Teoria da Fronteira
de José Tolentino Mendonça
Sobre
o LivroA primeira parte do novo livro de poesia de José Tolentino Mendonça abre com esta epígrafe de Gloria Anzaldúa: «Penso na fronteira como o único ponto da terra que contém todos os outros lugares dentro de si». Mote para uma poderosa reflexão sobre o amplo significado da palavra fronteira, nas suas múltiplas dimensões e como metáfora emblemática da humanidade, ontem como hoje. Ponto de partida para viagens por terras e cidades, por tempos passados e presentes, peregrinando pelos lugares da amizade, pela solidão, pelo silêncio, pelo corpo.
MÃOS VAZIAS
Mãos vazias são salva-vidas para tempos difíceis
uma afeição a salvo dos especuladores
o seu vazio é uma pedra
e se observares bem ela flutua
as mãos vazias são selvagens na sua beleza
duras mesmo se vulneráveis
são o esconderijo ideal para guardares relâmpagos
e verdades ferozmente concisas
as mãos vazias esperam não o fim mas a fresta
alagadas na ferrugem
e preferem enlouquecer a acreditar
que a realidade é só aquilo que se vê
Mais uma obra que é essencial para qualquer apreciador da poesia de Tolentino. Um livro com observações muito interessantes não só sobre a vida como sobre a nostalgia do passado.
Mais uma obra valiosa de José Tolentino Mendonça. Após A Noite Abre Meus Olhos, que já tinha provado o valor do poeta, Teoria da Fronteira apenas cimenta o facto de ser um dos maiores poetas contemporâneos na língua portuguesa.
O autor comprova mais uma vez o seu estatuto como um dos maiores poetas portugueses, numa obra onde explora as fronteiras e margens da experiência da vida humana.
Tolentino Mendonça é um dos maiores poetas portugueses vivo. Comprova-o em «Teoria da Fronteira». A sua poesia é absolutamente luminosa, inspiradora e de uma beleza arrebatadora. Imprescindível!
O mundo como um espaço que não se define, que não nos pertence, que é afrontado por fronteiras, de onde ainda é possível conceber um mundo nosso.