Conduz o Teu Arado sobre os Ossos dos Mortos
(6ª Edição)
de Olga Tokarczuk
Sobre
o LivroNuma remota aldeia polaca, a excêntrica Janina Duszejko, professora reformada, divide os seus dias a traduzir a poesia de William Blake e a observar os sinais da astrologia, fazendo por manter-se afastada das pessoas e próxima dos animais, cuja companhia prefere; mas a pacatez dos seus dias vê-se interrompida quando começam a aparecer mortos vários membros do clube de caça local. Certa de encontrar respostas, Janina decide lançar-se na investigação do caso, chegando a uma estranha teoria que espalhará o terror pela comunidade.
Sob a máscara de policial noir ou fábula macabra, Conduz o Teu Arado Sobre os Ossos dos Mortos é um romance mordaz e desconcertante que questiona a nossa posição acerca dos direitos dos animais e responsabilidade sobre a natureza, bem como todas as ideias preconcebidas sobre a loucura, a justiça e a tradição.
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The Telegraph
«Uma entre os poucos assinaláveis romancistas europeus a surgirem neste século.»
The Economist
«Uma surpreendente junção de thriller, comédia e tratado político, escrito por uma autora que combina um intelecto extraordinário com uma sensibilidade anárquica.»
The Guardian
Disfarçado sob a capa de um”whodoneit” clássico, a autora serve-nos , não sem humor diga-se uma reflexão sobre a vida nos nossos dias, a protagonista é sem dúvida uma de nós e as suas inquietações e problemas podem ser os nossos…se nos dermos ao trabalho de pensar…
A subtileza e beleza da narrativa construída por Olga Tokarczuk neste livro transportou-me para uma aldeia fria e nevada da polónia onde coisas estranhas têm vindo a acontecer. Que privilégio foi ter lido esta verdadeira obra de arte.
Fiquei agradavelmente surpreendida com a capacidade narrativa de Olga Tukarczuk e confirmo a excelência da sua escrita.
A calma de uma remota e pacata aldeia polaca vê-se ameaçada quando vários membros do clube de caça local aparecem mortos. Janina Duszejko, uma professora reformada, decide investigar as mortes e chega a uma teoria sobre a identidade do assassino. Mal tive conhecimento sobre este livro tive a sensação que seria um livro que iria adorar. A singularidade do próprio título conseguiu espicaçar a minha curiosidade. Quanto mais opiniões ouvia, mais me convencia desse facto.Claro que, como não podia deixar de ser, o receio de me sentir defraudada esteve sempre presente. Iniciei a sua leitura há algumas semanas (li apenas algumas páginas), mas na altura tive plena consciência de que não seria o momento mais adequado (por motivos pessoais) para prosseguir. Como tal, decidi adiá-la com o receio de que, caso continuasse, não conseguir apreciá-la devidamente nem lhe dar o merecido valor. Há livros que necessitam de um determinado estado de espírito e concentração para serem lidos e na altura sentia que não estava no meu melhor. Posteriormente, quando voltei a pegar no livro e comecei a ler desde a primeira página, concluí que essa foi a decisão mais acertada. “Conduz o teu arado sobre os ossos dos mortos” é uma história com um ambiente/narrativa que pode demorar um pouco a cativar o leitor, muito pela forma sui generis como está narrada. Admito que não me senti arrebatada desde o início, mas acabei a sua leitura completamente rendida. A autora tem uma forma poética de escrever, descritiva, subtil, por vezes irónica, por vezes divertida... Criou personagens cativantes e um enredo que, apesar de aparentemente não ser inovador, conseguiu ser narrado de forma diferente de tudo o que li até ao momento. A meu ver o que tornou esta história tão diferente e cativante foi a sua protagonista: Janina. Janina, uma professora reformada. Janina, apaixonada por poesia, por animais e por astrologia. Janina considerada, por muitos, excêntrica e até “maluca”. Janina, incompreendida por muitos devido à sua paixão por animais, pela sua paixão por astrologia e por passar grande parte dos seus dias a ler “os sinais”. Creio estarmos perante um rico exemplo de como a criação d´O Protagonista adequado faz toda a diferença. Há temas que nos são queridos e nos emocionam. Há personagens que nos cativam e deixam saudades. “Conduz o teu arado sobre os ossos dos mortos” passou a integrar os Favoritos do Ano. Lido em Novembro de 2019
Dos melhores livros que li até hoje e ja lá vão muitos anos. O livro cativa-nos desde a primeira pagina. Muito bem escrito, personagens muito divertidos. Aconselho vivamente esta leitura. A não perder
Livro grandes emoções, mostra outra realidade outra forma viver.
Pode ter outras leituras, mas - por mim - acho uma boa reflexão sobre o egoísmo humano, as suas corrupções e falta de respeito pelo seu semelhante, pela natureza e pelo ambiente. E a natureza acaba por vingar-se destes crimes dos humanos.
Desde o início da trama que somos seduzidos pela protagonista e narradora, uma reformada polaca a viver num ermo na beira da floresta próxima da fronteira checa. Habituada ao isolamento, ela tem alguns hábitos bizarros, como uma paixão por astrologia, mas a sua personalidade rica e complexa vai-se mostrando ao longo do livro, tal como a sua vida passada, e a "velha com suas maleitas a quem ninguém prestaria um segundo olhar de atenção" revela-se uma força indomável. Uma leitura muito fluída, que nos transporta para um ambiente rural centroeuropeu onde agora há subsídios da UE, mas na verdade pouco mudou e a cobertura da rede de telemóvel tende a falhar. A atmosfera do livro recordou-me alguma animação polaca que a RTP passava nos anos 80 (graças ao Vasco Granja). O valor da vida animal, a justiça, a cidadania ou a amizade são alguns dos pontos que o livro toca e nos faz questionar de forma brilhante.
Um dos melhores livros que li nos últimos meses. 5estrelas.
Excelentemente escrito e de fácil leitura. Um policial visto do lado oposto ao da investigação, mas incómodo pelas questões que levanta sobre o comportamento humano e a atitude da sociedade perante o sofrimento animal, assumindo a defesa deste e em plena sintonia com ideias do século XXI onde os direitos dos animais são colocados em pé de igualdade com o homem.
Por vezes, a literatura permite-nos conviver com personagens bizarras. Janina é uma dessas personagens: isolada numa aldeia no fim do mundo, consulta os mapas astrais daqueles com quem se cruza, lendo-lhes o destino, afirmando coisas que ninguém se atreveria a conceber. Vive presa num mundo que não é o seu, um mundo que não lhe parece certo e, sem se importar que a chamem de louca - munindo-se, até, disso como desculpa - enfrenta sem pestanejar tudo aquilo que considera desajustado, injusto. Através desta personagem, Olga Tokarczuk conduz, mais que um enredo cativante e divertido, uma crítica à sociedade polaca contemporânea, num sentido mais directo, e a todas as sociedades ocidentais, num sentido mais lato. Numa escrita muito simples, sem subtefúrgios, facilmente conquistará qualquer um.
muito boa prosa, de detalhes deliciosos e certeira caracterização dos nossos tempos. um policial assente numa "comédia improvável"