Jóquei
SINOPSE
AMAR NESTE LUGAR
Lembro-me muito bem do tal cantor basco
que costumava celebrar a chuva no verão
Não ligava quase nada para as conspirações
que recorrentemente se faziam ouvir
debaixo das arcadas noturnas da cidade
naquela época do intermezzo lunar
Foi já depois do fascismo, um pouco antes
da democracia enfaixada em magnólias
O cantor, as arcadas, o perfume e os disparos
me ensinaram que se deve aproveitar a época
de transição para destrinçar o brilho
As revoluções sempre foram o lugar certo
para a descoberta do sossego:
talvez porque nenhuma casa é segura
talvez porque nenhum corpo é seguro
ou talvez porque depois de encarar uma arma
finalmente possa ser possível entender
as múltiplas possibilidades de uma arma.
AVARANDADO
Quarta nota para
a manhã infinita:
Afinal o grande amor
Não garante nada mais
Do que as 12 graças
Desdobradas pelos
Corredores do mundo
Agora isso é mais
Do que suficiente
E apesar dos bofetões
Do tempo invertido
Apesar das visitas
Breves do pavor
A beleza é tudo
O que permanece.
CRÍTICAS DE IMPRENSA
«Jóquei, o primeiro livro de poemas de Matilde Campilho, é um álbum de Verão. Um Verão de todas as estações, transatlântico, luso-brasileiro na topografia Rio-Lisboa, com um português em dupla nacionalidade e dupla grafia, coloquial e feliz, saudoso e complicado. Os poemas, em verso e prosa, assemelham-se a climogramas, medem atmosferas e temperaturas. Contam muitas vezes histórias de trintões com a coragem de adolescentes, meninos e meninas em mergulhos desmedidos e destemidos, com deslumbramentos e desapegos, amores mercuriais, ternuras e enigmas. Isto são poemas, diz-se a dado passo, mas de que fala um poema? De tudo: botecos e viagens, Eliot e o «Financial Times», a vibração de um corpo humano e um emblema da Federação Uruguaia de Esgrima. Entusiasta e inventivo, «Jóquei» recorre a diminutivos e hipérboles, a enumerações e anáforas, a uma imagética fulgurante e a bastantes referências herméticas, quase sempre para nos garantir que «esta coisa da alegria ainda vai dar muito certo». É uma crónica (ou crônica) do achamento, que descobre um novo mundo numa antiga língua comum.»
— Pedro Mexia
DETALHES
Propriedade | Descrição |
---|---|
ISBN: | 9789896712136 |
Editor: | Tinta da China |
Data de Lançamento: | maio de 2014 |
Idioma: | Português |
Dimensões: | 146 x 197 x 10 mm |
Encadernação: | Capa mole |
Páginas: | 144 |
Tipo de produto: | Livro |
Classificação temática: | Livros em Português > Literatura > Poesia |
EAN: | 9789896712136 |
OPINIÃO DOS LEITORES
vento de verão
Rui Vieiro
matilde campilho, apresenta-nos poesia e prosa, que não pede licença por ter chegado, instala-se, e nós de supressa vamos ficando página após página. uma novidade e um prazer, muito bom.
O Verão em poemas
Manuela Cunha
Poemas a saber a água de côco, mergulhos no mar, amores e desamores e uma língua só, ainda que metro seja bem diferente de metrô. O "Veleiro" e "Um coração que mora dentro do olho do Jaguar". Porque sim. E, no fim de contas, haverá diferenças entre a poesia e um alfinete na imaginação? Assim, o li.
Meteorito
VLPM
Um meteorito, como já outros escreceram. Não nos escapas, Matilde, tu e o Tomás, no pingue-pongue dominical, das ondas hertzianas. Obrigado pelo alimento. Recomendo, muitíssimo.
Um pé cá, outro lá...
J. P.
Mais do que uma ponte criou-se um túnel entre o fado e o samba, no interior dele brota como árvore híbrida a poesia de Matilde, que é de um realismo adocicado, como há muito não se via no contexto da poesia em língua portuguesa...
Excelente
Ana Bastos
Esta obra de Matilde Campilho veio alterar para sempre o conceito de poesia. Ana
Genial
Ana Torres
Dos melhores livros de poesia lidos nos últimos tempos.
Refrescante!
Gabriel Carvalho
Com referências jovens, da sociedade global, da melhor poesia lusófona, dos autores portugueses ao calor brasileiro, os sons da poesia de Matilde Campilho são justamente uma novidade a não perder.
Fado de Roda
GT
Excelente descoberta.Matilde Campilho traz um novo sotaque e ritmo à poesia portuguesa.
Jóquei
Leonor
Este Jóquei da Matilde Campilho, é poesia muito pop; é contemporâneo, simultâneamente urbano e intimista, feito de amigos, espaços que se sentem do som ao cheiro. Há memórias, há homenagens a poetas, há o purple rain do prince, há Portugal e o Rio atravessados por uma paisagem intimista que é só da Matilde. Há tudo o que faz da poesia um lugar de estar bem, com a pitada de desafio que nos obriga sempre a uma leitura mais atenta. Há aquele ritmo balançante do português que tropeça na maneira única de dizer que vem do Brasil, todo ele quente e feito de palavras lá deles. É adorável. Não o consigo largar.
Soberbo
GT
A maior surpresa na poesia portuguesa dos últimos anos.A escrita de Matilde Campilho é fresca e rompe as barreiras entre Portugal e Brasil.Vivamente recomendada a sua leitura.
QUEM COMPROU TAMBÉM COMPROU