A Minha Europa Livro
de Maria Filomena Mónica
Sobre
o LivroEntre apontamentos de viagem e pormenores da sua vida, entre reflexões sobre a História e visitas a museus, entre comentários sobre as pessoas com quem se cruzou e críticas à burocracia europeia, Maria Filomena Mónica oferece-nos um olhar próprio sobre a Europa - a de ontem e a de hoje. Partindo de Portugal e passando por Espanha, conta-nos a forma como foi descobrindo o Continente para além dos Pirenéus: em Londres, Oxford, Paris, Roma, Florença, Berlim e, além de outros lugares, a cidade semi-europeia de São Petersburgo. A Minha Europa relembra o que tantas vezes tendemos a esquecer: o privilégio de se viver deste lado do mundo. «(...) por detrás da Europa padronizada - com apenas 60 anos - existe uma outra, a das grandes cidades e a das pequenas aldeias, a das nações antigas onde se fala uma única língua e a das cidades-estados com dialectos próprios, a dos povos que se sentem bem convivendo com gente diversa e a das regiões que não abdicam de ter uma cultura própria. «É nesta Europa que me sinto em casa.» «À minha maneira, sinto-me portuguesa e europeia. Gostava de pensar que a Europa saberá estar à altura dos valores que encarnou ou de que se reclama, mas, quando vejo o que se passa com os imigrantes, com o terrorismo e com a balbúrdia reinante na União Europeia, tenho dúvidas. Como escreveu Sá de Miranda, «Passam os tempos vai dia trás dia, / incertos muito mais que ao vento as naves».
A autora, com uma voz pessoalíssima, leva-nos aos sítios que a marcaram através dos seus amores e ódios. O fascínio da obra é exactamente o ser o oposto de um relato de viagens. É antes uma autobiografia ligada aos vários locais, uma manifestação de amores, como as óperas e os teatros, e de profundos desamores, como a correria através de monumentos de interesse turístico. Pelo meio, uma declaração de paixão profunda pela cidade que a acolheu para o seu doutoramento, Oxford.
Primeiro, e antes de más interpretações, eu achei o livro merecedor de ser lido, apesar de ser irritante, como provavelmente a autora pretendeu que ele fosse. Ela é provocadora por natureza e por vontade própria, e o livro é muito pouco sobre a Europa que se esperava que ela dissesse em que medida era a dela. O estilo personalista que adoptou leva-a a falar mais de si própria do que da tal Europa que afinal se resume, para ela, a meia dúzia de cidades e a algum do seu recheio. Ora a Europa não é apenas isto, e tudo o que falta será porventura o mais importante. O meu comentário seria mais longo, aprofundado e crítico, mas julgo que não é aqui o lugar próprio para o fazer.