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Poemas Ocasionais

de Fernando Miguel Bernardes
editor: Mar da Palavra, dezembro de 2016
15,90€
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VOZ A ECOAR PELAS QUEBRADAS…

Dizem-se «ocasionais». De ocasião. Como suspiro d’alma que se dá, de quando em vez, perante o inusitado, ao ler uma frase sentida, ou, mesmo, diante do rumo ziguezagueante de uma Humanidade ora, cada vez mais, a desmerecer inicial maiúscula.
Voz a ecoar pelas quebradas. Um rio. Já o imperador romano Marco Aurélio escrevia ser a vida qual rio torrentoso: mal acabas de ver a folhinha flutuante, ei-la que já lá vai e, em seu lugar, outra vem, em jeito de abalada. E importava parar.
No parque duma cidade ergueram monumento ao ancião: um banco igual ao banco onde ele passava as tardes a ver as águas gorgolejar, a ouvir as aves trinarem ao desafio: «O octogenário / sentou-se / num tronco / a meditar» (p. 75).
Para aí voou meu pensamento, ao saborear estes «poemas ocasionais».
Para um rio:
lavou avós lavou netos
regou no campo o esparteiro
rendilhou de verde os fetos
da cerca do fazendeiro (p. 24).

Para a Natureza:
na várzea dos olmos
os estorninhos
mostram-se esquivos:
sobem aos fios

e pousam
espreitam
em redor
receiam desafios (p. 74).

Para a humanidade sem inicial maiúscula. A meter bem fundo o dedo na ferida, para que sangre deveras:
de armas na mão
e drones no ar
sem tripulação
e sabem matar

corpo-computador
frio e desumano…
quem o manipula
diz-se um ser humano (p. 72).
Por isso, há
montes maninhos
verduras
transgénicas

frutas maduras
de intervenções
polémicas (p. 65).

Por aí vamos, embalados ao ritmo do soneto ou de rimas mais libertas, envoltas sempre, porém, numa suavidade que encanta.
Fazemos nosso o libelo contra os parasitas:
«Vérmina - disse o doutor, ao ser pelo doente consultado; vermes - disse o eleitor, ao ser, pelos que elegeu, parasitado» (p. 90).
Lamentamo-nos, evocando o Coriolano de Shakespeare:
«Eleito a falsas promessas, este no comando agora - ai, ai, Coriolano!... - eis, por fim, tudo às avessas, os cidadãos ao engano!» (p. 81).
Sentamo-nos ao relento com o sem-abrigo, a ver a Lua: «Tu tens uma cama quente», diz ele, «e a mim o que me ajuda é um travo de aguardente!» (p. 14).
Sonhamos ser o «construtor da habitação por vir, sem cerca ou alão de prevenir», porque «de todos tudo é e abundante será!» (p. 66); e sorriremos, confiantes de que, um dia, o «clarão aberto» vai mesmo deflagrar (p. 70), qual sereno desabrochar de «rosa rubra na lapela sobre o peito» (p. 92). Cumprir-se-á, assim, uma «última vontade», porque, entretanto, «da tundra ao Tibete», tu «disseste ao meu ouvido: ‘Amo-te!’» «e, do deserto, a cheiro a menta se evolou aos cumes mais elevados»… (p. 79).
É assim a poesia de Fernando Miguel Bernardes - na perspicaz atenção crítica ao que o rodeia. E as suas palavras são sibilantes flechas certeiras; o objectivo: pôr de novo inicial maiúscula na palavra Humanidade, ao lado de uma outra, que com ela deve rimar também: a Liberdade!

José d’ Encarnação

Poemas Ocasionais

de Fernando Miguel Bernardes

Propriedade Descrição
ISBN: 9789728910747
Editor: Mar da Palavra
Data de Lançamento: dezembro de 2016
Idioma: Português
Dimensões: 145 x 205 x 7 mm
Encadernação: Capa mole
Páginas: 104
Tipo de produto: Livro
Classificação temática: Livros em Português > Literatura > Poesia
EAN: 9789728910747

SOBRE O AUTOR

Fernando Miguel Bernardes

Fernando Miguel Bernardes nasceu em Gândara dos Olivais, Leiria. Frequentou as Universidades de Coimbra e Clássica de Lisboa.
Como engenheiro geógrafo, e bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, fez uma pós-graduação em Cálculo Científico.
Docente do ensino superior, foi também técnico superior de Sistemas Informáticos, e director de departamento na Função Pública, na área da Cultura.
Co-fundador da Organização dos Trabalhadores Científicos, é sócio activo de instituições científicas e culturais como a Sociedade de Geografia de Lisboa, com incidência na secção de Física Matemática e Cartografia, ou a Associação Portuguesa de Escritores, de cuja Direcção é membro efectivo.
Integra e coordena habitualmente júris de prémios literários de âmbito nacional e internacional. Antes do 25 de Abril, assumindo na prática posições coerentes com a sua ideologia, foi várias vezes preso, julgado e condenado, tendo cumprido as sucessivas penas em cadeias políticas de Coimbra, Porto, Lisboa e Caxias. Mais tarde, foi-lhe reconhecido, pela Assembleia da República, o "mérito excepcional da contribuição dada à defesa da Liberdade e da Democracia".
Como seguimento da publicação dos seus livros para a infância e juventude, vem visitando escolas do Ensino Básico por todo o País, para, com as crianças, os pais e os professores, ler e comentar e dramatizar alguns dos seus textos, previamente explorados nas respectivas turmas.

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