Requiem

de Jorge Gomes Miranda

editor: Assírio & Alvim, dezembro de 2005
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"Gomes Miranda escolhe sempre imagens fortíssimas e muito sugestivas, imagens comuns mas que aparecem aqui transfiguradas pela morte ou que emprestam a essa mesma morte uma aura tenebrosa. É assim com as referências à natureza, uma natureza evidentemente funérea, em que dados de facto como o 'vento gélido' se tornam manifestações de uma ausência. É assim com o 'hangar vazio' que concentra vários sentidos e sensações. É assim com o quase indizível sofrimento da morte da mãe que encontra semelhanças com 'a canção das baleias', um som cavo, oceânico e tenebroso. Os poemas sobre a mãe são nesse contexto especialmente notáveis, porque vão encenando aquilo a que o poeta chama 'uma Pietà ao contrário' neste caso é a mãe (doente e depois morta) que repousa no colo do filho, literal e metaforicamente. Gomes Miranda traça da sua mãe um retrato imensamente gentil, e imensamente gentil se mostra no seu acompanhamento. Os poemas sobre o pai optam por um tom mais comedido, com episódios de companheirismo e pequenos rituais, aprendizagens que às vezes circulam entre um e outro, como quando o filho ensina xadrez ao pai que depois lhe ganha os jogos todos. Entre instantâneos e queixumes lancinantes, o que surge nestes poemas excepcionais é a simplicidade assustadora do facto mais comum do mundo: a morte. E ao mesmo tempo os poemas (mais que o poeta) compreendem a complexidade e o fracasso metafísica que essa experiência significa: 'Cansados de gritos e de luz inclemente, / os olhos encontram repouso na contemplação / do vosso destino / esfumando-se ao fim da tarde, / ó nuvens, que me acompanhais no regresso / a uma casa moribunda. // Nos silenciosos acordes da vossa tenebrosa / espuma espelha-se este céu desalentado / e o nosso maternal rosto. // Pudesse o futuro encontrar nos vossos braços / repouso, não tardaria a noite, / amparo e vigília, / a purificar o corpo que sangra, / devolvendo à vida o que a vida / cobardemente nos vai retirando'(pág. 22)".
Pedro Mexia, Diário de Notícias


Uma sombra no caminho

Ergui os olhos,
o seu corpo
imitava a leveza de uma folha a cair.

Ninguém diria que os anjos
voavam tão baixo.

(p. 75)

Requiem

de Jorge Gomes Miranda

Propriedade Descrição
ISBN: 978-972-37-1015-1
Editor: Assírio & Alvim
Data de Lançamento: dezembro de 2005
Idioma: Português
Dimensões: 146 x 207 x 7 mm
Encadernação: Capa mole
Páginas: 96
Tipo de produto: Livro
Coleção: Poesia Inédita Portuguesa
Classificação temática: Livros em Português > Literatura > Poesia
EAN: 9789723710151
Idade Mínima Recomendada: Não aplicável
Jorge Gomes Miranda

Jorge Gomes Miranda nasceu em 1965, no Porto, cidade onde vive e trabalha. Ex-crítico literário do jornal Público. É autor dos seguintes livros de poesia: O Que Nos Protege (Pedra Formosa, 1995); Portadas Abertas (Presença, 1999); Curtas-Metragens (Relógio D’Água, 2002); A Hora Perdida (Campo das Letras, 2003); Postos de Escuta (Presença, 2003); Este Mundo, Sem Abrigo (Relógio D’Água, 2003); O Caçador de Tempestades (& etc, 2004); Pontos Luminosos (Averno, 2004); Requiem (Assírio & Alvim, 2005); Falésias (Teatro de Vila Real, 2006); O Acidente (Assírio & Alvim, 2007); Velhos (Teatro de Vila Real, 2008); Resgate (Fundação Serralves, 2008); El Accidente (Quálea Editorial, 2009); Nova Identidade (Tinta da China, 2021); La Herencia (Libros del aire, 2022); A Última Pedra (Assírio & Alvim, 2022). Organizou ainda antologias literárias e escreveu uma novela: O Transplante (Porto 2001, 2002).

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