O Afinador de Pianos

de Daniel Mason

editor: Edições Asa, abril de 2003
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Um primeiro romance extraordinário. Um grande sucesso internacional.
O Afinador de Pianos é o primeiro romance de Daniel Mason, um jovem escritor norte-americano, alvo de excelentes críticas, que está também a ter um grande sucesso a nível internacional, particularmente em Espanha. Edgar Drake, um jovem afinador de pianos, é enviado, no final do século XIX, pelo Ministério da Guerra britânico, para a selva da Birmânia, onde um raro piano necessita de afinação. O instrumento pertence a um oficial cujos métodos pacificadores pouco ortodoxos – poesia, medicina e música – trouxeram uma acalmia à região, mas suscitaram reservas por parte dos seus superiores. Na sua viagem através de um mundo até aí totalmente desconhecido, Edgar conhece soldados, místicos, bandidos, contadores de histórias… e uma mulher tão fascinante e enigmática como o próprio major médico em cujo forte, num remoto rio birmanês, vai encontrar uma realidade mais misteriosa e perigosa do que alguma vez poderia imaginar.

O Afinador de Pianos

de Daniel Mason

Propriedade Descrição
ISBN: 9789724135724
Editor: Edições Asa
Data de Lançamento: abril de 2003
Idioma: Português
Dimensões: 155 x 234 x 20 mm
Encadernação: Capa mole
Páginas: 352
Tipo de produto: Livro
Classificação temática: Livros em Português > Literatura > Romance
EAN: 9789724135724
Idade Mínima Recomendada: Não aplicável
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o afinador de pianos: perspectiva oitocentista

