Em minúsculas
de Herberto Helder
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Sobre
o Livro
Sinopse
Embora não esteja aqui coligida a totalidade das suas colaborações, todos os textos deste livro foram publicados no Notícia - Semanário Ilustrado, no período em que Herberto Helder viveu em Luanda. Correspondem a pouco mais de um ano de colaboração - entre abril de 1971 e junho de 1972 - em que o poeta assinou como Herberto Helder e Luís Bernardes (ou respetivas iniciais).
Críticas de imprensa
«aqui não vamos ler apenas uma fase pouco conhecida de Herberto, vamos rir, rir muito, porque este livro é humor à primeira vista. Pela nossa saúde que é.
Não é um humor qualquer, é Humor Herberto Helder, três agás maiúsculos de seguida em crónicas hílares como «Um passeio no campo» [...]
[…]
Esta «coletânea» de Herberto celebra a alegria de estar no mundo. Esse é um voto «porventura ingénuo, mas que constitui precisamente o fundamento fervoroso e dramático da utopia.»
Pedro Santos Guerreiro, Expresso
A construção destes textos preocupa-se tanto com a forma, erguidos num português rigoroso e ginasticado, como com uma abordagem pessoal, um olhar, por vezes um dedo apontado, até. Há expressões que ganham novas vidas, sempre protegidas por uma poética constante [...].
Time Out (5 *****)
Nas páginas de «em minúsculas», de novo, tudo emerge em superlativo, numa narrativa herbertiana que, além de traduzir a inquestionável genialidade da sua escrita, nos oferece um olhar tremendamente crítico sobre as sociedades angolana e portuguesa.
Jornal da Madeira
[...] Herberto Helder revela a [visão] do seu tempo nestes vários escritos, muito menos depurados do que a poesia que irá criar até ao fim da vida, mas clarificadores do seu pensamento sobre o mundo e a realidade em que vive nesse início dos anos 70.
Diário de Notícias
Opinião
dos leitoresDetalhes
do Produto
Em minúsculas
ISBN
978-972-0-03054-2
Editor:
Porto Editora
Idioma:
Português
Dimensões:
146 x 207 x 20 mm
Encadernação:
Capa dura
Páginas:
200
Tipo de Produto:
Livro
Classificação Temática:
Livros em Português
> Literatura
> Crónicas
O livro "Em minúsculas" reúne as crónicas e reportagens publicadas por Herberto Helder no "Notícias - Semanário Ilustrado" de Luanda, entre Abril de 1971 e Junho de 1972. No prefácio sugere-se que foram realizadas para o autor poder viver em Angola. Porque os poetas também são "quotidianos e tributáveis", como no poema “Lisbon Revisited” (1923) de Fernando Pessoa. É a "Literatura Comestível" de Herberto Helder, em sintonia com o seu primeiro editor Luiz Pacheco. O título "Em minúsculas" poderá antever tratar-se de prosa menor de um poeta maior. É e não é. O livro é perpassado por uma subtil e inteligente ironia, por vezes com laivos surrealizantes. Encontram-se textos que são verdadeiras pérolas, dos quais destaco: "Maiúsculas e minúsculas", descrição mordaz dos tiques, presunções e tráfico de influência da classe dos jornalistas; "Vê o que fizeram da minha canção, mãe..." entrevista-armadilha a Carlos do Carmo, em que o autor, assumindo o seu preconceito em relação ao fado, vai ficando rendido à inteligência do entrevistado; "A maquinação da insónia", ode à capacidade empreendedora de certos homens; e "Um passeio ao campo", relato hilariante de um clássico do futebol no Estádio José Alvalade, entre Sporting e Benfica. De estranhar (ou não, devido à censura prévia então praticada) é a ausência quase total de referências à guerra colonial que singrava em Angola.
