Agradar e Tocar
Ensaio sobre a sociedade da sedução
de Gilles Lipovetsky
Sobre
o LivroO desejo de agradar e os comportamentos sedutores parecem intemporais, uma vez que as espécies se reproduzem sexualmente. no entanto, a hipermodernidade liberal marca uma rutura importante nessa história milenar, uma vez que impõe às nossas sociedades a generalização do ethos sedutor e a supremacia dos seus mecanismos. As palavras de ordem não são restringir, ordenar, disciplinar, reprimir, mas sim agradar e tocar.
A economia consumista oferece diariamente anúncios atrativos que são dominados pelo imperativo de captar o desejo, a atenção e os afetos; o modelo educativo é elaborado para assentar na compreensão, no prazer, na escuta relacional; na esfera política, longe vão os tempos da convicção no poder da propaganda uma vez que se impõe a sedução por formas de comunicar através da imagem, completando a dinâmica de secularização da autoridade do poder. a sedução tornou-se a figura suprema do poder nas sociedades democráticas liberais.
Do tema e da capa, nomeadamente desta, já que o sapato da Joana Vasconcelos é um elemento da sociedade de sedução
Lipovetsky traça uma perspetiva diacrónica da sedução, desde o reino animal a sociedades tribais ou primitivas. Isto, talvez, para ajudar a compreender uma procura do agradar que se afigura genética, omnipresente e incontornável, que perpassa a sociedade atual, da política à educação. O autor entrevê frequentemente uma réstia de esperança ou otimismo, contrariando os mais acérrimos detratores do hiperindividualismo e da sedução.
A sua leitura é fundamental para a compreensão da sociedade em que vivemos hoje.