o LivroO percurso de investigação [nesta obra] tornou-se fulcral, porque usou um arquivo caracterizado por grande número de processos judiciais, litígios na maior parte ligados à posse do vínculo ou de prazos, cobiçados por vários elementos da família, num trajecto que se inicia com o nascimento do vínculo na cidade do Porto, no terceiro quartel do século XVI, e que parece apagar-se na mesma cidade, próximo do final do século XVIII, sendo que grande parte das relações entre os seus membros se articularam a montante da cidade, em pleno vale do Douro. [...]
Como se poderá avaliar, o interessante deste estudo reside no facto de partir da análise de um indivíduo - o instituidor - para se atingir o(s) do(s) habilitante(s) do vínculo, acompanhando o processo, que se seguiu à morte do último, legítimo e directo administrador do morgadio, pela «visão litigante» que envolveu um círculo de familiares em contenda [...] cujos elementos cumprem o seu papel estritamente regulamentado pela instituição. O percurso realizado aponta noutra direcção, a de uma mudança na concepção do morgadio, não só como uma organização destinada a perpetuar valores míticos e simbólicos de nobreza e distinção mas, através de uma visão cognatícia alargada, como um meio orientado para colmatar falhas ou «defeitos do sangue» (expressão da época).
Inês Amorim
no Prefácio