isabel filipa bogalho Feminino martins

O distanciamento histórico da acção de uma narrativa contemporânea constituiu um desafio tanto para o escritor, como para o leitor. Dessa forma, apesar do acesso a múltiplas fontes históricas e da possibilidade de elaborar e/ou aceder a uma análise retrospectiva dos factos à luz de um conhecimento amadurecido pelo tempo, a produção literária não se encerra no simples relato enciclopédico. Cabe ao escritor extrair a essência da época a que se reporta e, mediante os recursos da sua arte, reconstruir um universo vivo e dinâmico, composto por personagens, pensamentos, acontecimentos, espaços, odores, sons, entre tantos outros elementos, cuja harmonização incita a uma experiência literária enriquecedora. Em “O Afinador de Pianos” Daniel Mason embarca o leitor numa viajem à Birmânia de finais do século XIX, período dominado pelo imperialismo e capitalismo burguês da Inglaterra vitoriana. Para tal, recorre a um estilo narrativo de cariz realista e impressionista, cuja aproximação, intencional ou não, às correntes literárias que então germinavam, enaltece o espírito oitocentista da obra. A acção decorre em torno de Edgar Drake, afinador de pianos, contratado pelo Ministério de Guerra britânico para afinar um Erard de cauda de 1840 que havia sido enviado para a Birmânia a pedido do major médico Anthony Carroll, comandante do posto de Mae Lwin, (re) conhecido por promover a paz nos Estados Shan através da música, da ciência e da poesia. Ainda que alguns dos altos responsáveis do exército britânico considerassem tais métodos pouco ortodoxos, a importância estratégica daquela região para a preservação da fronteira oriental e a capacidade governativa de Carroll, que “conseguiu mais do que vários batalhões teriam conseguido”, tornou imprescindível a sua manutenção no cargo e, por consequência, o envio de Edgar para a Birmânia. Importa salvaguardar que, apesar do título indiciar uma temática eminentemente relacionada com a música, esta obra possui um âmbito mais vasto, retratando o ambiente político, social e cultural do século XIX. Segundo Daniel Mason[1], a ideia de integrar um piano na história surgiu de forma algo aleatória, tendo por base relatos da época alusivos ao hábito de transportar utensílios mecânicos ocidentais para a selva e a construção da sumptuosa Opera House em Manaus[2]. Assumido o carácter oitocentista da obra, afloram de imediato características do Romantismo, perfilado página a página não só em termos musicais, como também literários e filosóficos. Percy Bysshe Shelley, um dos maiores poetas britânicos do período romântico e autor de Ozymandias[3], Liszt, Verdi e Rossini são algumas das figuras de vulto que integraram esta corrente e com as quais nos deparamos ao longo da narrativa. Apelando a uma retrospectiva histórica, sobretudo no que diz respeito à arte, denota-se claramente uma tendência evolutiva determinada por pólos opostos cujo predomínio, num ou noutro sentido, alterna de época para época. Dessa forma, e sobretudo do ponto de vista da História da Música, ainda que o termo Romantismo se aplique às manifestações artísticas do século XIX, é possível estabelecer paralelismos com outras épocas, de que é exemplo o período Barroco. Indo um pouco mais longe nesta comparação, poder-se-ia mesmo inferir que o Barroco está para o Renascimento assim como o Romantismo está para o Classicismo do século XVIII. Situando-nos na Londres vitoriana por onde Edgar Drake deambula no início da narrativa, uma cidade matizada pelos vapores da revolução industrial, na qual os “austeros corredores de mármore de Whitehall” rodeados por “casacas negras e cartolas” contrastam com o operariado e com as “figuras dispersas” que apressadamente regressam a casa “pela sombra e pela obscuridade”, vislumbramos uma cidade de contornos contemporâneos, cujo aumento da densidade populacional remetera os seus cidadãos para o anonimato, apelando cada vez mais a um individualismo em tudo característico das urbes modernas. Para além disso, o século XIX, imbuído pelos ideais iluministas, assiste ao triunfo do cientismo, do empirismo e do positivismo comtiano, aspectos não menos considerados neste romance. Destacam-se, neste sentido, as múltiplas referências às inovações de Erard, a alusão às teorias Darwin e, ainda que de forma indirecta, o florescimento do sector dos transportes e o consequente aumento da mobilidade de pessoas, bens e capitais, resultantes do desenvolvimento dos caminhos-de-ferro e das companhias de navegação transcontinentais. É neste contexto sócio-económico que o Romantismo surge na história da música. Dessa forma, como reacção ao materialismo vigente, a música aspira a um plano metafísico, sucedendo-se ao equilíbrio, rigor, clareza, ordem e autodomínio do Classicismo, o primado da emoção e subjectivismo, o desequilíbrio entre razão e sentimento, o desejo de liberdade, a busca do inatingível e a solidarização com a natureza, na qual o homem procura fôlego e inspiração renovados. Para além disso, importa também referir o particular interesse dos compositores oitocentistas pelo folclore nacional e pelo exotismo, consistindo o seu principal objectivo na criação de uma imagem musical, concebida através da utilização de determinados recursos expressivos, de que são exemplo as escalas de tons inteiros, e da escolha criteriosa de instrumentos cujo colorido proporcionasse uma representação mais fidedigna dos ambientes recriados. Na obra em análise, este gosto pela evasão e exotismo é representado pelo fascínio de Edgar Drake pelo mundo oriental e, mais especificamente, pela sua música. A melodia “misteriosamente dissonante” tocada num saung[4], o som plangente do hneh[5], os tambores, os címbalos, a canção de luto ngo-gyin, entre outros exemplos que aqui poderiam ser referidos, enlevaram este afinador de pianos, revelando-lhe um mundo sonoro inteiramente novo, distinto da música erudita ocidental. Se, inicialmente, procurou reconhecer nesta última o sentido melódico da música birmanesa, cedo reconheceu que aquele povo tinha “a sua própria arte, a sua própria música”. É essa percepção que justifica o facto de que, ainda que o Cravo Bem Temperado de Bach, dotado de uma universalidade resultante do seu carácter matemático, intrínseco à “complexidade (…) dos padrões sonoros”, constituísse um importante legado da civilização europeia, a música que viria a escutar e a tocar no piano num dos momentos finais da obra fosse o ngo-gyin. Naquele momento só ela, e não uma música de Bach, parecia adequada, vislumbrando-se, ainda que de forma subtil e certamente discutível, alguns dos princípios da etnomusicologia do século XX. No seguimento da caracterização que vem sendo feita, poder-se-ia ainda justificar a escolha de Bach à luz do historicismo oitocentista. O gosto renovado pelo período medieval e pelo passado de forma global promoveu o conhecimento e investigação no âmbito da História da Música, denotando-se um especial interesse pelas obras de Bach e Palestrina. Apesar das notáveis diferenças entre o Romantismo e o Classicismo, importa salientar que estas duas correntes não se sucedem em ruptura mas sim em continuidade. Se a obra de Beethoven perspira características eminentemente românticas, também nas obras oitocentistas se reconhece a influência do Classicismo, nomeadamente no que diz respeito à utilização de um “vocabulário básico comum de harmonias e [de] convenções básicas comuns nos domínios da progressão harmónica, do ritmo e da forma” (Grout

Daniel Mason

Daniel Mason fez o bacharelato em Biologia, em Harvard, e passou um ano a estudar a malária na fronteira da Birmânia com a Tailândia, onde uma grande parte de O Afinador de Pianos, o seu primeiro romance, foi escrito. Estuda actualmente Medicina na Universidade da Califórnia, em São Francisco, enquanto ultima um novo romance que terá Pedro Álvares Cabral como protagonista.

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