Herberto Helder foi um autor reconhecidamente cioso da obra própria, que em contínuo decantou e rescreveu. De um artista assim, tão metódico a arrumar o que produzia, pode supor-se que se algo decidiu excluir do formato livro, terá sido por algum honorável motivo. Não obstante, a dimensão do poeta e da obra que deixou aos vindouros talvez justifiquem que os que lhe sobrevivem tenham acesso a parte do material que o próprio escolheu não editar em livro. Sempre e quando esse regaste aporte algo à compreensão ao valorize o que o poeta editou. Por compilar textos já publicados e organizar de algum modo a cronologia da passagem de HH por Angola, “em minúsculas” poderia ter o potencial de acrescentar algo à definição do autor como personagem de carne e osso, portador de um olhar crítico sobre a realidade, ao mesmo tempo que seria sem dúvida capaz de a descrever (essa realidade e a sua visão sobre ela) insuflando-lhe literatura. Não obstante, “em minúsculas” peca por falta de triagem e eventual enquadramento dos textos seleccionados para se afirmar como mais do que memorabilia para fãs. Se é verdade que algumas das crónicas aqui reunidas são bom exemplo do virtuosismo do autor no manejo das palavras e das ideias, outras não passam de apontamentos datados, sem fôlego para resistir ao dia seguinte à edição do jornal. Pior do que isso, mostram debilidades como o vício irritante da frase repenicada para rematar os textos. São prementes muitos dos temas que HH tocou nestes textos, e é exaltante alguma desta prosa, mas o total está longe de justificar um volume assim, de quase 200 páginas agasalhadas na sóbria capa dura, como um tesouro resgatado para os seguidores do Poeta. No total, as pepitas que se desgranam não chegam, infelizmente, para construir uma imagem da visão que o autor teria do Portugal colonial de 1970 nem acrescentam chama ao fogo da sua literatura (antes pelo contrário), o que é um péssimo serviço a quem tanto nos deu.
Neste livro póstumo, o poeta vira cronista (ou será o contrário) e oferece-nos uma série de artigos publicados aquando da sua estadia por terras de África, nos idos de 70 do século passado. Para quem é "antigo", surgem as memórias do país pequenino, mesquinho, sem horizontes mas com meia dúzia de tolos a pensar que viam tudo pelos outros. Para quem é novo, vale a pena ler porque ler quem pensa bem e escreve melhor só pode ser benéfico.
Quando chegarmos ao fim de 2018, "em minúsculas" de Herberto Helder irá, certamente, figurar como um dos livros do ano. Com uma prosa poética de alto nível, HH espicaça todos os seus leitores com o seu humor irónico, injeta pensamento e contemplação no reportar dos factos banais e quotidianos. Não deixa de ser irónico, contudo, que os jornais que tanto têm apregoado este livro, desde que foi publicado no início de maio, sejam também um dos seus principais alvos críticos. Uma leitura mais do que recomendada.
Livro póstumo que agrupa um conjunto de reportagens jornalísticos do grande poeta, a quando da sua estadia em Angola, entre abril de 1971 e Junho de 1972. A escrita jornalística é limpa e direta, com um humor e uma ironia sempre presentes e muito refinados. A qualidade das crónicas não pode ser comparável à escrita poética do autor, mas há um conjunto de peças jornalísticas de grande qualidade, que merecem releituras futuras. Também se trata de um documento da sua época - temporal, espacial e política.
Ler estas crónicas, artigos ou o que se lhe queira chamar escritos pela mesma mão que nos deixou obras notáveis pela sua beleza e "incompreensão imediata", é excelente. Como se lêssemos redacções de crianças da escola, como se lêssemos uma coisa lógica de sequência, como se não estivéssemos a ler Herberto. Só por isso vale a pena ler este livro notável de textos perdidos que agora felizmente pudemos achar. E que crónicas tão divertidas, retratos escritos, comprometidos tão rigorosos em Luanda... a ganhar a vida a escrever... Ainda bem! Assim até quem acha o H H "ilisivel, o vai poder ler de fio a pavio.