A Modernidade

"A história do século XX foi definida por E. J. Hobsbawn como a idade dos extremos, talvez para significar os contrastes e os conflitos - ideais e efectivos - havidos, deixando que o observador da realidade olvide o sentido da sua participação. O resultado deste envolvimento dos significados dos eventos, das argumentações e das representações dos fenómenos naturais e artificiais determina a crise da certeza burguesa e o advento de uma época na qual a dinâmica vital e os contrastes ideológicos e conceptuais constituem a razão de ser da condição humana. (...) As duas guerras mundiais e as guerras civis, que caracterizaram o século XX, foram acompanhadas pelo advento de novos critérios de comportamento, como consequência de uma nova visão da realidade. A relatividade einsteiniana e a teoria quântica, na física; a desatinada aventura da personagem, na literatura; a arte informal, na pintura; a dodecafonia, na música, constituem as razões recônditas e evidentes da perda do centro do homem-massa, do homem das comunicações e das interferências a nível planetário. O internacionalismo e o regionalismo parecem conjugar-se, com a intenção de garantir à aparente uniformidade um regime de mobilidade que possa garantir a sobrevivência daquele património de conhecimentos pelo qual é possível distinguir pelo menos a cultura ocidental, a qual encontra no Mediterrâneo e no Atlântico as suas raízes e a sua força propulsora."