Vida a Crédito

Arte contemporânea e capitalismo financeiro

de Tomás Maia
editor: Documenta, maio de 2022
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Na era do capital fictício é a própria ficção que é capital e que é o capital.

Eis por que razão a arte — pela primeira vez na sua história — está a ser destruída no seu ser: o conceito operante do capitalismo financeiro é o mesmo pelo qual a arte se deixou pensar ao longo do seu percurso milenar: em grego, mimesis, em latim, fictio.

«Arte contemporânea e capitalismo financeiro: se a primeira das duas designações tomará apenas o significado de índice histórico (pois interrogá-la em si mesma motivaria um outro livro), já a segunda será objecto de um prolongado exame (religioso e metafísico). Com efeito, trata-se sobretudo de tornar inteligível o modo como, na era contemporânea da história da arte (sobretudo a partir dos anos setenta do século passado), a criação artística começou a comprometer-se com a financeirização da economia (e o predomínio da finança coincide, precisamente, com o advento da dita era). Entre arte e capitalismo, à partida, tudo parece ser motivo de distinção e mesmo de antagonismo: se a primeira se define pela prática de um dom, o segundo rege-se pela apropriação da mais-valia. E se de um lado advém a partilha de uma dádiva, do outro é-nos imposta uma dívida. Ora, é todavia a uma convergência entre capital financeiro e parte significativa da arte contemporânea aquilo a que assistimos hoje — a um tal ponto que, pela primeira vez na história, é o próprio ser da arte que é atingido. Daí a necessidade, a urgência deste livro.
[…]
Uma palavra, ainda, sobre o título: Vida a Crédito.
Este apareceu enquanto escrevia o segundo capítulo e, sobretudo, o seu décimo segundo parágrafo. De súbito, apercebi-me de que invertia um título de Céline: Mort à crédit, fazendo ressoar a extrema miséria que grassava no seio frenético de uma certa ideologia do progresso (no caso do romance céliniano, no âmago de uma época que se auto-intitulara Belle — mas que iria desvanecer-se com a deflagração da Primeira Guerra Mundial). Se Céline sugere que a própria morte passara a ser, também ela, objecto de crédito, o presente título procura assinalar que é a vida, na sua totalidade e, mais exactamente, o tempo humano que se encontra expropriado pelo capital financeiro.

Tomás Maia

Vida a Crédito

Arte contemporânea e capitalismo financeiro

de Tomás Maia

Propriedade Descrição
ISBN: 9789895680139
Editor: Documenta
Data de Lançamento: maio de 2022
Idioma: Português
Dimensões: 145 x 205 x 17 mm
Encadernação: Capa mole
Páginas: 240
Tipo de produto: Livro
Classificação temática: Livros em Português > Arte > Artes em Geral
EAN: 9789895680139

SOBRE O AUTOR

Tomás Maia

Licenciatura em Artes Plásticas – Pintura pela Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa (1991); D.E.A. (Diplome d’Études Approfondies) no Centro de História e Teoria da Arte da École des Hautes Études en Sciences Sociales Paris (1993) (equivalência ao grau de Mestre atribuído pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, em Julho de 2002); Doutoramento em Filosofia de Arte na Université Marc Bloch – Strasbourg (2004).

Em França, na qualidade de bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, do Centro Nacional de Cultura e da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, foi aluno de Louis Marin, de Jean-Luc Nancy e de Philippe Lacoue-Labarthe. Publicou a obra Assombra. Ensaio Sobre a Origem da Imagem, livro com fotogramas de Marta Maranha e Diogo Saldanha (Lisboa, Assírio & Alvim, 2009). Desde 2004, retomou a sua atividade artística. O seu trabalho com André Maranha – Scena (para duas vozes) – foi apresentado em Lisboa (2008) e em Lucca (Itália, 2009). Em 2012 os dois autores publicaram em conjunto as obras Éden – O filme desta terra e Scena (para duas vozes).

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