Romance em Amesterdão

Amesterdão. Hã ? Amsterdão se você preferir. Qualquer que seja sua escolha, Holanda ou o Reino dos Países Baixos – mas o que é que isso nos interessa ? – estamos de vigília para mais uma « Renascensa » de alto nível ! Zé Pedro a ponderar como teria sido a sua vida, se tivesse ou se não tivesse…, afogando-se em papéis no seu cubículo, encurralado no meio da fumarada, a mastigar cigarros, um após o outro, Mariana, no outro lado da rua, sentada na esplanada da pastelaria, a rasgar os saquinhos de chá, procurando chegar a um consenso consigo própria : Vou, não vou ?, entro, não entro ?... « Merda ! », a soar de ambos os lados da rua. Mas, - todos leram a sinopse - antes de mais nada, e diga-se de passagem, é de sublinhar o empenho matizado e circunspecto demonstrado pelo Senhor Rebelo em fazer-nos rodopiar na pista da cozinha da Mariana, expectantes, e de nos abalar o equilíbrio pelas suas descrições hábeis, inverossímeis, enquanto seguindo a dona de casa a colocar os talheres de prata no lava-loiças, dedicar-se à roupa atirando as peças molhadas por cima da corda num só esticão, como se assistíssemos a um concerto ao vivo dos Rolling Stones na varanda fechada do apartamento ! Tão embelezador como inveracíssimo ! Vaivém amoroso, ziguezague de paixões sinuosas, obstinação e escrúpulos enfraquecidos pelo raiar da má consciência e, como é evidente, os dois pombinhos, em dado momento, a atirarem-se na confusão dos lençóis. Corações estilhaçados, mas não só, frustrações, rancores, raiva…A temperatura sobe, as harmónias e as ilusões desvanecem-se, deixando pairar no ar um desencadeamento de acontecimentos incontrolados. Chegou a hora de ajustar as contas e de saldar as dívidas. Um « open space » de paradeiro desconhecido que obrigará os amantes a precaverem-se contra os desvios dos seus devaneios amorosos. Se eu fosse a si, tinha cuidado nos próximos dias…

Quem já teve o privilégio de lá ir revisita a cidade nesta obra