Se Isto é Uma Mulher

Se isto é uma mulher, da jornalista Sarah Helm retrata aquilo que é pouco conhecido ou disponível para investigação sobre o campo de concentração de Ravensbruck. Um campo-prisão exclusivamente para mulheres. Nele foram encarceradas, ainda antes do inicio da Segunda Guerra Mundial não só judias, mas também prisioneiras politicas e membros da resistência, prisioneiras do exercito vermelho, associais (sem-abrigo, prostitutas e criminosas) testemunhas de jeová, toda uma multidão de mulheres que o regime considerava inferiores ou um peso para a sociedade. O numero exacto de mulheres que passaram por Ravensbruck não é claro mas estima-se rondas as 130.000 provenientes dos mais variados países. Metade deste numero suspeita-se ter morrido à fome, espancadas, executadas a tiro ou nas camaras de gás. Apesar do cenário horrendo, na realidade este livro torna-se um hino à força e coragem de muitas dessas mulheres. Mesmo no pior dos locais sendo obrigadas a trabalhar debaixo de neve, espancadas e com apenas uma parca refeição por dia, muitas resistiram e sobreviveram. Apoiaram-se, organizaram-se, ajudaram-se e protegeram-se dentro do que lhes era possível. Tem os seus momentos impressionáveis com a descrição de tantos e tantos horrores, chegando a incomodar o grau de violência. Mostrando não apenas o que se sofreu dentro dos campos mas também fora dos muros onde homens e mulheres foram recrutados para trabalho escravo em fabricas alemãs como o exemplo da Siemens e mais tarde, após a libertação do campo (um dos últimos) as violações constantes por parte dos "salvadores" do exercito vermelho. Ficou ainda à vista a incapacidade e permissão de algumas das mais respeitáveis entidades externas que pouco fizeram, mesmo com os relatos que conseguiam chegar do campo. Um livro duro e cru, que pode impressionar algumas pessoas, tal a facilidade da violência, mas ao mesmo tempo necessário para nos dar mais uma face da realidade vivida naqueles campos de horror.