O Triunfo do Ocidente Livro
A verdadeira história de uma vitória fundada na razão, ciência e liberdade
de Rodney Stark; Tradução: Rui Santana Brito
Sobre
o LivroPlano Nacional de Leitura
Livro recomendado para apoio a projetos relacionados com a História Universal no Ensino Secundário.
E se o triunfo do Ocidente, afinal, se devesse à força das ideias, à força do conhecimento?
Esta é uma história que muitos querem silenciar. Do legado grego aos Descobrimentos portugueses, da demanda do conhecimento e da invenção da universidade à importância do cristianismo e ao desenvolvimento do capitalismo, da indústria e da ciência, este livro mostra como a civilização ocidental criou a modernidade e como a modernidade ocidental continua a ser, hoje, a melhor alternativa civilizacional de que o mundo dispõe.
A queda de Roma foi o evento singular mais benéfico na ascensão da civilização ocidental;
Nunca houve nenhuma «Idade das Trevas»;
As Cruzadas nada tiveram que ver com saque, ganância ou ataque não provocado ao mundo islâmico;
Não houve nenhuma «revolução científica» no século XVII, houve ape¬nas o culminar de um progresso científico iniciado no século XII;
A cultura grega não foi roubada ao Egipto;
Os Descobrimentos europeus não foram copiados dos chineses ou dos árabes;
A riqueza da Europa não resultou da pilhagem ao mundo não ocidental, pelo contrário as colónias sugaram o dinheiro da Europa;
A ascensão do Ocidente não se deve a razões climatéricas favoráveis, a recursos naturais, armas, ferro ou carvão.
Os portugueses têm uma razão suplementar para ler este livro que realça o papel dos Descobrimentos na História da humanidade.
O autor – um ex-militar com formação em sociologia e que dá aulas na Universidade de Washington – qualifica-se como um “cristão independente” e tem umas teorias pouco ortodoxas para os padrões académicos (torce o nariz à teoria da evolução, por exemplo, demonstrando uma profunda ignorância ultracrepidária). Combater os dogmas atuais do discurso “politicamente correto” (bem como a diabolização generalizada da civilização ocidental) parece-me uma causa nobre. Mas este livro peca precisamente pelo oposto: um facciosismo ocidental e/ou judaico-cristão (cristão, acima de tudo). O livro – sucinto, básico e quase propagandístico – carece de análises profundas (a nível económico, social e científico) – como aquela com que nos deparamos em "O Domínio do Ocidente", de Ian Morris. Às vezes, o autor menciona certos autores e deixa a impressão de que conhece os seus livros (vagamente) mas nem sequer os leu! A forma como rebaixa "Armas, Germes e Aço" de Jared Diamond na introdução, por exemplo, é reveladora. Não deixa de ser uma leitura razoavelmente charmosa, nem que seja só pela prosa e pelas questões a que chama a atenção. Mas aconselho vivamente o/a leitor(a) a refletir ponderadamente sobre o conteúdo e o contexto das teses...
Tendo já entrado em contacto com os trabalhos de antropólogos, arqueólogos e historiadores como Jared Diamond (Armas, Germes e Aço), Ian Morris (O Domínio do Ocidente) e David S. Landes (A Riqueza e a Pobreza das Nações), este livro pareceu-me um tanto pretensioso e desvirtuado pelo cristianismo ferrenho, generalizações bacocas e falta de objetividade do autor. Não que esteja errado em tudo o que diz (e, de facto, chama a atenção para tópicos importantes) mas Stark narra a história da Humanidade como se de um saga de fantasia tolkiana se tratasse – uma batalha quase apocalíptica entre o Bem (o Ocidente judaico-cristão, com algumas concessões para com os gregos antigos e os “bárbaros” nórdicos) e o Mal (todas as outras civilizações e religiões). Evita também mencionar o Japão e a Coreia do Sul – nações não ocidentais que conseguiram adotar o modelo económico e o progressivismo ocidental sem ter de abandonar por completo a sua cultura e a sua religião. Sinto-me desiludido...
Com factos, números e nomes em abundância, ancorado numa formatação simples mas concisa, o autor refuta as grandes "verdades" que uma certa modernidade impôs sobre as ideias e as façanhas do intitulado Ocidente.