Refugiados de Moçambique
de Nuno Alves Caetano
Sobre
o LivroImediatamente após a Revolução do 25 de Abril de 1974, as autoridades portuguesas, nomeadamente através do então Presidente da República, General Spínola, do Primeiro-Ministro, Prof. Palma Carlos e da Junta de Salvação Nacional, garantiram ao povo Moçambicano uma transição pacífica com vista à realização de um referendo, a levar a cabo dentro de um ano, cabendo a decisão do futuro de Moçambique à vontade de todos os moçambicanos, independentemente da sua raça ou credo, permitindo a fundação de Partidos e Movimentos políticos.
Simultaneamente eram dadas garantias de protecção da vida das pessoas e seus bens, em total segurança.
Subitamente, por influência do MFA, surge uma ordem para todos os brancos entregarem as suas armas, quer fossem de caça, quer de defesa pessoal, com penas pesadas para quem não cumprisse, deixando-os indefesos perante a escalada de violência, sobretudos àqueles que viviam em fazendas isoladas.
Paralelamente e de forma inesperada, Costa Gomes, após visita a Moçambique em Junho de 74, comunicou a futura entrega unilateral de Moçambique à Frelimo, contrariando tudo o que havia sido afirmado e prometido até então, originando uma enorme desmoralização nos militares portugueses e o êxodo dos brancos e pretos não afectos à Frelimo, face à crescente onda de terror levada a cabo por aqueles, auxiliados por grupos de bandidos armados, muitas vezes pelo próprio MFA.
Trata-se de um documento de vital importância para que se possa construir a verdade histórica do chamado processo da «descolonização exemplar», mas sobretudo duma das páginas mais negras da História de Portugal.