Vertigens

«Vertigens» faz-nos viajar até à ilha da Madeira através dos olhos e memórias de Ana Clara. Esta apresenta-nos de forma aprofundada a sua amizade com Anita, remetendo ao início da mesma nos anos 70/80 e, em especial, ao papel que era esperado que as mulheres desempenhassem nessa altura. O livro fala, entre tantas outras coisas, sobre amizade, saúde mental, violência doméstica e superação. Recomendo a leitura a quem goste de ler sobre estas temáticas.

“O que fazer ao transtorno da boca, ao vômito que se formava, ao plágio que o coração fazia de outros momentos de idêntica dor?”. . Uma leitura somos transportado para o mundo de duas mulheres distintas uma da outra, porém com amarras que não as deixam voar. Contada entre o passado e o presente, o que torna a leitura mais fluida. De uma poética e envolvente a a autora aborda temas como amizade, amor, vidência, saúde mental… mas acima de tudo ela nos fala sobre mulheres, suas lutas e superações. Um livro que desperta aos seus leitores várias emoções como raiva, revolta, empatia, tristeza, desilusão, esperança… Um livro que nos mostra o que é o perdão e acima de tudo o que é o volta a amar

“Vertigens” é uma masterpiece. Ponto. Escrito por uma escritora brilhante, inteligente, linda por dentro e por fora. Porque eu não conhecendo a Valentina, é assim que a vejo após ler esta obra. O Funchal com que sempre sonhei ali para eu me poder deleitar. Há muitos anos que não lia algo tão bonito, tão honesto, tão puro, mas ao mesmo tempo tão pormenorizado da realidade de outros tempos, outras épocas, que se cruzam com o que vivemos atualmente. Porque os temas são atuais, retratando a tão importante e necessária liberdade e emancipação feminina, após anos e anos de opressão pelo patriarcado. Fala-se de saúde mental menosprezada por desconhecimento, de sonhos gorados por medo, de saúde física exacerbada, de amor e menos amor (não gosto de usar ódio nas palavras), e de algo que nos flagela em pleno 2022, a violência doméstica predominante praticada a mulheres, que desde o início do ano de 2022, até 30 de setembro, registam-se 21 vítimas , 20 mulheres e 1 criança (dados retirados de https://www.cig.gov.pt/area-portal-da...). Esta obra é um HINO e GRITO de liberdade de duas mulheres enclausuradas na vida e pela vida que o destino uniu e que se tornou numa das mais bonitas histórias de amizade pura, com todos os seus enormes defeitos, com toda a sua falta de altruísmo e egoísmo, mas mesmo assim com o maior amor que podia existir entre ambas, a partilha do sonho da felicidade e liberdade física e mental. O Resto leiam por favor. Obrigado por este livro Valentina. Obrigado pelas lágrimas que verti a ler. Quando um livro nos faz chorar é porque é bom. Gostaria muito de um dia poder ter o meu livro autografado e conhecer a Valentina

Nesta obra, que transborda de uma honestidade desarmante, fiquei encantada com o enredo e, sobretudo, com a construção das personagens: humanas, a destacar o melhor e o pior que cada um de nós pode carregar dentro de si. Poderia ser um relato belo do quanto a amizade nos salva - e, em boa verdade, também o é -, mas é, acima de tudo, uma lição de vida. Porque, mesmo perante um elo de sororidade, compreendemos que nem sempre remamos numa direção comum; compreendemos que partilhamos amor, no entanto, talvez seja maior o que une a dor. Independentemente disso, é uma história sobre saber perdoar, sobre saber estar sem intenções mesquinhas. E, por isso, é um narrativa que emociona, que nos faz sentir cada pulsar na pele. Reconheço que houve passagens que me pareceram um pouco desconexas, porque talvez não fossem assim tão relevantes para a ação, mas não deixa de ser um livro maravilhoso.