Os Otimistas
de Rebecca Makkai
Sobre
o LivroNuma tarde de novembro de 1985, um grupo de amigos reúne-se em Chicago. Bebem cubas-libres ao som de Fly Me to the Moon num ambiente de celebração forçada. Pois Nico morreu. Nico era brilhante e belo. Flores e lágrimas não lhe farão justiça.
A missa fúnebre decorre numa igreja a trinta quilómetros de distância. Apenas a família - que o abandonara anos antes - está presente. É uma cerimónia breve marcada pelo constrangimento.
Jovem e gay, Nico é uma das primeiras vítimas que o vírus da SIDA faz no seu círculo de amigos. Um dos mais próximos, Yale Tishman, acompanhou-o até ao fim e vive agora entre o medo da doença e a urgência de construir um futuro. Mas enquanto a sua carreira floresce, a sua vida pessoal vai ficando cada vez mais limitada. Um a um, Tishman vê os amigos perderem a vida. Até restar apenas Fiona, irmã mais nova de Nico.
Trinta anos mais tarde, reencontramos Fiona, agora em Paris.
Alojada em casa de um velho amigo, Richard Campo, um fotógrafo que documentou de perto a epidemia de Chicago, Fiona relembra a sua juventude. A sua capacidade de amar - a filha que entretanto teve, o marido que abandonou, os amigos que sobreviveram - foi modelada por esses anos.
Todos se afastaram, deixando-a só para enfrentar as consequências de três décadas ensombradas pela perda.
Os Otimistas, é um livro ambicioso sobre um tema com pouco tratamento na literatura traduzida - a crise do VIH/SIDA em São Francisco dos anos 80. Transitando entre essa época e a atualidade, a narrativa é fácil de seguir, com uma escrita simples e fluída. Há algumas linhas narrativas paralelas que são desnecessárias e que tornam, por vezes, o que poderia ser um belo romance sobre a luta pelos direitos LGBT e as adversidades que tiveram de enfrentar, numa confusão, ficando o leitor confuso sobre o que é importante e o que é acessório, o que é importante retirar, e o que podemos ignorar. É Possível em certos momentos sentir a confusão, o medo de todos os envolvidos. a certeza que a morte os esperava, o receio até de utilizar as mesmas casas de banho. E isto não apenas nas classes mais desinformadas da população. Relativamente às personagens, acabam por ser pouco desenvolvidas, estando demasiado coladas a arquétipos de pessoa, do que a indivíduos únicos com personalidades profundas e comoventes. Ainda assim, apaixonamo-nos um pouco por elas, e sofremos com elas, nas mortes injustas e ignoradas pela sociedade da época.
História incomum ocorrida em dos espaços temporais. Descreve o impacto que o vírus do HIV teve (e continua a ter), numa época em que era tabu e preconceito. Quase a terminar o livro...