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Júlio Pomar - Desenhos para Guerra e Paz de Tolstói

de Júlio Pomar

editor: Althum.com, novembro de 2018
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Reedição de uma obra fundamental

É com grande sentido de responsabilidade que escrevo este prefácio para a reedição do livro que promoveu o feliz encontro entre duas personalidades ímpares do nosso Portugal contemporâneo: Júlio Pomar e João Lobo Antunes. O pretexto para este rendez-vous surpreendente, como é sabido, foram os estudos dos desenhos com que Júlio Pomar ilustrou a edição do livro Guerra e Paz, de Tolstói, traduzido por João Gaspar Simões e publicado pela primeira vez, em Lisboa, em 1958.

Se, como João Lobo Antunes anunciava no Prefácio original, «Todo o livro tem uma biografia, muitas vezes exposta num prefácio que o procura explicar, sem cuidar de saber se o livro gosta que o expliquem», neste caso, como a reedição desta obra não carece de qualquer explicação, a minha tarefa está mais facilitada.

Dos estudos originais de Júlio Pomar, mais de 70 foram autonomamente publicados, em 2003, numa publicação em que João Lobo Antunes, mais do que prefaciar, ilustrou não apenas a capacidade do pintor e amigo em ultrapassar a própria geometria das formas, que os seus desenhos denunciam, como também, pelo caminho, toda a sua própria erudição, humanismo e empatia com a realidade envolvente.

Sobre a vida e a obra de Júlio Pomar, salienta-se a sua capacidade de nos transportar imediatamente para uma realidade esteticamente conformada que não é alheia à relação entre a teoria e a prática ou a política e a arte, que interiormente o caracteriza. Como admiravelmente exprimiu Mário Dionísio, um dos seus maiores admiradores, em Júlio Pomar a «revolução na rua» e a «revolução na tela» encontram-se indissociavelmente ligadas.

Ainda hoje, com efeito, a sua obra - que vai do neo-realismo ao expressionismo e ao abstraccionismo e da pintura à crítica da arte, passando pela azulejaria, pela tapeçaria, pela cerâmica, pela gravura, pela cenografia e pela escultura - tanto pode ser vista em exposições e em museus como em edifícios e em espaços públicos, mantendo viva essa vontade de intervir na realidade através da arte, objectivo que também caracteriza a acção da Fundação Calouste Gulbenkian.

Não terá sido estranho, por isso, que o percurso de Júlio Pomar se tenha tantas vezes cruzado com o da Fundação, desde o tempo em que o ainda jovem pintor foi nosso bolseiro, em Paris, passando pelas várias exposições que fez ou em que participou tanto no Centro Cultural da Fundação, em Paris, como no Museu Calouste Gulbenkian, em Lisboa, onde a sua obra continua merecida e relevantemente representada na sua Colecção Moderna.

João Lobo Antunes, do mesmo modo, foi um amigo muito estimado da Fundação, com a qual tantas vezes generosamente colaborou e à qual emprestou sempre a sua inteligência, dedicação, sensibilidade e conselho sábio. Profundo conhecedor da sociedade, das instituições e das pessoas, a ele recorremos em alturas importantes e difíceis da vida da Fundação. O seu contributo, em muitos casos, para além de enriquecer e dar robustez às decisões que pretendíamos tomar, antecipava os problemas que a sociedade iria enfrentar no futuro, o que dava à sua opinião um valor inestimável, sobretudo para uma organização filantrópica como a nossa, que se preocupa em identificar e enfrentar hoje os problemas que estão para lá do tempo presente.

O prestígio de João Lobo Antunes na academia, nas ciências biomédicas ou nos meios da saúde davam-lhe uma mundividência que também se reflectia na sua qualificada experiência de neurocirurgião. Professor, intelectual e médico, mas sobretudo um profissional muito humano, atento, disponível e tranquilizador, um humanista sensível e compassivo, que deu conforto e esperança a tantas famílias. A um invulgar espírito de missão, João Lobo Antunes juntava assim um exemplar sentido de serviço público, bem como, naturalmente, o brilho dos predestinados por muitos talentos, que não os guardaram para si, mas que os souberam desenvolver e colocar ao serviço de Portugal e dos portugueses.

Por todos estes motivos, a Fundação associou-se e apoiou a reedição deste livro há muito esgotado, prefaciado por João Lobo Antunes, esperando também contribuir para promover o conhecimento de Guerra e Paz, essa obra fundamental da natureza humana a que tantas vezes regressamos.

Isabel Mota
Presidente da Fundação Calouste Gulbenkian

Uma das características de qualquer obra de qualidade, seja na literatura, na música ou na pintura, é inspirar em nós o desejo evangélico de a partilhar. Por isso não posso deixar de dizer que se este livro serve algum propósito, ele deveria ser o de despertar, em quem o folhear, o desejo de ler a obra-prima de Tolstói. Só assim se apreciará plenamente as ilustrações de Pomar e perceberá como ele conseguiu extrair-lhe a essência, penetrar até à medula, para depois a transmudar numa expressão plástica diferente e original. Entenderá também a razão porque a memória não deixou que ele esquecesse estes estudos e lhe segredou no momento certo que algures, no cafarnaum do seu atelier, repousavam as legendas que ele havia escrito para uma das mais geniais criações do espírito humano. Elas aqui estão agora, para nosso encanto, revelando mais uma face, esta longamente velada, da obra de um Mestre.

João Lobo Antunes

Júlio Pomar - Desenhos para Guerra e Paz de Tolstói

de Júlio Pomar

Propriedade Descrição
ISBN: 9789896831431
Editor: Althum.com
Data de Lançamento: novembro de 2018
Idioma: Português
Dimensões: 249 x 294 x 18 mm
Encadernação: Capa dura
Páginas: 168
Tipo de produto: Livro
Classificação temática: Livros em Português > Arte > Design e Ilustração
EAN: 9789896831431
Júlio Pomar

Júlio Pomar (Lisboa, 10 de janeiro de 1926 — Lisboa, 22 de maio de 2018). Frequentou a Escola de Arte Aplicada António Arroio e a Escola de Belas-Artes do Porto. Lá, integrou um movimento que se autointitulava «Os Convencidos da Morte» e organizou a primeira Exposição da Primavera, no Ateneu Comercial, com a participação de artistas antifascistas. Em 1950, realizou em Lisboa uma exposição individual na Sociedade Nacional de Belas Artes, onde apresentou obras marcantes da pintura portuguesa. Até 1975, o seu trabalho incide principalmente no retrato, com recurso ao desenho e à pintura. Substituiu o óleo pelo acrílico. Tem uma Fundação com o seu nome.

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Júlio Pomar: Ver, Sentir, Etc.

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