A Culpa É Minha

a historia, forte e directa, continua bastante actual. e infelizmente recorda vários episódios que foram relatados nos meios de comunicação e que foram levados a tribunal. sendo contada na primeira pessoa, com todas as dúvidas, receios e incertezas, torna-se ainda mais pujante e mais real. e o final, depois da longa guerra com várias batalhas travadas, ser assim tão... vazio, remete-nos para o que é de facto a sociedade hoje em dia.

Este é um livro com uma história muito difícil de ler porque fala na violação e, no facto, de muitas vezes se achar que é necessário esconder o que aconteceu. No início da história, não conseguimos ter muita afinidade com a Emma porque é má, vazia e não tem empatia pelos outros. No entanto, depois da violação, conseguimos afastar esse sentimento e começamos a ter mais empatia por ela e só queremos que ela continue a lutar e que saiba que a culpa não é sua. O livro acaba por ser revoltante, assim como o final, mas retrata o que acaba por acontecer, muitas vezes, na vida real.

Há livros que têm como missão ensinar, alertar e lançar a discussão sobre temas fraturantes da nossa sociedade. O abuso sexual infelizmente ainda é entendido de forma errada por muita gente. É preciso falar sobre consentimento, é preciso falar sobre abuso, é preciso falar sobre assédio. Nesse sentido, este é um livro de leitura essencial, que aborda o tema sem o banalizar. Recomendo!

Uma história que nos revolta e que nos faz ter vontade de entrar livro dentro para dar uns abanões a algumas personagens.

A autora leva-nos numa viagem ao mundo dos jovens onde irreverência, necessidade de liberdade e afirmação se confundem, por vezes, com comportamentos ousados quase a tocar a ‘libertinagem’. Numa linguagem crua e dura, Louise aborda uma das temáticas mais complicadas da sociedade, a liberdade/relação/comportamento sexual, mas também valores como o da amizade, relação famíliar, o papel do ‘heroi desportivo’ que julga estar acima de tudo e todos. O enredo da obra foca a relação de 4 amigas que, numa primeira fase, se acredita inabalável. Contudo, Emmie aprenderá de uma forma muito dura que o valor da amizade é tão débil quanto as relações humanas e que, para o género masculino, comportamentos mais irreverentes e ousados são facilmente confundidos. A relação de Em com os rapazes, sobretudo os do mundo do desporto, quase a conduzirão ao suicídio e destruir-lhe-ão amizades e reputação. Em pleno século XXI, a obra “A culpa é minha” traz a nu as fragilidades da sociedade que, apesar de todas as alterações legislativas, foi incapaz de alterar comportamentos. O género continua a dividir a sociedade. Ser mulher não é sinónimo de igualdade. Louise mostra a necessidade de alterar mentalidades como garantia de igualdade e equidade. Sem isso, a mulher continuará a ser vista como ser humano de segunda classe, sem direitos nem deveres para os ‘Paul’ desta sociedade. “A culpa é minha” é, acima de tudo, um alerta para os jovens, para os pais, para os educadores. A justiça nem sempre está do lado da vítima.

De uma forma brutal e chocante este livro deixa-nos a pensar em realidades que muitas vezes esquecemos. É um livro difícil de esquecer que nos fica na memória muito tempo depois de terminado. Aconselho vivamente!

Não sei bem o que dizer acerca deste livro. Será que posso dizer que gostei, se ao terminá-lo estava em lágrimas e sentindo que me tinham arrancado o coração do peito? Será que posso avaliar este livro com adjectivos positivos, quando a cada página me sentia mais e mais destroçada? Várias pessoas descreveram esta história como um "murro no estômago", e temo que tenha de concordar. Não é um romance, nem uma leitura leve. Não tem um final feliz. Esta narrativa mostra de forma nua e crua o que existe de errado no mundo. Infelizmente, é uma história bastante dura e realista, mais actual do que nunca.