Teoria política, educação e participação dos professores
a administração da educação primária entre 1926 e 1995
de Henrique Ferreira
Sobre
o LivroColocada nestes termos e estando, em intensidades diversas, na base de todos os sistemas não absolutistas, a participação é um processo de envolvimento na acção e de afirmação de um poder específico, negociado mas também limitado pela lei. A lei é ambivalente porque estabelece dois limites: o mínimo e o máximo. O máximo é aquilo que se pode alcançar. O mínimo é até onde se pode perder, desde que o Estado de Direito funcione. A liberdade de acção e de negociação situa-se entre os dois limites.
A igualdade natural do liberalismo reivindica a liberdade com uma lei mínima para uma acção máxima, desequilibradora de poderes. A igualdade política e social da democracia reivindica uma lei máxima para uma acção controlada pelo ideário socialista. O preço a pagar é alto: a burocracia e o autoritarismo disfarçado, como sugeriu Max Weber. Democracia, autoritarismo e socialismo, de um lado; e liberalismo, desigualdade e repressão, do outro, são dois extremos que John Stuart Mill nos aconselhou a dosear com prudência.
A lição que retirámos do nosso percurso de investigação política é a de que ninguém participa sem estar investido de um poder específico. E que também ninguém pode negociar sem que os outros o representem portador desse poder. Participar é jogar um poder. Poder cujo garante é uma soberania, próxima ou distante, presente ou ausente, física ou simbólica, mas social e organizacionalmente reconhecida.