Biologia do Homem
de Jorge Reis-Sá
Sobre o livro
Sobre
o LivroCada um colhe da vida o que dela recolhe, o que equivale a dizer que cada um constrói o seu paraíso ou inferno no tempo que lhe cabe. Entre a sublimação e o exorcismo, em singular expressão e não menos rara temática, Jorge Reis-Sá, enquanto poeta, dir-se-ia reencarnar tanto o espírito de "Hamlet", quanto o de "Orfeu", na perseguição do ser amado que lhe escapou. Nenhum destes trajectos é fácil, sequer humano, na medida em que requer um trato com uma entidade superior, deificadora! E daí que ele humanamente profira: "Porque procuro no poema final e definitivo a face de Deus, todos os versos que escrevi me hão-de condenar ao inferno."
Urbano Tavares Rodrigues, das Artes das Letras (O Primeiro de Janeiro), 14 de Março de 2005
O tojo caindo o sol do fim da tarde. A caruma dos pinheiros traz as crianças para a infância, os velhos jogam à malha no caminho de Candeeira e as mulheres conversam junto aos tremoços, chamando-os, desde o coberto, para a merenda. A avó abre o postigo para ralhar aos moços, leva-os para a cozinha onde lavam as mãos do pó que a alegria trouxe. Iluminam-se na broa de mais um domingo encomendado à felicidade.
O tojo caindo o sol do fim da tarde. A caruma dos pinheiros traz as crianças para a infância, os velhos jogam à malha no caminho de Candeeira e as mulheres conversam junto aos tremoços, chamando-os, desde o coberto, para a merenda. A avó abre o postigo para ralhar aos moços, leva-os para a cozinha onde lavam as mãos do pó que a alegria trouxe. Iluminam-se na broa de mais um domingo encomendado à felicidade.