A Transparência do Tempo

Leonardo padura vence sucessivamente quaisquer engulhos que possa ter em relação ao género policial. De alguma forma, e neste livro também, consegue vencer a maniqueísmo típico das longas séries de detectives estilizados que marcam os últimos dois séculos da literatura mundial. Ainda assim, neste transparência do tempo, padura utiliza um expediente anteriormente testado em "hereges", que é precisamente a utilização intercalada de dois tempos em que a acção decorre (distantes cronológica e geograficamente) e se relaciona. Fá-lo, na minha opinião, com maior precisão e sentido, mas ainda assim, são dois volumes consecutivos com a mesma estratégia narrativa. Um pequeno grão em mais um apaixonante capítulo do agora sexagenário Mário conde, que, sem livros usados que lhe permitam ganhar a vida, se envolve numa investigação fascinante em busca de uma estatueta. Sempre cheio de charme, mais um livro imperdível de Leonardo Padura

O protagonista de Leonardo Padura, o ex-polícia Mário Conde, vive cada vez mais nostálgico a vida em Havana, num momento em que a cidade vai saindo da letargia em que esteve mergulhada.A história segue a tessitura habitual dos livros do autor , com personagens trazidas de outros livros e que surgem de novo, estabelecendo com o leitor uma singular proximidade.

Temos vindo a seguir desde sempre o seu personagem genuíno que nos dá a conhecer a vida difícil do povo cubano mesmo destes que vão tendo como se desenrascado. Uma leitura fácil e complexa em simultâneo, policial multifacetado, o detective e a pessoa, as tramas, os negócios pouco claros, uma mestria sem igual deste tão esperado novo romance de Leonardo Padura. Como nos habituou Mário Conde o detective com um gênio único e a pessoa fantástica com os amigos. Imperdível.