Apresentação do Rosto

de Herberto Helder

Livro eBook
editor: Porto Editora, maio de 2020
«Há a tentação de escrever um texto inabitável, uma espécie de mapa solitário e limpo, diante do qual o engenheiro da fábula não possa maquinar o seu empenho de aventura humana, com as palavras: aqui fica uma rua, aqui uma ponte, aqui um parque, aqui a mancha cerrada de sentimentos e ideias com o nome de bairro de gente.
Antes da escrita, alguém disse: um momento, engenheiro - eu amaria uma superfície destituída de enigmas, aonde ninguém chegasse, onde não houvesse uma casa paterna, sobretudo, e a perpetração da parábola do filho pródigo.
É um texto que se destina à consagração do silêncio, a gente já pensou tanto, já teve mãos por tantos lados, já dormiu e acordou - bom seria imaginar o espírito apaziguado, a reconciliação do pensamento com a matéria do mundo.
Mestre, não me dês um tema.
E então o texto principia a ser ferozmente habitado.
[...]

A publicação de ‘Apresentação do Rosto’ é um marco literário de 2020. Publicado originalmente em 1968, apreendido pela PIDE, nunca mais reeditado, tornou-se um objeto de culto.

Jornal Negócios

Mais de meio século após ter sido proibido pela censura Apresentação do Rosto — o mítico livro renegado de Herberto Helder —regressa para nos assombrar com a sua beleza terrível.

José Mário Silva, Expresso

Novidades Herberto Helder

«Apresentação do Rosto», o livro censurado de Herberto Helder

Apresentação do Rosto, de Herberto Helder Um «autoretrato romanceado» de Herberto Helder, publicado em 1968 e de imediato apreendido pela PIDE, a polícia política da ditadura, que considerou haver na obra «uma evidente carga de pornografia, que não podia de forma nenhuma ser tolerada», chega às livrarias ao fim de 52 anos.

Apresentação do Rosto, o mítico livro renegado foi agora reeditado pela Porto Editora tendo em conta as alterações feitas pelo autor. Este texto até agora desconhecido é considerado uma das confissões autobiográficas mais corajosas da literatura portuguesa.

Com encalços de poema em prosa, ensaio e autobiografia, a obra foge a qualquer palavra ou rede imaginativa que conceba o seu lugar, posicionando o leitor numa construção de mundos, um horizonte de aventuras em que cada um descobre o seu fogo. Despacho original sobre Apresentação do Rosto, 1968 «UM DIA O HOMEM ESTARÁ NU E INOCENTE» (p. 25) «Sabem o que vejo?
Mãos quentes e seguras que fazem desenhos sobre a mesa, no ar, na conversa.
Irmãs, primas, mulheres que atravessam um frio e nítido pomar de laranjeiras anãs, o cabelo húmido, o rosto grande aberto, o olhar muito vivo.
Enquanto sufoco com tanta beleza, eu, criança comovida, pequeno monstro sensível entregue às ciladas da falsa memória.
Na realidade, eu deveria estar no deserto, de pé, porque tudo é impiedoso, e eu sou impiedoso.
É preciso deitar fogo à ervas, as ervas altas, estar sobre areia, sobre cal.
Há uma pureza, decerto.
E não será feita com detritos, emoções fáceis, figuras repetindo gestos a que nos aplicámos a dar uma virtude – e que constituem depois o exemplo do tempo, do lugar, do acto.
A história que eu conto é esta.
Houve um engano nos nossos pensamentos, e do engano fizemos a alegria e a tristeza, chegámos a fazer a nossa força.
A pureza não deve ser a ingenuidade e a segurança com que a podemos ter.
Por isso falo de uma viagem onde é possível perder o próprio nome, e morrer disso.
E então viver. (…)» Comprar livro >

Apresentação do Rosto

de Herberto Helder

ISBN: 978-972-0-03279-9
Editor: Porto Editora
Ano: 2020
Idioma: Português
Dimensões: 145 x 207 x 20 mm
Encadernação: Capa dura
Páginas: 216
Tipo de produto: Livro
Classificação temática: Livros em Português > Literatura > Poesia
EAN: 978972003279911
Idade Mínima Recomendada: Não aplicável
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A mestria do artífice

Pedro Sobreda

A mestria poética de cada pensamento livre (quase autobiográfico), que finamente viu luz, depois de mais de 5 décadas...

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Para ler e reler

SB

Um autorretrato em prosa poética para ler de assentada, ou com parcimónia, dependendo do estado de espírito, da disponibilidade para apreciar o ritmo, a beleza e brutalidade, o fluxo estonteante das palavras. Não é a minha obra favorita de Herberto Helder, mas não deixa de ser essencial.

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Um rosto nas sombras

Bruno Pereira da Silva

O rosto que se dá a conhecer é tanto sombra quanto espelho

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"Não tenciono ser demasiado claro a respeito de coisa alguma"

Filipe Moreira

A citação, que surge ainda antes o primeiro quarto do livro, é a síntese perfeita da subversão ao exercício autobiográfico concretizada por Herberto Helder. Críptico, hermético, o poeta apresenta-se, tal como sempre - obscuro.

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Herberto Helder * Apresentação de um rosto

agostinho a. costa sousa

Uma reedição de um livro de contos que foi retirado do mercado pela censura do Estado Novo em maio de 1968, com uma escrita em prosa que dá alguns sinais das características que a poesia deste grande autor veio a apresentar.

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uma edição merecida

MLL

Esta é uma edição merecida para todos os leitores de herberto helder! Até agora era muito difícil aceder a este texto e com esta nova edição podemos ter acesso a uma faceta mais "pessoal" (dentro dos limites do autor).

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«Os poetas arrogam-se o direito de recomeçar o mundo.»

Emanuel Guerreiro

Feliz reedição de um dos primeiros livros do grande poeta, narrativa poética onde já se lêem os temas que encontraríamos na sua poesia: reflexão sobre o acto poético e a criação, mulheres, mãe, criança(s), morte, as metáforas e as palavras.

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Em carne vive

Ricardo Pereira Reis

Livro mítico de HH que se torou num objecto de culto. Neste texto, o autor concede-nos acesso à sua biografia metoforizada através de imagens fortes que nos remetem a livros como Photomaton & Vox ou Os Passos em Volta. Uma obra-prima da literatura portuguesa.

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Parabéns.

ademar costa

Fantástica edição de um fantástico poeta.

Herberto Helder

Herberto Helder nasceu em 1930 no Funchal, onde concluiu o 5.º ano. Em 1948 matriculou-se em Direito mas cedo abandonou esse curso para se inscrever em Filologia Românica, que frequentou durante três anos. Teve inúmeros trabalhos e colaborou em vários periódicos como A Briosa, Re-nhau-nhau, Búzio, Folhas de Poesia, Graal, Cadernos do Meio-dia, Pirâmide, Távola Redonda, Jornal de Letras e Artes. Em 1969 trabalhou como diretor literário da editorial Estampa. Viajou pela Bélgica, Holanda, Dinamarca e em 1971 partiu para África onde fez uma série de reportagens para a revista Notícias. Em 1994 foi-lhe atribuído o Prémio Pessoa, que recusou. Faleceu em Cascais a 23 de março de 2015, tinha 84 anos.

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