A Pluma Caprichosa I

As reflexões de Clara Ferreira Alves na sua crónica semanal da revista do "Expresso", intituladas "A Pluma Caprichosa" (título retirado do poeta O'Neill) tornaram-se "leitura obrigatória" de fim-de-semana. Uma escrita desempoeirada, irónica e apaixonada, um estilo muito próprio que foi criando ao longo dos anos, uma maior exposição que lhe veio dar mais notoriedade, fazem de Clara Ferreira Alves uma das cronistas mais lidas em Portugal. Uma parte dessas crónicas (1995-1998) surge agora reunida em livro (sairão, em princípio, mais 2 volumes). E, como diz Eduardo Prado Coelho (Público, suplemento "Mil Folhas", 12/1/02), " a publicação em conjunto produz efeitos que a leitura dos textos avulsos não tornara perceptíveis", ajudando-nos a perceber melhor a sua escrita e o mundo que nos rodeia. E do que fala Clara Ferreira Alves nessas crónicas? Da passagem do tempo, da morte, do quotidiano, da "vidinha", da política e dos políticos, dos seus escritores favoritos (Brodsky, Nabokov, Greene, Cardoso Pires, Agustina, Le Carré, Alexandre O'Neill, etc.), da realidade contemporânea. E também de si mesma. Ou, como dizia em recente entrevista ao "Expresso", só daquilo que conhece.

"Clara Ferreira Alves escreveu nestes últimos sete anos algumas das mais belas, inteligentes e comovedoras crónicas da Imprensa portuguesa, que têm o mérito de serem ao mesmo tempo das melhores páginas da literatura portuguesa contemporânea.
"(...) Com Clara Ferreira Alves encontramos a "cronista-tipo", capaz de nos dar três em um: o retrato acelerado de si mesma, como personagem gloriosa, neurótica e frustrante de um filme de Woody Allen; a mais arguta e furiosa análise da realidade contemporânea, com particular relevo para os aspectos mais berrantes da sempre surpreendente vidinha portuguesa (e percebemos que a Clara é uma leitora compulsiva de jornais, revistas e arredores televisivos); e, por fim, extensas praias onde o romanesco vai e vem como as marés, deixando na areia o rastro de destinos dispersos e desavindos com o mundo em que vivem."
Eduardo Prado Coelho, Público, suplemento "Mil Folhas"

" "A Pluma Caprichosa" é um livro deslumbrante e inteligente, para quem goste de literatura e esteja atento à vida. Até porque, como Clara o prova de modo brilhante, é difícil saber onde começa e acaba o quê."
N.M.G., Visão